O seu navegador está desatualizado!

Atualize o seu navegador para ter uma melhor experiência e visualização deste site. Atualize o seu navegador agora

×

 

A valorização do dólar e o salto nas receitas com embarques de soja ajudaram os financiamentos via Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) a dispararem 71,6% em março sobre fevereiro, batendo recorde histórico de US$ 5,860 bilhões no mês.

O diretor de negócios internacionais do Banco do Brasil, Admilson Monteiro Garcia, soma mais um vetor a essa alta na demanda por ACCs, modalidade de financiamento às exportações.

Segundo o diretor, as empresas que faziam pré-pagamento de exportação migraram para essa linha de curto prazo (o ACC é limitado a 360 dias), que apresenta um custo favorável.

Para Garcia, ao limitar o prazo das operações de pré-pagamento, o Banco Central (BC) acabou dando um incentivo ao mercado de ACC. No começo de março, o BC editou a circular 3.580, que cortou o prazo dos pagamentos antecipados com isenção de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para até 360 dias. Até então, não havia limite de prazo.

A ação do BC visou coibir o uso do pré-pagamento como uma forma de as empresas arbitrarem o diferencial de taxa de juros existente entre o mercado doméstico e externo. Havia linhas de pré-pagamento de até dez anos.

De acordo com Garcia, a demanda de ACC e ACE (Adiantamento sobre Cambiais Entregues) segue forte agora em abril e pode repetir o resultado de março.

Segundo dados do BC, na primeira semana do mês esse mercado girou US$ 1,077 bilhão.

O BB é líder nesse mercado, com 33% de participação, e bateu recorde para meses de março ao fechar US$ 1,9 bilhão em ACCs e ACEs.

Segundo Garcia, para todo o ano de 2012, o BB deve registrar US$ 18 bilhões em ACCs e ACEs, superando o recorde de US$ 17,5 bilhões de 2011.

O diretor explica, ainda, que o crescimento da demanda ocorre tanto no segmento de grandes como no de pequenas empresas.

Além da alteração de regulação promovida pelo BC, Garcia acredita que as medidas tomadas pelo governo para estimular as exportações e o setor industrial também devem gerar maior demanda por operações de financiamento ao comércio exterior.
Em janeiro e fevereiro, os ACCs totalizaram US$ 3,486 bilhões e US$ 3,415 bilhões, respectivamente. Os US$ 5,860 bilhões de março também são cerca de 40% superiores aos US$ 4,278 bilhões contabilizados um ano antes.

Segundo o operador de câmbio de um grande banco nacional, “com certeza” a restrição imposta pelo BC ao pré-pagamento fez algumas empresas voltarem para o ACC. No entanto, esse operador pondera que a alta do dólar, que somou 6,16% em março, foi um dos principais componentes para esse aumento.

“Faz uma diferença grande para o exportador quando você tem um dólar em R$ 1,70 e depois consegue vender a R$ 1,80. Com o dólar mais alto, a empresa fica com mais apetite para vender os produtos, o que acaba elevando os empréstimos, principalmente por ACC”, disse.

Ainda de acordo com o operador, o aumento das exportações de soja também foi um fator decisivo para o crescimento dos financiamentos via ACC. “Teve muita exportação de soja no mês passado e, naturalmente, você tem um aumento nos financiamentos por ACC.”

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a receita das exportações de soja em grão em março disparou 188,3% em relação a fevereiro e atingiu US$ 2,063 bilhões. O número é ainda 49% superior ao faturamento do mesmo mês do ano passado (US$ 1,384 bilhão).

Mas, diferentemente do diretor do BB, esse operador avalia que ainda é cedo para afirmar que os financiamentos por ACC seguirão aumentando. “As operações até podem crescer mais porque o governo anunciou um pacote de medidas que também ajuda o exportador, mas o efeito prático das medidas pode demorar. Além disso, o cenário externo ainda está muito incerto e isso tudo deixa o exportador mais retraído”, pondera.

Os dados de ACC têm base na atuação efetiva do exportador. Mas, como no mercado de câmbio nem tudo é tão simples, não está descartada a utilização desse canal como forma de obtenção de recursos “baratos” pelas empresas. “Podem estar sendo montadas operações com compra de performance [de exportação] por empresas não exportadoras para alcançar esse recurso mais barato, muito embora exista o pagamento de uma taxa para quem vende a performance”, diz um corretor.

A empresa que não exporta compra a performance de uma exportadora a um determinado preço e toma o ACC para si. Essa seria uma forma de captar dinheiro de curto prazo no mercado internacional sem precisar “morrer” com o pagamento de 6% de IOF.

Fonte: Valor Econômico/ Eduardo Campos/ José de Castro – 16/04/2012

Outras notícias

Liquidez nos mercados ainda não é efeito de empréstimos do BCE

Leia mais

Bancos públicos do Brasil exigem atenção, diz IIF

Leia mais

Bancos e gestoras disputam terreno com incorporadoras

Leia mais