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O executivo-chefe do J.P. Morgan Chase, Jamie Dimon, vai deixar de ganhar cerca de US$ 1,39 milhão por ano se o Federal Reserve (Fed, autoridade monetária dos Estados Unidos) decidir que os resultados dos testes de estresse da semana passada não justificam aumentos nos pagamentos de dividendos. Essa é a quantia adicional que Dimon pode receber por sua participação, em torno de 6 milhões de ações, caso o banco nova-iorquino eleve os dividendos no nível previsto pelos analistas. O valor comparara-se a um total combinado de US$ 73,3 mil em novos dividendos anuais em jogo para os executivos-chefes do Bank of America, Goldman Sachs e Wells Fargo, com base nas previsões compiladas pela “Bloomberg”.
 
Os executivos de banco saberão se vão receber esse montantes a mais hoje, quando o Fed anunciar quais planos de capital dos 18 maiores bancos dos EUA foram aprovados. As autoridades reguladoras pressionam as firmas desde a crise de crédito de 2008 para conceder aos executivos mais ações e menos dinheiro, para que seus interesses estejam mais alinhados com os dos acionistas. Dessa forma, os executivos-chefes podem receber muito quando os dividendos aumentam e as ações sobem – ou sofrer juntamente com os acionistas quando os balanços são ruins.
 
“Havia uma mensagem bem clara nos testes de estresse da semana passada, de que os bancos vão ter de levantar capital, em particular, os maiores bancos”, disse Nancy Bush, analista e editora colaboradora da SNL Financial, uma firma de análise de bancos com sede em Charlottesville, Virgínia. “Eles vão ter condições de elevar seus dividendos, mas não de uma forma que seja muito agressiva”.
 
Os bancos precisam passar nos testes de estresse conduzidos pelo Fed e submeter seus planos de capital, incluindo quaisquer mudanças nos programas de dividendos e de recompra de ações. Os quatro bancos não revelaram quais os aumentos pretendidos, enquanto o Citigroup e o Morgan Stanley informaram que não solicitaram aumentos.
 
Dimon receberia o US$ 1,39 milhão adicional se o J.P. Morgan elevasse seu dividendo trimestral dos atuais US$ 0,30 para US$ 0,36 por ação, a estimativa média dos 14 analistas consultados. Ele poderia receber até US$ 2,3 milhões adicionais por ano se os dividendos chegassem a US$ 0,40, a previsão máxima, de três analistas que cobrem o banco, maior dos EUA em ativos.
 
Pela previsão média, os novos dividendos renderiam US$ 8,3 milhões em renda anual para Dimon, de 57 anos, e sua mulher, que possui cerca de 5,78 milhões de ações ordinárias da instituição financeira, de acordo com os documentos mais recentes enviados às autoridades reguladoras. Além disso, ele recebe um pacote de remuneração de US$ 11,5 milhões, incluindo um salário de US$ 1,5 milhão.
 
Cada aumento de US$ 0,01 por ação no dividendo do J.P. Morgan equivale a cerca de US$ 38 milhões para os acionistas do banco como um todo.
 
Caso o Bank of America não eleve seu dividendo trimestral, atualmente em US$ 0,01, o executivo-chefe Brian T. Moynihan, de 53 anos, deixaria de receber US$ 36.932 por suas 485.950 ações, ou possivelmente até US$ 77.752, na previsão máxima. A estimativa média dos analistas para o novo dividendo é de US$ 0,029. A estimativa máxima é de US$ 0,05. O dividendo de US$ 0,01 está em vigor desde que a firma de Charlotte, Carolina do Norte, foi socorrida durante a crise financeira.
 
Um aumento repararia parte dos danos à reputação do banco causados com os testes de estresse de 2011, quando Moynihan ficou sob fogo cruzado depois de ter criado expectativas de aumento nos dividendos, antes de os reguladores vetarem a ideia.
 
Lloyd Blankfein, de 58 anos, receberia US$ 17.292 adicionais levando em conta a estimativa média para os novos dividendos do Goldman Sachs, de US$ 0,502, quase iguais aos atuais, de US$ 0,50. Pela estimativa mais alta, de US$ 0,52, Blankfein receberia US$ 172.917 por suas quase 2,2 milhões de ações na firma nova-iorquina.
 
Para John Stumpf, do Wells Fargo, de San Francisco, dono de 956.038 ações, um novo dividendo de US$ 0,255, como projeta a estimativa média, lhe renderia US$ 19.121 adicionais. O atual valor é de US$ 0,25. A maior estimativa, de US$ 0,30, renderia US$ 191.208 adicionais por ano a Stumpf.
 
Um beneficiário ainda maior seria o bilionário Warren Buffett, cuja firma Berkshire Hathaway é a maior acionista do Wells Fargo. Com 456,2 milhões de ações, de acordo com o relatório anual da empresa de Nebraska, a Berkshire Hathaway ganharia US$ 9,1 milhões adicionais por ano.
 
Porta-vozes dos quatro bancos não quiseram comentar sobre aumentos de dividendos. Os principais executivos de banco, como Blankfein, Dimon e Stumpf, possuem outras participações em suas empresas, por meio de opções de ações ou ações de negociação restrita concedidas em seus pacotes de remuneração. Essas participações não foram incluídas nos cálculos, que são baseados no fechamento dos mercados na terça-feira.
 
Qualquer aumento na renda dos executivos seria restringido pela elevação dos impostos federais que entrou em vigor neste ano. O Congresso aumentou o imposto máximo sobre dividendos qualificados a partir de 1º de janeiro, passando-o de 15% a 23,8% para os que recebem os valores mais altos, incluindo uma taxa ligada ao programa federal de assistência médica.
 
Com a elevação do imposto, Dimon poderia ter de pagar mais de US$ 700 mil pelo 1,9 milhão de ações que possui diretamente, caso o dividendo trimestral seja aumentado seguindo a previsão máxima. Ele também possui ações indiretamente por meio de instituições em que os pagamentos são tratados de forma diferente em termos fiscais, como fundos fiduciários e uma conta de previdência.
 
O J.P. Morgan reduziu seu programa de recompra de ações de US$ 15 bilhões em pelo menos 20% e espera elevar seu dividendo trimestral de US$ 0,30, disse Dimon neste ano.
 
Os argumentos do banco podem ser enfraquecidos pelo caso que ficou conhecido com “London whale” (baleia branca, em inglês) em 2012, em que apostas gigantescas em derivativos de um operador no Reino Unido naufragaram e levaram a perdas recorde de US$ 6,2 bilhões em operações de corretagem. O pacote de remuneração de Dimon foi cortado pela metade pelo conselho de administração, que lhe atribuiu parte da responsabilidade.
 
Dimon provavelmente preferiria recompras de ações se ele pudesse escolher, de acordo com Bush, da SNL Financial.
 
“Os dividendos não são o grande negócio para eles”, disse Bush sobre os executivos-chefes dos maiores bancos. “Eles querem que as ações subam. Eles querem negociá-las em algum momento e ter grandes ganhos de capital.”
 
Fonte: Valor Econômico / Margaret Collins / Bloomberg – 14.03.13

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