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Em um ano na presidência do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi vem reiteradamente alertando para as condições de crédito na zona do euro, motivo pelo qual não só levou a cabo reduções na taxa de juros (“repo rate”) para 0,75% como também da taxa de depósito, para zero.
 
No mais, injetou € 1 trilhão nas operações de LTRO (de refinanciamento de longo prazo) e anunciou em setembro o programa de compra de ativos OMT (“Outright Monetary Transactions”), dando a possibilidade de os países membros terem seus títulos soberanos comprados no secundário pelo ESM (Mecanismo Europeu de Estabilidade) sob condicionalidades. Este último ainda não estreou porque não houve demanda oficial dos países na alça de mira do mercado e que não estão na tutela da troica, como Espanha e Itália.
 
Apesar da oferta de dinheiro a custos tão baixos, o crédito continua com taxas de crescimento negativas, o que está na base das reclamações de Draghi de que os mecanismos de transmissão monetária estão, na verdade, obstruídos.
 
A julgar pela última pesquisa do BCE sobre empréstimos bancários (“Banking Lending Survey”, relativa ao terceiro trimestre), isso é verdade. A oferta de crédito está mais restrita e a demanda, mais tímida. Houve aumento líquido do número de bancos que reportaram restrições de oferta de crédito a empresas não financeiras (15%) e ao consumidor (3%). O mesmo ocorreu com os empréstimos hipotecários (12%). Os bancos também mostraram maior queda líquida na demanda de empresas não financeiras (28%), crédito ao consumo (22%) e imobiliário (25%).
 
A questão é: o que mais o BCE pode fazer para “rodar a roda”?
 
Para as 12 casas consultadas pelo Valor Data, nada será anunciado hoje na reunião do BCE. Bank of America Merrill Lynch, Bank of Ireland, BNP Paribas, Citi, Deutsche Bank, Goldman Sachs, HSBC, J.P. Morgan, Jefferies, Morgan Stanley, Nomura e UBS acreditam que o BCE não alterará a taxa básica de juros da zona do euro. A maioria deles também acredita que não haverá detalhamento do programa OMT.
 
Há razões para não se esperar ações agora: as novas projeções para a economia da região só serão divulgadas na reunião de dezembro e, se não houve ativação do OMT, não há razões para o detalhamento do programa.
 
As últimas projeções do BCE mostraram elevação da inflação média de 1,6% para 1,9% em 2013 e PIB médio com crescimento de 0,5% – de 1% em junho. Em dezembro, veremos o que mudou na percepção do banco central, inclusive seu primeiro olhar para 2014. Do lado da inflação, é bom lembrar que boa parte da alta neste ano decorreu de aumento de impostos e preços administrados. Sendo assim, não é razoável imaginar que esses efeitos impediriam o BCE de continuar a afrouxar a política monetária se necessário, ainda mais em um contexto de crescimento pífio.
 
Nesse sentido, três das casas consultadas aventam a possibilidade de uma redução na taxa de juros a partir de dezembro. Para o Citi, se o BCE sinalizar no comunicado desta semana que os riscos para baixo em suas projeções podem se materializar, estará deixando a porta aberta para um corte no mês que vem. O banco acredita, contudo, que ainda que o juro seja reduzido, a taxa de depósitos provavelmente será mantida em zero, o que estreitaria o corredor entre elas de 75 para 50 pontos-base. Essa opinião é compartilhada pelo J.P. Morgan, que julga improvável uma taxa de depósitos negativa no curto prazo.
 
A equipe de pesquisa econômica do Morgan Stanley, por outro lado, acredita que em dezembro o BCE cortará em 25 pontos-base tanto os juros quanto a taxa de depósitos, mantendo a distância entre elas em 75 pontos – caso contrário, o impacto do afrouxamento monetário será reduzido.
 
O Deutsche Bank defende que a necessidade do corte é evidente diante das condições da economia, mas demorará para ser reconhecida pelo BCE, tanto que novas ações viriam apenas no fim do terceiro trimestre de 2013.
 
Dada a escassez de novidades no comunicado, é provável que Draghi seja novamente pressionado na sessão de perguntas e respostas da conferência de imprensa sobre o (não) pedido de resgate da Espanha, a situação da Grécia e as condicionalidades do OMT. O presidente do BCE, contudo, deve continuar a se esquivar das perguntas relacionadas à Espanha e, segundo o Nomura, deverá repetir as respostas conferidas na última reunião: que o OMT está pronto para ser ativado e que um resgate depende apenas da decisão dos governos. De novo: o BCE não pode fazer pelos países o que eles mesmos não fazem.
 
Em tempo: O Banco da Inglaterra (BoE) deve ficar quieto nesta reunião, segundo a pesquisa Valor Data. O programa de compras de ativos, de 375 bilhões de libras, acaba neste mês, e 11 das 12 casas consultadas não contam com sua extensão. O Goldman Sachs é o único a acreditar que o BoE anunciará uma expansão de 25 bilhões de libras esta semana, por haver necessidade de mais estímulos.
 
Fonte: Valor Econômico/ Roberta Costa/ Aline Oyamada – 08/11/2012

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