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Os últimos indicadores americanos animaram os mercados, sinalizando a crença de que “o pior já passou” e que a economia ganha “momentum”. De fato, após a surpresa com a queda da taxa de desemprego no mês passado, as vendas no varejo e a produção industrial subiram mais do que o esperado, embora fatores pontuais, como a venda do novo modelo de iPhone pela Apple, tenham exercido grande contribuição em setembro, elevando em 4,5% a venda de eletrônicos nos EUA.
 
O consumo, motor da economia americana, depende da performance de fatores como a melhora do mercado de trabalho, da confiança (que é, ao mesmo tempo, propulsora e resultante da melhora da atividade) e do efeito-riqueza advindo da alta dos preços dos ativos financeiros e das moradias. É possível admitir que há reações mais otimistas nestas vertentes, mas ainda é cedo para apostar em voo seguro rumo ao padrão de crescimento pré-crise.
 
Tanto o varejo quanto a produção mostram taxas de crescimento mais baixas do que há um ano. Considerando apenas 2012, o varejo cresce em linha com a média do ano (5,3%, taxa anual), enquanto a indústria, com alta de 2,8% em setembro, ficou abaixo da média dos últimos oito meses (4,3%). De toda forma, a confiança do consumidor reagiu de forma importante desde junho – reflexo das expectativas em torno do combate à crise pelo Federal Reserve e mesmo em resposta aos sinais de reação vindos especialmente do mercado imobiliário.
 
A discussão colocada à prova por analistas relaciona-se com a força desse impulso da atividade econômica americana. Enquanto o presidente do Fed mantém-se cauteloso no discurso e vigoroso nas ações, os membros do banco central atiram opiniões para todos os lados.
 
Uma exceção foi a linha defendida por quatro deles (Jeffrey Lacker, William Dudley, James Bullard e John Willians) em discursos nos últimos dias. Embora de vertentes diferentes dentro do Fed – Lacker e Bullard são considerados “hawkish” (conservadores) e Dudley e Willians, “dovish” (mais flexíveis) -, a conclusão dos discursos é que os efeitos do QE3 serão limitados. Os argumentos que embasam tal conclusão, contudo, são também diferentes.
 
O discurso que mereceu destaque foi o de William Dudley (presidente do Fed de Nova York), para quem há dois motivos para a política monetária estar sendo menos potente que o normal. O primeiro é que os mecanismos primários de transmissão, como o financiamento imobiliário, estão debilitados. Prova disso é a disponibilidade de crédito às famílias com rating mais baixo, que permanece limitada. Além disso, o representante de Nova York ressalta que a dominância do mercado hipotecário por alguns grandes bancos tem obstruído o repasse das taxas baixas do mercado secundário para o primário. Dudley critica também as altas taxas cobradas por Fannie Mae e Freddie Mac, que têm elevado os custos fixos destes empréstimos e aumentado o spread entre as taxas do mercado primário e secundário.
 
O segundo motivo é que o ímpeto de um dado nível de acomodação monetária tem sido atenuado com o tempo. Na opinião de Lacker, a ação de estímulo do BC deverá ter impacto pequeno na economia porque a política monetária tende a ser menos potente após uma crise financeira. Isso ocorre principalmente porque os ratings de crédito mínimos são elevados, a disponibilidade de crédito diminui e as famílias tendem a ficar focadas em saldar suas dívidas.
 
As propostas para as futuras ações do Fed também são diferentes. Dudley acredita que o fato de a política monetária ter impacto pequeno na economia real não justifica uma política menos acomodatícia. Pelo contrário. É preciso ser mais agressivo para que os resultados desejados sejam atingidos. Por outro lado, Lacker, voto dissidente de todas as reuniões do Fed deste ano, alega que os custos relacionados a tal ação excedem os seus benefícios, citando que o programa de compras de títulos possui um forte risco inflacionário.
 
Somente nos próximos meses será possível confirmar se as expansões quantitativas foram eficazes ou não para estimular a economia americana. Até lá, o mercado deverá pender entre a euforia com dados bons e a preocupação com a durabilidade do programa do Fed.
 
Fonte: Valor Econômico/ Roberta Costa/ Aline Oyamada – 17/10/2012

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