O seu navegador está desatualizado!

Atualize o seu navegador para ter uma melhor experiência e visualização deste site. Atualize o seu navegador agora

×

Surpreendendo até mesmo o mercado, que em parte trabalhava com corte de 0,25 ponto percentual, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em meio ponto, para 12% ao ano. A decisão não foi unânime, com cinco votos a favor, contra dois pela estabilidade. O que surpreendeu também foi um comunicado bastante longo.

Os economistas vinham crentes na estabilidade da taxa básica. Já as apostas no mercado futuro de juros indicavam alguma probabilidade de corte na reunião de ontem, porém, a redução esperada era de 0,25 ponto e não de meio pontos percentual.

Com isso, se espera um dia movimentado no mercado de juros futuros. Os prêmios acumulados nos vencimentos curtos, ontem, certamente serão devolvidos no pregão desta quinta-feira.

Mas essa guinada na política monetária pode resultar em um movimento de alta nos contratos mais longos, pois essa virada de mão do Banco Central (BC) certamente será interpretada de forma negativa por boa parte do mercado.

Há alguns ritos que envolvem a condução da política monetária. Entre eles está o de sinalizar o que se pretende fazer. Claro que esse tipo de liturgia é dispensado em momentos extremos e há de se concordar que esse não é o caso.

A previsibilidade da política monetária é um dos sinais de evolução da política econômica e das relações da autoridade monetária com o mercado.

Como disse um estrategista, esse corte de juros é como “rasgar a meta de inflação e decretar o fim da autonomia do BC”.

Esse questionamento da autonomia entra em cena e ganha respaldo na recente campanha do governo pelo corte de juros, com ministros e secretários mudando o discurso sobre a condução da política fiscal e sinalizando abertamente que isso abriria espaço para corte do juro básico.

Para esse mesmo especialista, por mais que o governo tenha mudado o discurso e a situação externa continue desafiadora, o comprometimento com a inflação não permitiria uma reversão do aperto monetário, que aconteceu até o mês passado.

Para um economista, o BC não tem mais meta de inflação, a autoridade monetária persegue, agora, uma meta de crescimento, que não pode ser inferior a 4%.

“Com isso, os 4,5% de IPCA não são mais o centro, mas sim o piso da inflação”, diz.

Segundo o economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano, o BC tenta justificar essa decisão apontando para a cena externa e a melhora no balanço de riscos para a inflação.

No entanto, diz o especialista, ainda é cedo para contar com isso. Essa perspectiva de melhora de inflação não tem força suficiente para justificar juros para baixo.

O problema todo é que a inflação está fundamentada em distorções domésticas, e não em ventos externos.

Sinal claro disso é a resistência à queda dos preços dos serviços. E o que alimenta esse tipo de inflação é um mercado de trabalho robusto.

Com essa surpresa vinda do Copom, Serrano espera um pregão de grande volatilidade no mercado de juros futuros e uma piora sistemática nas expectativas de inflação.

Com essa decisão, o BC terá de lidar, também, com uma enxurrada de “acusações” de que alguma tipo de informação vazou, ou em termo de mercado, tinha “insider” no Copom.

Ontem mesmo um grande banco, que agora é visto como “o banco amigo do governo”, ampliou suas apostas em corte imediato dos juros, o que deixou alguns operadores experientes “com a pulga atrás da orelha”.

“Estou vendo que a cama está armada e que essa taxa vai cair”, dizia um trader de juros no começo da tarde de ontem.

Essa reviravolta que o mercado observou ao longo de agosto, com as taxas futuras saindo de necessidade de novas altas para corte imediato de juros, aumentou os volumes negociados e chamou investidores pouco usuais nesse mercado.

Chama a atenção a presença da pessoa física nesse mercado onde um contrato tem valor de R$ 100 mil. Em DIs, as pessoas físicas fecharam a terça-feira com estoque líquido vendido em taxa de 5.315 contratos. Na abertura do mês essa posição era de 875 contratos.

Mas o que chama atenção, mesmo, é a movimentação das pessoas físicas nas opções de juros (IDI). O número de opções tanto de compra como de venda quase dobrou ao longo do mês. No caso da “aposta” de corte de juros, o estoque líquido subiu de 6.100 contratos para 15,6 mil contratos. Esses agentes acertaram a mão.

Eduardo Campos é repórter

Outras notícias

Bancos Centrais tentam evitar colapso na liquidez

Leia mais

Demanda das empresas por crédito recua 3,7% em setembro, aponta Serasa

Leia mais

Crédito no Brasil vai se expandir para 60% do PIB até 2015

Leia mais