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A mudança na regra de remuneração da caderneta de poupança, que passará a ser indexada a 70% da taxa Selic quando essa cair para o nível de 8,5% ao ano ou abaixo disso, alivia marginalmente a situação dos fundos de investimento que cobram altas taxas de administração. Uma simulação que leva em conta a nova fórmula da poupança mostra que cerca de 40% dos fundos DI e de renda fixa distribuídos no varejo vão continuar perdendo da poupança. Com o juro de hoje – 9% ao ano -, praticamente metade dessas carteiras rendem menos do que a caderneta.

Pelo levantamento, realizado pelo economista Marcelo d‘Agosto, do blog O Consultor Financeiro do portal Valor, foi considerada a alíquota de 20% de imposto de renda para os fundos (adotada para aplicações com prazo de um ano). À primeira vista, afirma o executivo responsável por uma das maiores gestores do país que pediu para não ser identificado, a medida adotada pelo governo, que tem como principal objetivo deixar o caminho livre para derrubar os juros, tem caráter preventivo, ao buscar evitar uma fuga de recursos dos fundos de investimento de tal forma que comprometesse a gestão da dívida pública.

Hoje, boa parte dos vencimentos de títulos públicos são rolados via Letras Financeiras do Tesouro (LFT), papéis indexados à Selic que estão nas carteiras dos fundos de curto prazo, DIs e de renda fixa. Embora não altere a situação geral do setor de fundos, com a mudança, o governo preserva a atratividade de um número menor de fundos mas que carregam uma fatia relevante do patrimônio, cerca de 80% dos recursos em DIs e renda fixa. São as carteiras mais baratas, com taxas de administração de até 1%, conforme mostra simulação do Valor Data.

Fundos com taxas de administração ao redor de 1,5% vão perder da “nova” poupança em qualquer prazo de aplicação se a Selic cair a 8,5% ao ano. Contudo, acredita o executivo, boa parte desses investidores estão de olho nos serviços que essas carteiras oferecem, como o de aplicação e resgate automático. Da mesma maneira, acredita, quem está na poupança não tende a se movimentar em função da mudança. “O investidor da caderneta e de fundos tem perfis distintos; o primeiro busca a segurança e a simplicidade”, diz.

Para esse executivo, a medida equilibra as aplicações e preserva dois instrumentos importantes para o governo, a poupança, que serve de fonte de recursos para o crédito imobiliário, e os fundos, que ajudam a financiar a dívida pública. “O governo não quer induzir um ou outro investimento, mas preservar duas frentes importantes de gestão pública”, diz.

Para essa fonte, ao mexer na remuneração da poupança, o governo está apenas adequando o retorno ao risco da aplicação.

Ele lembra ainda que a queda estrutural de juros – já começam a surgir no mercado projeções de Selic a 7% -, vai precipitar uma revisão geral no universo dos investimentos. Mesmo no caso de fundos mais atrativos, os custos cobrados deverão ser revistos, com a busca de maior eficiência pelos bancos e gestores de fundos.

Após a ofensiva do governo na campanha para reduzir spreads na concessão de crédito, o próximo passo é forçar uma queda das taxas de administração. A C aixa Econômica Federal já anunciou corte de taxa e fundos com aplicação mínima de R$ 10,00. Também o Bradesco e o Banco do Brasil, ao anunciarem os resultados, sinalizaram que têm medidas de redução de taxa de administração para sair do forno.

Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, os fundos indexados vão perder atratividade, independentemente da poupança, uma vez que o juro deve cair para abaixo de 8%. Além de o cenário macroeconômico, com inflação corrente comportada e atividade fraca, permitir a queda da Selic, o governo Dilma não iria comprar uma briga política de mexer na poupança para derrubar em mais 1 ponto a Selic, afirma Rosa. E isso, segundo ele, deve provocar uma mudança na indústria de fundos, fazendo com que boa parte dos recursos que estão hoje em DIs migrem para investimentos de maior risco, como multimercados, fundos de crédito privado e ações.

Importante lembrar que não são apenas os fundos que sofrem impacto com a mudança no cálculo de remuneração da caderneta. Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) também ganham um competidor importante. Simulação feita pelo Valor Data mostrou que, num mundo de juros básicos de 8,5%, CDBs que ofereçam remuneração menor do que 85% do CDI já ficam menos atrativos do que a poupança, se considerado o rendimento líquido de imposto de renda, em todos os prazos. Se a remuneração for 90% do CDI, só seriam atrativos os CDBs com prazos superiores a seis meses.

Fonte: Valor Econômico/ Alessandra Bellotto – 04/05/2012

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