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Com o mercado internacional mais restrito às captações de renda fixa, as empresas brasileiras já estudam alternativas em reais para rolar dívidas ou tocar projetos de investimentos. Enquanto algumas emissões planejadas no exterior, como uma de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões do Banco Cruzeiro do Sul , outra de US$ 200 milhões da Odebrecht , e, uma terceira, de US$ 500 milhões, capitaneada pelo Bradesco BBI, estão à espera de melhores condições de preços lá fora, já há demanda de companhias pela estruturação de papéis de dívida local.

Se essa for a tônica do mercado, em face à cena externa mais adversa, as captações via debêntures podem entrar no radar, embora não tenha havido em maio nenhuma distribuição. Considerando-se só as ofertas públicas registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entre janeiro e abril foram para a rua emissões equivalentes a R$ 10,3 bilhões, em comparação aos R$ 4,2 bilhões colocados no mesmo intervalo de 2009. Somando-se as operações com esforços restritos, sob o guarda-chuva da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), foram a mercado outros R$ 4,5 bilhões.

Em análise na CVM há uma operação inusitada, a da Rota das Bandeiras, concessionária ligada ao grupo Odebrecht, com prazo de nada menos do que 12 anos e que pode chegar a R$ 1,1 bilhão. Os títulos têm características de “project finance”, servirão para financiar os investimentos na rodovia D. Pedro II e serão um teste da demanda interna em meio à crise.

Apesar de haver apetite e liquidez para ativos brasileiros no exterior, as incertezas geradas a partir do estrangulamento fiscal grego e do contágio sofrido por outras economias da zona do euro forçaram a um ajuste de preços no mercado de bônus, diz o diretor do Bradesco BBI, Fábio Mentone. De acordo com o executivo, dependendo do risco e prazo de maturidade do papel, as operações ficaram entre 50 e 100 pontos-básicos mais caras. “As empresas olham essas condições e por não considerá-las atrativas estão adiando as suas captações.”

A alternativa das companhias que não precisam necessariamente do indexador dólar nas sua estrutura de capital tem sido levantar parte dos recursos em reais. O próprio Bradesco BBI tem um caso que se encaixa nesse exemplo. Para Mentone, as emissoras que preferencialmente captam em moeda estrangeira terão de esperar as chamadas “janelas de oportunidade”, já que a volatilidade deve se estender ao longo do segundo semestre. Mas ele não vislumbra um mercado de todo fechado.

O superintendente de um banco estrangeiro percebe uma certa paralisia no mercado externo, mas entende que não há urgência das companhias de captar no exterior, porque a maior parte delas se refinanciou durante a recuperação dos mercados em 2009 e não tem, portanto, um grande volume de vencimentos para este ano.

Embora em ritmo mais lento, o mercado interno pode ser o caminho para necessidades de financiamento imediato. “Há espaço para bons nomes, mas eventualmente pode ocorrer uma reprecificação nos lançamentos”, afirma o executivo. Mas se a piora externa se prolongar, com aumento da aversão a risco, “não se faz milagre”, e o mercado local também pode congelar.

Boa parte dos emissores de eurobônus que estava se preparando para ir a mercado tem o objetivo gerenciar dívidas, renegociando melhores prazos e preços e, para essas empresas, é possível aguardar uma melhora das condições, diz o diretor de mercado de capitais do BES Investimentos, Marcio Pepino. Já as empresas que precisam de caixa no curto prazo estão recorrendo à emissão de notas promissórias com prazo de até um ano, na expectativa de que, até lá, as condições de captação, aqui e lá fora, sejam mais favoráveis. Algumas companhias enveredaram por esse caminho em 2009 e, no fim do ano passado e primeiro trimestre do ano aproveitaram a janela aberta para alongar suas dívidas.

Num momento de turbulência externa, as condições de captação aqui também poderão ser afetadas. Embora o mercado local ainda não perceba pressões e haja liquidez, a precificação dos papéis tende a ficar mais difícil. As operações que estão sendo estruturadas para colocação privada têm prazo de cinco anos, com amortizações no quarto e quinto anos.

Fonte: Valor Econômico/ Adriana Cotias, Tatiana Bautzer e Lucinda Pinto – 21/05/2010

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