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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tinha dois problemas diante de si na semana passada, quando se reuniu para decidir a nova meta da taxa Selic. Um era a inflação alta, disseminada e resistente, que ficou em 6,49% no período de 12 meses encerrado em abril, no limite do intervalo tolerado pelo regime de metas de inflação. O outro era o fraco crescimento da economia, confirmado pelos números do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, que registraram expansão de apenas 0,6%.
 
Em situações normais, os banqueiros centrais se deparam com um problema de cada vez, inflação alta ou baixo crescimento. Subir os juros combate a inflação, mas, de outro lado, provoca desaceleração da economia, que geralmente está aquecida demais. Baixá-los ajuda a estimular a economia, mas acelera a inflação, que, nessas ocasiões, costuma estar mais baixa.
 
O diagnóstico de muitos economistas é de que, hoje, o Brasil atravessa um período de estagflação, o pior dos mundos. É uma situação muito particular, na qual a deterioração das expectativas leva tanto à alta da inflação quanto ao baixo crescimento da economia. Nesse caso, é preciso fazer uma escolha – e o bom senso recomenda que, primeiro, seja combatida a inflação alta para, em seguida, lidar com o fraco crescimento.
 
Essa parece ter sido a decisão da autoridade monetária na reunião do Copom, com a aceleração do ritmo de aperto na política monetária. A alta de juros, desta vez, foi de 0,5 ponto percentual, acima do incremento de 0,25 ponto percentual decidido na reunião anterior, de abril.
 
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse em entrevistas concedidas depois da reunião que a estratégia não significa, necessariamente, deixar de lado a preocupação com o crescimento. O Banco Central, segundo ele, trabalha com a premissa de que a queda da inflação irá contribuir para restabelecer a confiança dos consumidores e garantir a preservação da renda real dos trabalhadores.
 
Com isso, o consumo das famílias poderia voltar a crescer, num ritmo mais moderado do que o observado no governo Lula. Os investimentos, que foram relativamente bons no primeiro trimestre, ganhariam um novo impulso com a garantia de um ambiente macroeconômico estável e previsível.
 
A linha de argumentação do Banco Central representa, no essencial, uma promessa de um ajuste que minimiza sacrifícios. Combater a inflação com a alta firme de juros seria bom para a confiança e, portanto, poderia atuar para suavizar a perda de atividade que será provocada pelo próprio aperto monetário. Para que se acredite nesse desfecho, é preciso ter uma certa fé que os agentes econômicos são movidos por expectativas racionais.
 
O Banco Central, até aqui, parece estar disposto a fazer a sua parte para reconquistar a sua credibilidade. A decisão foi unânime e o comunicado divulgado após o encontro foi firme e direto, sem a ambiguidade que caracterizou a nota da reunião de abril, que foi interpretada pelo mercado como um relaxamento monetário. Falta, deve-se reconhecer, definir o horizonte em que se pretende cumprir a meta de 4,5%.
 
Uma questão relevante é se conseguirá, com o uso apenas do instrumento de política monetária, ganhar a batalha. A política fiscal é expansionista. Num modelo que o Ministério da Fazenda chama de anticíclico, os agentes econômicos não podem desprezar o risco de novos estímulos, embora negados pelas autoridades. A política creditícia, com uso de bancos públicos, também tem sido um instrumento auxiliar do governo na sua tentativa fazer a economia crescer a taxas mais robustas. Parece adequado promover um aperto também nessas duas frentes.
 
O custo de combate à inflação tende a ser menor, apenas, caso se confirme a tese de que a aceleração de preços decorre sobretudo de choques de oferta, como alta de preços de “commodities” e a desvalorização na taxa de câmbio, que se propagaram pela economia num quadro de deterioração das expectativas. Nesse cenário, a economia poderá voltar a crescer sem sustos. Muitos economistas, porém, vêm levantando a hipótese de que a economia encontrou seus limites do lado da oferta, como no mercado de trabalho e na infraestrutura. Para lidar com eles, é urgente que o governo tome medidas para ampliar investimentos e a produtividade.
 
Fonte: Valor Econômico – 03.06.13

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