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A Ásia é cada vez mais fustigada pelos ventos que sopram da crise europeia. Ganhos nas bolsas da região foram praticamente zerados, empresas dali estão penando para conseguir crédito e o crescimento tanto na Índia como na China perde fôlego.

Em mercados emergentes da região, até bem pouco só se falava em controlar a inflação. Agora, cresce a pressão para que certos países estimulem sua economia – pois investidores, bancos e empresas estão caminhando no sentido oposto, cortando o crédito e novos projetos devido ao receio de que a crise na Europa piore de vez.

Na Índia, o PIB cresceu ao menor ritmo dos últimos nove anos: 5,3% no primeiro trimestre, na comparação com o ano anterior. É bem abaixo das expectativas. Embora os problemas da Índia sejam basicamente de sua própria autoria, a desaceleração é outro espasmo na larga história de crescimento da Ásia.
Madan Sabnavis, economista-chefe da agência de classificação de risco Care Ratings, de Mumbai, disse que a divulgação dos dados pela Índia deixou “uma sensação de desânimo. Muita coisa agora depende de fatores externos, e os desdobramentos da crise do euro não trazem conforto”.

A crise europeia vem açoitando a Ásia desde o final do ano passado, quando bancos europeus fecharam os cofres, provocando um aperto no crédito. De lá para cá, a situação só piorou. Agora, economias asiáticas estão sendo atingidas em várias frentes: comércio internacional fraco, mercados voláteis, clima de investimento cauteloso.

Ontem em Tóquio, James Bullard, um alto dirigente do banco central americano (o Fed) em St. Louis, disse: “Se houver um colapso financeiro expressivo na Europa, isso afetaria a economia mundial, não só a economia americana. Creio que o impacto seria considerável na Ásia”.
Grandes quedas registradas nas bolsas aumentaram o nervosismo de investidores e empresas, que se preparam cada vez mais para uma forte crise. A discussão generalizada de pacotes de estímulo em importantes economias, sobretudo na China, é acompanhada do receio de que tal estímulo seja ineficaz diante de uma crise de escala mundial.

Agora que mercados financeiros da Ásia praticamente anularam os grandes ganhos registrados no começo do ano, ficou mais difícil para empresas conseguir crédito ou captar recursos no mercado. Na quinta-feira, a Graff Diamonds cancelou uma alardeada oferta inicial de ações de US$ 1 bilhão em Hong Kong. Com isso, o total de aberturas de capital canceladas na Ásia (tirando o Japão) este ano chega a 46 – o equivalente a US$ 7,7 bilhões, segundo dados da Thomson Reuters.

O valor consolidado de aberturas de capital na Ásia caiu 68% este ano. Enquanto isso, o crédito a empresas segue travado em bancos europeus, responsáveis por 36% do financiamento do comércio exterior da região, que continua a recuar.

Empréstimos bancários são uma modalidade crucial de financiamento para empresas de pequeno e médio porte. “No momento, vivemos uma situação na qual a falta de crédito abala o crescimento econômico e a geração de emprego. E pode piorar”, disse Steven Beck, chefe de financiamento ao comércio exterior do Banco Asiático de Desenvolvimento.

A procura por linhas de crédito ao comércio exterior do BAD, que trabalha com garantias e empréstimos em 16 mercados asiáticos para cobrir riscos que outros bancos não querem assumir, já subiu mais de 50% este ano em relação a 2011.

Isso abriu mais espaço para outras instituições. É o caso da Capital Business Credit, que oferece financiamento para empresas americanas que fazem negócios com firmas chinesas, e viu o movimento crescer com o cenário de crédito mais apertado.

Alan Lai, dono da Shiny Garment, fabricante de roupas de bebê em Dongguan, no sul da China, já se prepara para o agravamento da crise na Europa.

Embora os problemas europeus ainda não afetem seu negócio, Lai disse que está tentando vender mais na China – para se proteger de uma eventual queda nas exportações para países ricos. “Estou preocupado com a crise”, diz Lai. “Quero ter alguma garantia, alguma proteção”.

O efeito dos problemas da Europa são sentidos em muitas das atividades econômicas mais importantes da Ásia, como transporte, tecnologia, mineração. “Estamos todos muito preocupados com a situação europeia […]. Os números de crescimento da Índia tampouco são bons”, disse ontem Klaus Munk Andersen, vice-presidente sênior e diretor de operações na Ásia da Ultrabulk Singapore, subsidiária da Ultrabulk Shipping A/S, de Copenhague.

O golpe em empresas de transporte a granel é triplo: arrocho do crédito para operações comerciais, queda do comércio em si e uma frota crescente de embarcações, o que está derrubando tarifas cobradas no transporte.

Em Taiwan, fabricantes locais de aparelhos eletrônicos – de notebooks a smartphones – já estão sentindo uma queda no volume de pedidos de clientes como Dell, Lenovo e Noki a, devido ao aperto de cintos em países ricos. Pequenos exportadores estão sofrendo com a escassez de crédito, o que fez o governo declarar na semana passada que vai injetar mais dinheiro num fundo patrocinado pelo Estado para que exportadores consigam financiamento mais barato do que em bancos.

O nervosismo sobre o impacto da crise europeia sacudiu mercados financeiros da Ásia na quinta-feira, fechando um mês desanimador para o investidor. O índice Hang Seng, de Hong Kong, fechou maio com queda de 11,7%, o pior mês desde setembro de 2011 – e o pior maio desde 1998.

No Japão, o índice Nikkei caiu 1,1%, fechando maio com queda de 10,3%.
Na região, um grande motivo de preocupação é saber até que ponto a economia chinesa desaceleraria e que força teria o esperado plano de estímulo do país.

As autoridades chinesas citaram a crise na Europa como uma das razões para a queda do investimento estrangeiro direto na China. As exportações também cresceram menos.

O agravamento da crise na Europa poderia aumentar a pressão para que a China adote medidas de estímulo mais agressivas. Por ora, no entanto, Pequim parece relutante em entrar em cena. O país ainda lida com a dívida no sistema bancário e com um excesso de capacidade – ambos resultantes dos gastos desregrados feitos para conter o impacto da crise financeira de 2008.

Fonte: Valor Econômico/ The Wall Street Journal/ Kathy Chu/ Surabhi Sahu/ Yuka Hayashi – 01/06/2012

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