A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) fechou o mês de abril com variação de 0,76%, em desaceleração frente a alta de 0,86% verificada em março. Nos quatro meses do ano, o IPC acumulou alta de 3,64%. Entre os itens que compõem o índice, o grupo alimentação foi o único a apresentar desaceleração, caindo de 2% para 1,7% entre março e abril. Relatório do Bradesco aponta que o número, ainda forte para um resultado mensal, já dá “sinais de descompressão”. Dos 21 gêneros alimentícios componentes, 11 apresentaram recuos em suas taxas, com destaque para hortaliças e legumes (7,19% para 5,20%), adoçantes (0,80% para -0,61%) e laticínios (4,92% para 4,63%).
Em contrapartida, apresentaram acréscimos em suas taxa de variação os grupos transportes (-0,29% para -0,10%), saúde e cuidados pessoais (0,61% para 0,79%), habitação (0,26% para 0,34%), vestuário (0,93% para 1,20%), despesas diversas (0,02% para 0,07%) e educação, leitura e recreação (0,18% para 0,22%).
Os destaques partiram dos itens automóvel novo (1,50% para 1,75%), medicamentos em geral (1,27% para 2,48%), tarifa de eletricidade residencial (0,09% para 0,40%), roupas (0,97% para 1,27%), mensalidade para TV por assinatura (0,09% pra 0,64%) e show musical (2,95% para 4,74%), respectivamente.
Ontem mesmo, o boletim Focus do Banco Central ampliou pela 15ª semana consecutiva a expectativa de inflação no varejo. Segundo as cerca de cem instituições financeiras ouvidas pelo BC, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vai fechar o ano em 5,42% – 0,92 ponto percentual acima da meta de 4,5% perseguida pelo governo no ano. O IPC, calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), serve como parâmetro para os dados do IPCA. No primeiro trimestre, o IPC acumulou 2,88%, enquanto o IPCA, no mesmo período, atingiu 2,06%. Os números referentes a abril do índice do IBGE serão divulgados nesta semana. Bancos e consultorias trabalham com dados na faixa entre 0,4% e 0,5%.
Na semana passada, diante do aumento de preços no varejo – impulsionado pela alta dos alimentos, conforme o IPC acusou – o Banco Central iniciou trajetória de alta nas taxas básicas de juros, elevando a Selic em meio ponto percentual. Analistas de mercado avaliam que a Selic, hoje em 9,5% ao ano, deve subir para patamares entre 11,25% e 12% ao ano, até dezembro, para trazer o IPCA a níveis próximos à meta.
Fonte: Valor Econômico/João Villaverde – 04/05/10