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O Banco Internacional de Compensações (BIS), banco dos bancos centrais, aponta riscos na expansão sem precedentes do crédito no Brasil, China e outros emergentes, como o boom imobiliário e o endividamento crescente de famílias e empresas.
 
As economias emergentes, que fizeram 75% do crescimento econômico global nos últimos cinco anos, recentemente “começaram a sentir mais fortemente os efeitos de um crescimento desequilibrado e tensões inflacionárias e não serão poupadas pela desaceleração global”, afirmou Jaime Caruana, diretor-geral do BIS.
 
Cinco anos após a eclosão da crise financeira global, originada por endividamento insustentável, os desequilíbrios não só perduram na economia mundial como “as vulnerabilidades se amplificam” e as perspectivas das finanças públicas dão “vertigem”. Alerta que “está fora de alcance” um crescimento econômico mundial melhor distribuído e mais sólido.
O BIS destaca que no Brasil, Argentina, Turquia e Indonésia o crédito cresceu muito mais rápido que o PIB e que essa expansão se acelerou nos últimos três anos. Na China, as operações aumentaram 20% em termos reais no período, mas diminuíram o ritmo recentemente.
 
O BIS admite que o fenômeno “não é necessariamente nefasto”, mas que infelizmente não há mecanismos para diferenciar quando há excessos ou quando o crescimento é rápido, mas sustentável do crédito.
 
A consequência é uma expansão do crédito em relação ao PIB superior a sua tendência de longo prazo, o chamado “gap de crédito”, o que prenuncia grave dificuldade financeira. O Brasil passou da zona de risco, apresentando um “gap de crédito” de 13,52 pontos percentuais, ou seja, o crédito cresceu mais que o PIB nessa proporção nos últimos três anos.
O BIS avalia que o descompasso entre crédito e PIB no ano passado, superior a 6 pontos percentuais, pode ter sido o “prelúdio de graves dificuldades financeiras”, de novas crises. Tailândia, Turquia e Indonésia superam o Brasil. A Argentina também tem excesso, mas abaixo do nível considerado de risco.
 
A efervescência estimula aumento de preços de ativos em vários emergentes. O BIS exemplifica que em grandes cidades brasileiras os preços de imóveis praticamente dobraram desde o início da crise do “subprime” americano – das hipotecas de alto risco -, que deflagrou a crise global: de 113,4% no Rio de Janeiro e 86,3% em São Paulo. Na China, os preços em Pequim e Xangai quase quintuplicaram desde 2004.
 
Nesses mercados, os desequilíbrios parecem se acumular em certas regiões ou certos segmentos. “No entanto, não significa necessariamente que um eventual colapso será menos danoso para o sistema financeiro, pois as operações são também concentradas nesses segmentos”.
 
O indicador do custo do serviço da dívida sugere igualmente um nível elevado que “pode trazer um problema”. Pelo levantamento do BIS, a proporção do PIB que as famílias e empresas do Brasil, China, Índia e Turquia estão destinando ao serviço da dívida supera, ou está perto de superar, seus níveis mais altos desde fins dos anos 1990.
 
O indicador pode subir ainda mais se as taxas de juros aumentarem em relação a seus baixos níveis atualmente. “É evidente que uma baixa das taxas de juros não freará o boom do crédito. E quando os juros subirem, o aumento do custo do serviço da dívida pode deflagrar uma desalavancagem dolorosa”, alerta.
 
Até o momento não houve, porém, aumento significativo da inadimplência No Brasil, as provisões estão entre as mais altas em relação aos atrasos nas carteiras. Entretanto, “a experiência mostra que os empréstimos ditos improdutivos são, no melhor dos casos, sinais imediatos, e não precursores, de uma crise financeira”, ressalva o banco.
 
“Estamos preocupados com o Brasil, mas é no bom sentido, não tem nada a ver com preocupações de dez anos atrás”, disse Stephen Ceccheti, economista chefe do BIS, num coquetel ontem à tarde.
 
Para Caruana, a “alta do crédito e dos preços de ativos (nos emergentes) aumentou a renda, reduziu o desemprego e melhorou a situação das finanças públicas, de forma que parece menos urgente se atacar problemas estruturais”. Ele considera que este é o momento de se fazer o dever de casa para evitar problemas sérios no futuro.
 
Para o BIS, as contas públicas de alguns emergentes “foram artificialmente inchadas pelo crédito e pelo preços dos ativos, um episódio potencialmente efêmero”, mas que “mascara a fraqueza latente das finanças públicas, a exemplo do que se passou nas economias desenvolvidas antes da crise”.
 
O BIS ainda adverte que se sinais recentes de desaceleração econômica se confirmarem, o horizonte poderá ensombrecer para essas economias. “Um volume de dívidas insustentáveis poderá se tornar um problema nos países que experimentam um crescimento de crédito com vigor sem precedentes”, diz o BIS.
 
O BIS também questiona a “solidez fundamental” de bancos dos emergentes, apesar de seus bons resultados apresentados. Compara com os países desenvolvidos às vésperas da crise. O BIS nota que a expansão de crédito e de preços de ativos em alguns emergentes “aumenta artificialmente os lucros das instituições locais” e coloca em dúvida a “viabilidade dos resultados dos bancos”.
 
Para a entidade, as autoridades devem basear a ação prudencial em avaliações rigorosas do risco das instituições cobrindo todo o ciclo conjuntural.
 
Presente na Suíça desde quinta-feira, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, avisou por meio de sua assessoria que não falaria com a imprensa.
 
Fonte: Valor Econômico/ Assis Moreira – 25/06/2012

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