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Tudo ia muito bem com a área de tecnologia do banco Itaú, até que, há pouco mais de um ano, seus diretores se viram diante de um impasse. A multiplicação das transações e serviços prestados aos correntistas vinha desafiando a capacidade de processamento do banco. Nos centros de dados do Itaú, um parque de três mil servidores – computadores de grande porte que gerenciam as operações das empresas – dava conta do recado, mas não seria assim por muito mais tempo. A equipe de TI já tinha feito as contas. Mantido aquele ritmo de crescimento de transações, seria preciso comprar mais mil servidores novos para suportar as operações nos próximos doze meses. Restavam duas saídas, diz João Bezerra Leite, diretor de infraestrutura e operações de TI do Itaú Unibanco. “Ou comprávamos essas mil máquinas, aumentando nossa estrutura física e tornando mais complexa a administração do parque, ou partíamos de vez para a virtualização dos servidores.”

A decisão não foi difícil. Afinal, a chamada “virtualização de servidores” já vinha sendo encarada como caminho obrigatório para qualquer grande empresa do mundo. Difícil era começar. “Queríamos montar um plano de longo prazo, que orientasse nossas ações nos próximos dez anos”, comenta Leite. O Itaú decidiu buscar apoio da fabricante de chips Intel, que atuou como consultoria e desenvolveu um projeto de virtualização para o banco. Durante meses, técnicos das duas empresas trocaram informações. A Intel chegou a trazer especialistas dos Estados Unidos para participar do projeto. 

Basicamente, o que a virtualização faz é permitir que sistemas específicos simulem o mesmo trabalho realizado pelas máquinas físicas. Uma situação muito comum em qualquer empresa é ter um grande número de servidores com suas capacidades subutilizadas, cada um voltado para um tipo de operação. Os sistemas de virtualização, um vez instalados em poucos servidores, passam a desempenhar o trabalho de centenas de máquinas, usando a capacidade total dos equipamentos.

Depois de desenhado o projeto, o Itaú passou a ter 70 servidores Hewlett-Packard (HP) com sistemas de virtualização da VMWare. Juntas, essas poucas máquinas desempenham a função de 1,1 mil servidores virtuais. “O resultado disso é que hoje temos uma capacidade instalada de mais de 4 mil servidores, enquanto, fisicamente, nosso parque de máquinas diminuiu”, comenta Leite.

Não são poucos os benefícios de se ter uma “geladeira” de servidores a menos dentro do centro de dados. Além de enfrentar limitações de espaço físico, as empresas têm que lidar com uma maior complexidade de gerenciamento e uma certa lentidão na solução de problemas. Soma-se ainda o custo de um centro de dados, hoje estimado em cerca de R$ 10 mil o metro quadrado. “A virtualização trouxe um ambiente mais fácil de administrar, mais rapidez nos serviços de suporte e uma economia de R$ 1,5 milhão por ano com custos de energia e manutenção”, diz Leite.

Com a fusão com o Unibanco iniciada no fim do ano passado, o Itaú quer expandir seu plano de virtualização. Para o ano que vem, está prevista a adoção de mais mil servidores virtuais.

O Itaú não é o único nem o primeiro banco a partir para a virtualização para ampliar sua capacidade de processamento. Entre os diversos bancos que já adoraram a tecnologia no país está o Santander, que realizou um projeto em parceria com a IBM. 

Até o início deste ano, o Santander vinha operando com uma estrutura de 1,8 mil servidores. De lá para cá, o banco reduziu essa estrutura em 30%. Até o ano que vem, diz Claudio Almeida Prado, diretor de tecnologia do grupo Santander, serão apenas 900 máquinas físicas em operação. “Por outro lado, já temos algo perto de 1,8 mil servidores virtuais em operação.”

Dos servidores, os bancos querem expandir a virtualização para os computadores comuns usados pelos funcionários. Seja em um PC tradicional ou um simples terminal de acesso (o chamado thin client, ou terminal magro, na tradução livre), a ideia é usar máquinas virtuais para compartilhar dados. O projeto já teve início no Santander, que hoje conta com um parque de 55 mil computadores. 

Nos últimos 18 meses, comenta Prado, o Santander já injetou cerca de R$ 200 milhões em projetos de virtualização de sua infraestrutura de TI. A expectativa do banco é que a redução de custos atrelados a consumo de energia, manutenção de equipamentos e aquisição de licenças de software gere uma economia anual de aproximadamente R$ 80 milhões. 

“A virtualização é um caminho sem volta”, comenta João Bezerra Leite, do Itaú. “A redução da compra de equipamentos pode até incomodar alguns fabricantes, mas a verdade é que eles sabem muito bem que não adianta brigar contra o futuro.”

Fonte: Valor Econômico/André Borges – 24/11/09

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