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O tombo sofrido por empresas como Sadia e Aracruz no ano passado, por causa do uso indevido de instrumentos de proteção contra variações da taxa de câmbio, deveria levar o governo a aprofundar a regulamentação do uso desses mecanismos por parte das empresas. A avaliação é de dois economistas da PUC do Rio de Janeiro. 

Um ano após a revelação de que cerca de 200 exportadoras amargaram prejuízos de aproximadamente R$ 40 bilhões, os economistas Márcio Garcia e Werther Vervloet fizeram uma análise dos casos mais relevantes do fim de 2008 e concluíram que o debate sobre maior regulamentação dos mercados, que ganhou fôlego a partir do agravamento da crise mundial, não pode ficar centrado só nas instituições financeiras. 

“O caso das empresas mostra que pode haver outra faceta não muito explorada, mas certamente importante, nessa discussão”, afirmam os economistas. “Caberia às autoridades competentes dar um passo rumo a uma regulamentação mais rígida no uso de derivativos por parte de empresas não-financeiras.” Segundo Garcia e Vervloet, a limitação daria proteção não só para as empresas e seus investidores, mas para a economia do País em geral. 

Para Garcia, uma regulamentação mais rígida não significa, necessariamente, a proibição total do uso dos derivativos. “Sem dúvida, proibir tudo limita o hedge (proteção), que é bom”, disse. “Mas, talvez, para pequenas empresas, seja bom proibir, assim como se proíbe que pequenos investidores entrem em fundos de risco muito elevado”, ponderou. 

Segundo os economistas, as medidas já determinadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), como a obrigatoriedade de as empresas divulgarem de maneira clara e precisa os instrumentos utilizados, já representam uma mudança para garantir mais transparência. 

Para Garcia, a adoção dessas medidas pode dar as informações necessárias para que se possa evitar “futuros arroubos especulativos” pelas empresas. “Mas a inventividade financeira, como sabemos, é infinita”, disse. 

Garcia também defende um controle sobre a venda desse tipo de instrumento financeiro pelos bancos. “Acho que vale atuar também para evitar práticas de vendas irregulares pelas instituições financeiras, que muitas vezes escondem o verdadeiro risco do produto.” 

Em setembro de 2008, dez dias após a quebra do Lehman Brothers, a Sadia revelou a liquidação de diversos contratos de proteção cambial que resultaram num prejuízo de R$760 milhões. O anúncio abriu caminho para que outras empresas, como Aracruz e Votorantim, adotassem a mesma postura. O rombo da Aracruz foi de mais de R$ 2 bilhões.

Fonte: O Estado de S.Paulo/Renato Andrade – 14/12/09

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