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O executivo especializado em crédito está em alta no mercado. Um dos poucos departamentos que são reforçados durante períodos de instabilidade econômica, o crédito tem ganhado novas funções e status dentro das empresas. Antes confinados em escritórios e restritos a funções operacionais, os profissionais dessa área hoje trabalham em parceria com a área comercial, são mais dinâmicos e conquistaram atuação mais estratégica.
 
“Sempre que há uma sinalização de crise, as posições de crédito e cobrança são as que apresentam maior volume de demanda por executivos”, afirma João Marco Beltrão Frederico, diretor de finanças e mercado financeiro da Michael Page. Ele explica que, em tempos de insegurança, as companhias reforçam seus times na área porque precisam conceder crédito com mais cautela. “Se a empresa não tiver um departamento muito bem estruturado, corre o risco de sofrer com aumento da inadimplência, por exemplo”. Na consultoria, a demanda por esse tipo de profissional vem crescendo, em média, 15% ao ano desde 2010.
 
Presente não apenas no mercado financeiro, esse especialista também vem ganhando importância em empresas de setores como varejo, telecomunicações e agronegócio, que trabalham com operações de concessão de crédito para clientes. “A maioria já tinha essa área internamente, mas o investimento nos profissionais é cada vez maior”, afirma Celson Hupfer, sócio consultor da empresa de recrutamento Havik.
 
Ele explica que, em um primeiro momento, as companhias fora do mercado financeiro contratavam poucos analistas – quase sempre provenientes de bancos e com função geral de crédito e cobrança. Hoje, porém, as equipes já possuem gerentes, superintendentes e até diretores dedicados à área, com funções tão variadas quanto definição de políticas de crédito, análises de portfólios e de métodos quantitativos. “O executivo da área não é mais apenas um analista. Ele precisa ser sensível à demanda da área comercial e oferecer soluções estratégicas para a companhia e seus clientes”, diz.
 
Foi partindo dessa premissa que, há quatro anos, a Bayer Cropscience decidiu reposicionar o status do seu time de crédito. O departamento de 30 pessoas ganhou outra nomenclatura – de analistas, os profissionais se tornaram consultores – e uma nova rotina de trabalho. Hoje esses especialistas atuam em parceria com os executivos de vendas. “Eles são mais proativos, criativos e trabalham a maior parte do tempo em campo, visitando clientes”, afirma a diretora de RH Adriana Mônaco.
 
O reposicionamento veio acompanhado de aumento na carga de treinamentos, além de uma revisão salarial. “Atualmente, pelo menos 70% do time é formado por consultores de nível sênior, com remuneração destacada em relação ao restante do mercado”, afirma. A maior parte da equipe, segundo Adriana, possui formação em administração e economia e alguma especialização na área financeira.
 
Encontrar mão de obra com essa qualificação específica, no entanto, não é fácil. Normalmente, o conhecimento sobre a área de crédito é adquirido na prática ou nos treinamentos corporativos. “As companhias sentem falta de bons profissionais para atuar nesse segmento”, afirma José Cláudio Securato, presidente da escola de negócios Saint Paul. Motivada pela demanda desse mercado, a instituição criou este ano um MBA em crédito com duração de 24 meses.
 
O curso, que será ministrado a partir de setembro, foi criado em parceria com a Moody”s Analytics e é direcionado para executivos que já possuem alguma experiência. “O objetivo é dar ao profissional conhecimento sobre disciplinas como análise de risco, modelagem de crédito, fusões e aquisições. Com uma formação mais ampla, as possibilidades de atuação do executivo aumentam bastante”, afirma Securato.
 
Além da qualificação formal, porém, é preciso ter um perfil que equilibre a capacidade analítica com a visão comercial. “Apesar de parecerem antagônicas, as duas habilidades se complementam”, diz Frederico, da Michael Page. A bagagem profissional também conta pontos na hora de conseguir uma boa colocação – ao contrário de outras áreas, no segmento de crédito não é tão difícil fazer a migração do mercado financeiro para empresas de outros setores e vice-versa.
 
Esse é o caso de Christiano Pinchetti, diretor de operações da securitizadora Credigy. Após atuar por 12 anos nos departamentos de crédito, tesouraria e planejamento financeiro da Monsanto, ele decidiu buscar uma nova oportunidade na carreira. Pinchetti recusou três propostas de diferentes empresas até decidir aceitar a oferta da Credigy, onde atua há pouco mais de seis meses. “Fazer a transição para outra indústria foi um processo tranquilo. A diferença é que saí de uma área de suporte ao negócio para ter uma atuação mais central”, afirma o diretor, que foi promovido na troca de emprego e também teve aumento salarial. “Esse mercado está crescendo. Quando comecei, em 1999, trabalhar em crédito era algo raro e pouco desejado. Hoje, é um setor que desperta o interesse de outros executivos de finanças”, compara.
 
Parte dessa mudança é motivada pelos salários que, segundo os especialistas, continuam se valorizando. Segundo Celson Hupfer, da Havik, a remuneração anual de um diretor de crédito varia de R$ 800 mil a R$ 1,6 milhão em bancos e de R$ 600 mil a R$ 1,3 milhão na indústria e no comércio. “Fora do mercado financeiro, porém, a figura do diretor ainda não é tão comum”, afirma. Nesses casos, existe a posição de gerente ou de superintendente, que ganham salários de até R$ 20 mil mensais, com bônus que variam de 6 a 10 salários.
 
Fonte: Valor Econômico/ Vívian Soares – 16/08/2012

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