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Os fundos que investem em títulos de dívida corporativa apresentam aumento da captação, mas a oferta de ativos no mercado não evolui no mesmo ritmo. Com a queda dos prêmios pagos em emissões de dívida de empresas de primeira linha e taxas menores oferecidas pelos papéis de grandes bancos, os gestores têm encontrado dificuldade para encontrar ativos de boa qualidade e que ofereçam retornos atrativos.
 
Gestoras com grandes carteiras como a Itaú Asset Management, por exemplo, têm contratado operações de emissão de dívida sob medida para o banco de investimento do grupo para atender a necessidade de alocação.
 
Para buscar um retorno diferenciado para essas carteiras, que têm mais de 60% do patrimônio alocados em crédito privado, os gestores têm olhado papéis de empresas de maior risco, e também oportunidades pontuais em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) de curto prazo de bancos médios. “Só comprávamos papéis com rating “AAA” [de mais alta qualidade de crédito] e passamos a aplicar em títulos com risco um pouco mais alto nas carteiras que permitem alocações em ativos de maior risco”, diz Reinaldo Le Grazie, diretor de renda fixa e multimercados da Bradesco Asset Management (Bram).
 
Outras gestoras, como a Claritas e a Kondor, começam a buscar oportunidades em bônus “high yield”, de maior risco e maior retorno, de empresas no exterior, que chegam a oferecer um retorno de 5% a 6% mais a variação do CDI, considerando o ganho com a operação de proteção contra a variação cambial.
 
Diante da oferta insuficiente de ativos no mercado, a Itaú Asset, que tem R$ 60 bilhões sob gestão em papéis de crédito privado, tem acessado operações exclusivas de emissões de dívida estruturadas pelo Itaú BBA para atender as necessidades de alocação. “A demanda por ativos caminhou mais rápido que a oferta de papéis”, diz Ricardo Araújo, responsável pelos fundos de crédito da gestora.
 
A queda da taxa Selic aumentou o apetite dos investidores por papéis de dívida privada. A disputa entre gestores e private banks, que compram ativos para pessoas físicas de alta renda, acabou derrubando as taxas de juro das emissões de debêntures nas ofertas públicas, que hoje pagam uma remuneração em torno de 1% mais a variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI).
 
Como não conseguem fazer grandes compras nessas operações, assets como a do Itaú têm buscado participar menos de ofertas públicas. “Temos acessado mais colocações privadas de ativos de crédito”, diz Araújo, da Itaú Asset. Segundo o gestor do Itaú, todas as alocações passam por uma análise de crédito da gestora.
 
Algumas carteiras com perfil de risco mais agressivo podem alocar em papéis com menor qualidade de crédito. “Há papéis nesses ofertas privadas de maior risco e que não teriam uma grande demanda em ofertas públicas, mas que pagam taxas mais interessantes, chegando a 4% mais a variação do CDI”, afirma Araújo.
 
Já a BNP Paribas Asset Management, que tem uma carteira de R$ 3,8 bilhões de crédito privado, tem buscado algumas oportunidades no mercado secundário de títulos privados, que permite alocar um volume maior que nas ofertas públicas, além de comprar debêntures diretamente das tesourarias de bancos. Muitas emissões de debêntures acabam ficando com as tesourarias dos bancos estruturadores da oferta para depois serem vendidas para investidores.
 
Os fundos, no entanto, têm uma limitação de 20% da carteira para a alocação em ativos que não são colocados via oferta pública.
 
Com a queda dos prêmios das debêntures, a Western Asset tem privilegiado instrumentos de crédito estruturado como os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). “Esses ativos chegam a oferecer um prêmio de 1 a 2 pontos percentuais em relação a debêntures de mesmo rating”, diz Jean-Pierre Cote Gil, gestor de crédito da Western. A Bram também tem preferido investir em FIDCs, além de debêntures.
 
Segundo os gestores, as emissões de debêntures de projetos de infraestrutura saíram com taxas muito apertadas e são mais interessantes para os fundos dedicados a esses papéis, que estão sendo estruturados pelos bancos, e poderão contar com benefício fiscal previsto na Lei 12.431.
 
Já do lado dos títulos bancários, a necessidade menor de funding por parte dos bancos, com a desaceleração do crescimento do crédito, levou as grandes instituições financeiras a oferecer taxas muito baixas nas emissões de CDBs.
 
A alternativa dos gestores para obter um retorno maior foi buscar emissões com prazos mais longos, como de letras financeiras de grandes bancos, e alocações pontuais em CDBs de curto prazo de instituições de médio porte.
 
“Temos comprado papéis de curto prazo de bancos de médio porte e de montadoras, mas estamos mais seletivos para as alocações em letras financeiras [que têm prazo mínimo de dois anos]”, afirma Araújo, do Itaú.
 
O gestor da Itaú Asset também está interessado no segundo programa de emissões de Depósitos a Prazo com Garantia Especial, chamado de DPGE II, que contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos até o limite de aplicação de R$ 20 milhões por investidor.
 
A Bram e a BNP Paribas também estão mais seletivas nas alocações em papéis de bancos médios e têm optado por aplicar em CDBs com vencimentos mais curtos. “Esses papéis chegam a pagar uma taxa de 110% do CDI para emissões com prazo entre 90 a 180 dias”, diz Ricardo Espindola, gestor de fundos de crédito privado do BNP.
 
Para obter uma taxa de retorno mais atrativa, a BB DTVM, que tem R$ 55 bilhões em papéis de crédito privado, tem buscado letras financeiras de bancos de primeira linha com prazos mais longos, que chegam a pagar 108% do CDI para um vencimento de cinco anos, afirma Carlos Massaru Takahashi, presidente da BB DTVM.
 
Com o desempenho fraco neste ano dos fundos de renda fixa índice, que investem em títulos prefixados e indexados à inflação e que têm sofrido diante da expectativa de aumento da taxa Selic, os portfólios de crédito privado devem ser uma alternativa para os investidores na busca de maior retorno. Essas carteiras lideram a rentabilidade no segmento de renda fixa, acumulando retorno de 1,59% no ano, até 19 de março, contra 1,44% das carteiras renda fixa diversificadas e de 0,21% dos fundos de inflação.
 
Fonte: Valor Econômico / Silvia Rosa – 27.03.13

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