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A expectativa de que a caderneta de poupança volte a atrair mais aplicações no rastro da queda da taxa Selic, combinada às estimativas de um ritmo menor da oferta de financiamento imobiliário, empurrou para 2014 a preocupação do setor com o esgotamento da poupança como fonte de recurso para os empréstimos habitacionais.

Até a primeira metade deste ano, a velocidade de aumento das concessões e a queda do ingresso de recursos na caderneta preocupavam a ponto de especialistas estimarem o esgotamento do “funding” de poupança, o mais barato e tradicional, já para 2012.

Essa conta previa uma expansão dos financiamentos em torno de 50% ao ano e uma evolução de 20% do saldo da poupança. O ritmo de expansão dos desembolsos começou forte em 2011 – foi de 60% em janeiro (contra janeiro de 2010) e de 70% em fevereiro. Mas a velocidade veio caindo e ficou em 30,4% em novembro, de acordo com os dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), obtidos com exclusividade pelo Valor.
Com isso, a taxa de expansão dos desembolsos em 2011, até novembro, está em 43,3%, ante 65,2% no dado fechado de 2010.

Em novembro, os financiamentos feitos com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) totalizaram R$ 6,72 bilhões. No ano, as concessões somavam, até o mês passado, R$ 71,68 bilhões.

O volume total de recursos depositados em poupança era de R$ 414 bilhões em 30 de novembro, evolução de apenas 9,3% em relação ao saldo no fim de 2010. Em dezembro, porém, as captações parecem ter sido retomadas com mais força. No mês, até o dia 16, último dado disponível, a captação da caderneta estava positiva em R$ 11,857 bilhões, ante R$ 1,237 bilhão no mesmo intervalo de 2010.

“Com a projeção de queda da taxa básica de juro, a poupança fica mais rentável e, por isso, atraente”, observa Antonio Barbosa, diretor de crédito imobiliário do HSBC. Na avaliação do executivo, caso a velocidade dos desembolsos se mantenha num patamar de expansão anual próxima de 30% e a caderneta consiga elevar o ritmo de captações líquidas para cerca de 20%, os recursos da poupança poderiam suportar as concessões de financiamento imobiliário por mais dois anos.

A Abecip projeta um desempenho robusto para o mercado em 2012, com crescimento entre 30% e 40%. “A perspectiva é boa até por conta do estoque de unidades que precisam ser entregues”, diz Octávio de Lazari Junior, novo presidente da entidade. O executivo, que dirige a área de empréstimos e financiamento do Bradesco, espera que a carteira do banco acompanhe o ritmo de expansão do mercado.

Mas, se no segmento de pessoas físicas o mercado de financiamento imobiliário tende a permanecer aquecido, para as pessoas jurídicas, que respondem por 45% do volume de recursos direcionado da poupança, a previsão é de crescimento mais lento nas concessões. “Vemos uma acomodação natural das empresas, que passaram a se preocupar mais com a rentabilidade e com a execução dos projetos, haja vista a quantidade de atrasos”, afirma José Roberto Machado, diretor de crédito imobiliário do Santander.

A estimativa de um crescimento entre 30% e 40% dos financiamentos feitos com recursos da caderneta de poupança no próximo ano é considerada agressiva por diversos agentes. “Acredito que 25% seja um bom número para projetar de crescimento do mercado”, afirma Barbosa, do HSBC. “Olhando o desempenho dos últimos meses já é possível ver uma diminuição no ritmo de concessão de crédito.”

Para Barbosa, 2011 deve fechar com um volume de R$ 80 bilhões em financiamentos com recursos da poupança e, em 2012, as novas concessões devem alcançar R$ 100 bilhões.

A Caixa Econômica Federal, líder de mercado, projeta para 2012 um crescimento médio das operações de financiamento imobiliário de 15% em relação a 2011. O banco estatal prevê aplicar aproximadamente R$ 100 bilhões em 2012, dos quais R$ 62 bilhões serão destinados à habitação social. Para este ano, a previsão é encerrar com um volume de R$ 90 bilhões em contratações, aumento de 18,5% ante 2010.

Para o diretor de habitação da Caixa, Teotonio Rezende, tanto a captação positiva da caderneta de poupança como a possibilidade de acessar um mix de recursos, como a Letra de Crédito Imobiliário (LCI), ajudariam a enfrentar problemas sérios de funding para os próximos anos.

O fôlego adquirido para os próximos anos, porém, está longe de tonar o panorama do crédito imobiliário algo que possa ser considerado confortável. Luiz Antonio França, diretor de crédito imobiliário do Itaú Unibanco, diz que sua posição sobre o esgotamento do funding da poupança não mudou. “O público da poupança tem tamanho determinado, não dá para contar com aquele investidor que entra e sai rapidamente”, explica. Os esforços por outras opções de captação de recursos, portanto, continuam.

Fonte: Valor Econômico/Aline Lima – 26/12/2011

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