Margens menores nas operações de crédito, custos ainda altos com calotes, concorrência mais agressiva dos bancos públicos e crescimento fraco da economia continuaram empurrando os bancos privados brasileiros para a busca de alternativas de receitas e corte de despesas no primeiro trimestre.
A queda nas receitas com crédito de Bradesco, Itaú e Santander foi de 6,6% em média, entre o primeiro trimestre deste ano e o do ano passado, segundo estudo da Austin Rating. Isso, apesar das carteiras terem aumentado 7,9% no período; e de as provisões para devedores duvidosos terem caído 4,4%.
A tendência de ganhar menos com empréstimos deve continuar, assim como a redução da rentabilidade. E o lucro líquido dessas grandes instituições privadas tende a ficar estável ao longo do ano, diz o presidente da Austin, Erivelto Rodrigues.
As receitas de crédito (incluindo aí operações de leasing) dos três bancos privados somou R$ 34,7 bilhões, ante R$ 37,2 bilhões no primeiro trimestre de 2012; a média da rentabilidade sobre o patrimônio líquido caiu de 18,9% para 16,8%; e o lucro líquido dos três, somados, recuou 1%, para R$ 7 bilhões. Mesmo sem considerar o Santander, que registrou queda acentuada de 28,9% no lucro em 12 meses, o crescimento teria sido tímido, de apenas 2,8%.
“A compressão das margens vai continuar”, admitiu o diretor corporativo de controladoria e relações com investidores do Itaú, Rogério Calderón, em teleconferência sobre os resultados do banco no primeiro trimestre. O Itaú foi um dos que mais amargaram aumento da inadimplência, do final de 2011 a meados do ano passado, e desde então está abandonando linhas com risco maior (e juros idem) e voltando o foco para crédito imobiliário e consignado, que apresentaram crescimento de 31,3% e 48,1%, respectivamente. As receitas com crédito no Itaú caíram 11%, ou o equivalente a R$ 1,7 bilhão (deste total, mais da metade veio da queda da taxa de juros básica, a Selic, e da mudança do mix de produtos para modalidades com juros menores).
Para compensar essa queda, o Itaú tem buscado aumentar receita com serviços, como também fazem Bradesco e Santander — na média, essas receitas cresceram 11,5% nos três maiores bancos privados, somando R$ 12,8 bilhões. O Itaú também tem investido cada vez mais na expansão do crédito nos países vizinhos (leia mais sobre o resultado e estratégias do Itaú na matéria ao lado).
Juros em queda também afetaram as receitas com tesouraria dos três bancos, que recuaram 15,2%, para R$ 14,4 bilhões. E a eficiência também sofre. “A exceção é o Bradesco”, diz Rodrigues. O banco tem conseguido melhorar o índice nos últimos três trimestres, diz.
Fonte: Brasil Econômico / Léa De Luca – 02.05.13