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Jogada de mestre ou resultado de imensa confusão de sinais emitidos pelo governo, em três dias de negócios, após o Carnaval, o mercado ressuscitou a crença de que o Banco Central (BC) será firme contra a inflação. Sem firula, em breve, na reunião de março ou abril. A ação se faz necessária porque a inflação preocupa, acende alertas quando supera o centro da meta e deve ser combatida com juro e não com câmbio.
 
As afirmações feitas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Moscou, na sexta-feira, reprisadas por simpatizantes e defensores da Selic mais alta, colaram. E a semana terminou com o BC tendo mais crédito junto ao mercado; com a perspectiva de uma importante e informal parceria entre governo e bancos privados para alimentar financiamentos de longo prazo e ampliar a oferta de produtos que (escassa) ajuda a pressionar a inflação na visão do Copom; uma folga na carteira de títulos públicos de bancos e fundos de investimentos; e, talvez, a contenção de perdas de investidores que buscavam proteção contra a inflação.
 
O súbito apoio do governo, representado pelo ministro da Fazenda, ao aumento da Selic (se necessário) surpreendeu quem se deixou levar pela defesa incessante do governo Dilma Rousseff (incluindo a própria presidente) de que o juro no Brasil deveria cair a patamares “civilizados”. E caiu até o mínimo histórico nominal e real em que hoje se encontra. Mas a presidente mudou de opinião?
 
O governo e a presidente não necessariamente mudaram de opinião sobre a taxa de juro ou a taxa de câmbio. E a estratégia de combate à inflação pode estar sendo basicamente ajustada a um calendário político apertado e a um cenário econômico e financeiro reconfigurado. E é ingênuo imaginar que o governo, ao apontar o juro básico como a ferramenta certa a ser utilizada agora, está concedendo mais autonomia ao BC. A repentina mudança de discurso ou na variedade de instrumentos para combater a inflação – do juro para o câmbio e de volta para o juro, passando por desonerações setoriais – pode, de novo, ser apenas reflexo de uma confusa comunicação ou resultado da combinação de vários elementos que estão colocando o governo sob pressão neste momento. Entre eles, temos os seguintes:
 
1) O país está a menos de dois anos da eleição presidencial. A presidente, com índices extraordinários de popularidade, é candidatíssima à reeleição. Mas o primeiro mandato deve ter um saldo positivo que teima em não se revelar; 2) a inflação resiste firmemente. O IPCA, esse desconhecido, projetado 12 meses à frente ronda 5,5% há quase três anos, mas agora dispara alarmes; 3) a economia, que deveria engrenar no terceiro trimestre de 2012, reage com dificuldade; 4) a expansão fiscal, ainda que a pretexto de incentivar a atividade, é inédita e isso se aplica também às suas consequências inflacionárias; e 5) as expectativas inflacionárias e para os juros tornaram-se tão divergentes, em curto espaço de tempo, que fundos de investimentos podem tropeçar em saques desordenados por perdas com títulos indexados à inflação.
 
Felizmente ou não, existem razões de sobra para que o Comitê de Política Monetária do BC retome o instrumento clássico, o juro, para restaurar a estabilidade dos preços. E dos ânimos.
 
Fonte: Valor Econômico / Angela Bittencourt – 19.02.13

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