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A taxa básica de juros brasileira voltou a ser de um dígito. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central promoveu, ontem, um corte de 0,75 ponto percentual na Selic, para 9,75% ao ano. Não houve consenso a respeito do corte e o placar foi dividido.

Essa foi a quinta redução seguida desde a reunião de 31 de agosto, quando a necessidade de proteger a economia doméstica dos efeitos da crise mundial deflagrou um novo ciclo de afrouxamento monetário no Brasil.
Desde que o regime de metas para a inflação foi instituído no país, em 1999, o Brasil só teve juro inferior a 10% ao ano entre 11 de junho de 2009 e 9 de junho de 2010. A taxa chegou a cair a 8,75% ao ano, numa reação do BC aos efeitos da crise externa naquele momento.

O ritmo do atual ciclo de relaxamento monetário foi acelerado, já que os quatro cortes anteriores foram de 0,50 ponto. O BC foi mais ousado do que esperava a maioria dos analistas, mas no mercado futuro de juros, os investidores já tinham colocado no preço uma dose dessa magnitude.

Na ata da reunião de janeiro, o Copom já tinha sinalizado que pretendia derrubar a Selic a menos de 10% ao ano ao apontar “elevada probabilidade” de concretização de um “cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito”.

Em brevíssimo comunicado sobre a decisão, o BC disse: “Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,75% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,5 ponto percentual.”

A mudança do ritmo de corte da Selic indica que o BC vê piora significativa do cenário, observa o economista da Gradual Investimentos, André Perfeito. Ele acredita que a percepção de piora não foi em relação ao cenário externo, mas sim com os indicadores da economia nacional, em especial da indústria. “O BC pode estar vendo uma deterioração muito forte do cenário doméstico. Os dados da produção industrial vieram muito ruins.”

O economista vê risco, no entanto, de que o efeito desse novo nível dos juros na demanda agregada da economia dificulte a convergência da inflação para a meta, de 4,5% ao ano, em 2012 e 2013. Ele lembra que já houve uma elevação da mediana das projeções de variação do IPCA para os próximos 12 meses.

O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, diz que a opção do BC por uma queda mais pronunciada da Selic “encontra respaldo do ponto de vista da atividade econômica no primeiro trimestre”.

Barros lembra que as pesquisas de expectativas de três bancos privados e da FGV mostravam sinais bem menos intensos de queda da produção industrial para janeiro. Os indicadores de confiança da indústria, de queda de estoques e de retomada de pedidos em carteira em janeiro deixaram o mercado surpreso e possivelmente o BC também.

Segundo ele, o Bradesco já contava com uma queda de 0,3 na Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de janeiro, em função de problemas localizados na área de caminhões e na extratividade mineral. Barros prevê que “o consumo das famílias deve crescer ao ritmo chinês no primeiro trimestre, a uma taxa anualizada de 8%”. No entanto, a preocupação do governo com o crescimento supera os temores com a inflação nesse momento.

O economista acha que essa visão é legítima porque o mundo não anda bem. E pondera que a aceleração do passo ocorre quando as expectativas de inflação de 2013 se deterioram. “Isso pode ter um custo, caso o mercado veja aí uma senha para uma meta implícita e inconfessável de inflação entre 5% e 5,5%”, alerta.

Fonte: Valor Econômico/ Mônica Izaguirre – 08/03/2012

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