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Não é só a falta de demanda dos empresários por financiamentos que está fazendo bilhões de reais ficarem represados no BNDES, mesmo com a cobrança de juros reais negativos nos empréstimos desde setembro. Tradicionais repassadores de quase metade dos recursos do BNDES, os bancos também estão freando a oferta desse crédito para as companhias.
 
Dados do Banco Central mostram um descompasso entre o crescimento do estoque de crédito desembolsado diretamente pelo BNDES e pelos agentes repassadores. De janeiro a setembro, o saldo de empréstimos diretos do BNDES cresceu 8,9%, para R$ 233,4 bilhões, na comparação com igual período do ano passado. Já nos repasses o avanço foi de apenas 3,7%, para R$ 212,9 bilhões.
 
Nos balanços dos três maiores bancos privados, a perda de fôlego dos repasses já ficou clara. Bradesco e Santander mostraram que suas carteiras atreladas ao BNDES encolheram 2,45% e 15,4%, respectivamente, nos 12 meses até setembro. No Itaú Unibanco, a expansão foi pequena, de 1,4%.
 
Três bancos de médio e grande portes repassadores de recursos do BNDES relataram ao Valor que alguns fatores têm tornado o empréstimo de recursos do BNDES menos interessantes. Um deles é a inadimplência das pessoas jurídicas, que ronda os 4% há quase um ano. “O apetite não mudou. O que está diferente é o risco de crédito das empresas, que aumentou. É por isso que menos operações são aprovadas”, disse o diretor de uma instituição privada.
 
Nos repasses, quem assume o risco de crédito das transações são os bancos, por isso o cuidado deles. Se a companhia não honrar a dívida, quem tem de fazer isso é a instituição repassadora.
 
Executivos de bancos relataram que para assumir determinadas operações teriam de cobrar mais, hoje. Os spreads dos repasses do BNDES são determinados pelo próprio banco estatal, o que inviabiliza ajustes em momentos de pico da inadimplência.
 
O BNDES nega, porém, que esteja com um critério de avaliação de risco diferente daquele usado por seus repassadores. “O que acontece é que o BNDES acaba pegando empresas com perfis diferentes dos demais bancos. Ficamos com companhias maiores, que embutem um risco menor”, afirmou Edson Moret, chefe do departamento de suporte e controle das operações indiretas do BNDES.
 
Uma mudança na forma de remuneração paga pelo BNDES aos bancos repassadores também está desestimulando as operações. No fim de agosto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a redução da taxa de juros de uma das principais linhas do BNDES, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), de 5,5% para 2,5% ao ano. Isso tornou os juros do crédito negativos depois de descontada a inflação.
 
A comissão dos agentes repassadores, porém, ficou mantida em 3% ao ano, como era antes do anúncio de Mantega. Porém, o pagamento de meio ponto percentual desse total ao banco passou a ser de responsabilidade direta do BNDES. O governo já afirmou que fará esse pagamento, mas a operacionalização disso com a Secretaria do Tesouro Nacional ainda não está sacramentada, o que tem levantado incerteza entre alguns agentes privados.
 
“Na prática, hoje eu só concedo empréstimos para quem eu acho que tem um risco adequado para um spread de 2,5%. O que vier depois é lucro”, explicou o executivo de um banco de médio porte.
 
Moret, do BNDES, afirmou que a preocupação das instituições financeiras é desnecessária. “Em março de 2013, os bancos vão receber essa parcela da comissão.”
 
O ritmo mais lento de desembolsos tem levado os bancos a acreditar que em breve o governo anunciará mais uma vez a extensão do PSI, criado em 2009 para financiar a aquisição de bens de capital, investimento e tecnologia. Previsto para terminar em agosto, o programa foi prorrogado para dezembro deste ano. Mesmo assim, os desembolsos ainda engatinham, algo que o BNDES espera reverter em breve. “Posso garantir que o nível já está maior”, diz Morte. O anúncio com os resultados será feito nas próximas semanas.
 
Fonte: Valor Econômico/ Carolina Mandl – 07/11/2012

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