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Foram duas semanas de mal-estar entre governo e a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Mas, em meados deste mês, os bancos privados seguiram o exemplo de instituições públicas como a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil (BB) e o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), e reduziram as taxas de juros tanto para pessoas físicas quanto para as empresas de pequeno e médio portes – além de anunciarem reforço nas linhas de crédito para esse segmento.

A iniciativa levou a uma nova rodada de cortes pelos bancos oficiais. Economistas, consultores e empresários ressaltam a importância do ‘círculo virtuoso‘ dos cortes para os investimentos, embora reconheçam que o movimento esteja longe de resolver o crônico problema dos juros altos no Brasil.

“Com a redução das taxas, mais projetos terão oportunidade de sair do papel por terem acesso aos financiamentos”, explica Luiz Ricardo Grecco, consultor da área de inteligência de mercado do Sebrae-SP. Mesmo com os juros mais baixos, a decisão de tomar um empréstimo deve ser feita com muita cautela. “Só vale a pena usar recursos de terceiros se a rentabilidade do projeto for maior ou igual à taxa de juros”, alerta.

As chamadas “linhas de balcão” – para capital de giro, conta garantida e descontos de duplicatas, por exemplo -, financiadas com recursos próprios dos bancos, foram as que sofreram cortes maiores, justamente por serem as mais onerosas. E é justamente o uso delas que requer maiores cuidados, explicam os consultores. Na maioria dos casos, os empréstimos costumam ser mais vantajosos para investimentos com retorno no longo prazo, como a compra de um forno para uma padaria. “Também é interessante trocar uma dívida de curto prazo por outra de longo e com juro menor, desafogando o caixa da empresa”, recomenda Milton dos Santos, da Mcon Consultoria Empresarial.

Santos chama a atenção para o efeito multiplicador da redução dos juros. “O corte nas taxas faz com que muitos projetos se viabilizem, abrindo novos postos de trabalho. Além disso, o consumidor, que precisa de crédito para comprar, se anima a consumir mais. Tudo isso movimenta a economia”, explica. Esse também é o entendimento de Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Estudo realizado pelo assessor econômico Fábio Pina estima que a tesourada nos juros feita por bancos públicos e privados deve liberar para o consumo de R$ 8,5 bilhões a R$ 10 bilhões ainda em 2012 – montante equivalente a 1% dos R$ 850 bilhões que o comércio espera vender neste ano.

Além dos cortes, alguns bancos anunciaram o reforço de suas linhas de crédito. O Banco do Brasil, por exemplo, elevou em R$ 27 bilhões os limites de crédito para as empresas, além de reduzir em 15% a taxa média para capital de giro. No ano passado, as linhas de créditos para os negócios de pequeno porte somaram R$ 68 bilhões, expansão entre 18% e 20% na comparação com 2010. A Caixa Econômica Federal terá um reforço de R$ 10 bilhões para financiar micro e pequenas empresas, totalizando R$ 50 bilhões, 33% superior ao contratado em 2011. As operações da linha Giro Fácil tiveram uma queda de 68,7%, passando de 2,77% ao mês para 0,94%.

No Santander, a taxa mínima para o capital de giro por meio do cartão de crédito passou de 1,88% ao mês para 1,54% e a máxima, de 4,13% para 3,12%. A carteira para pequenas e médias empresas da instituição foi de R$ 48 bilhões em 2011, com uma expansão de 25% e participação de 25% na carteira de crédito do banco. No Itaú Unibanco as linhas de crédito para o segmento somam cerca de R$ 70 bilhões. No capital de giro, as taxas começam em 1,14% ao mês. O Bradesco, por sua vez, anunciou a criação de uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para capital de giro e crédito para a compra de máquinas e equipamentos, com taxa de 2,9% ao mês – a anterior era de 5,56%.

Antes mesmo do atual corte nos juros, os bancos haviam criado formas de reduzir o risco das operações e, consequentemente, o custo dos financiamentos. “Em um empréstimo de R$ 10 mil, por um prazo de 24 meses, o empresário pagava R$ 3,5 mil de juros. Com a adesão ao fundo garantidor, que custa R$ 426, desembolsa R$ 2 mil reais, uma economia de R$ 1 mil”, explica Adilson do Nascimento Anísio, diretor de micro e pequenas empresas do BB.

Os consultores também chamam a atenção para o alongamento dos prazos de pagamento, uma variável tão importante quanto a redução dos juros. As linhas para capital de giro, por exemplo, antes restritas a até 12 meses, passaram a ser de até três anos. “Isso faz com o pagamento do financiamento caiba no caixa da empresa”, diz Santos.

O apoio à decisão do governo de pressionar os bancos privados a cortar os spreads bancários – a diferença entre o que a instituição paga para obter os recursos e o que cobra dos clientes ao conceder os empréstimos – veio de todos os lados.

“Todos vão ganhar. Ainda há muito espaço para reduzir os juros no Brasil”, comenta o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Robson Andrade. “Mas é preciso lembrar que o corte nos juros não interfere de forma decisiva no acesso ao crédito por parte das micro e pequenas empresas”, explica Grecco.

Fonte: Valor Econômico/ Jane Soares – 30/04/2012

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