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O número de vendas de veículos com entrada aumentou pelo menos 50%, após a o início das normas de restrição ao crédito do Banco Central. Ainda assim, a inadimplência com financiamentos está crescendo.

Segundo o economista da Agência de Varejo Automotiva MSantos, Ayrton Fontes, os atrasos de 30 a 60 dias aumentaram cerca de 24%, ao passo que os atrasos acima de 90 dias cresceram 15%. Esse tipo de atraso já é considerado inadimplência pelo Banco Central, que calculou que a taxa de inadimplência atingiu 3,3% do total das operações de crédito para compra de carro em abril. Já a taxa de atrasos de até 90 dias atingiu 81% do total das operações do mês.

Apesar do aumento da inadimplência, os consumidores não pararam de comprar. Tanto é que as vendas de automóveis e comerciais leves avançaram 10% em maio, segundo o último relatório da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Ao todo, foram vendidas 300.534 unidades, contra 272.913 de abril.

“Estávamos esperando desaceleração, mas ainda há uma demanda reprimida muito grande no País, principalmente entre os consumidores de baixa renda”, afirma Fontes. “O Brasil tinha um potencial muito grande de consumo. E com o aumento da inadimplência, a gente percebe que o fim não vai ser bom”.

Consumo e crise
Os consumidores que pensam em comprar um carro parecem estar alheios aos aumentos de crédito e dos juros dos financiamentos. Mas não é bem assim. Fontes calcula que os financiamentos sem entrada com prazo de 60 meses estão caindo. Mas, apesar da alta das vendas com entrada, elas só estão sendo possíveis porque está havendo uma flexibilização do pagamento inicial.

A possibilidade de parcelar a entrada, contudo, deve-se a um outro fator. “As concessionárias ainda enfrentam uma crise. Elas estão operando com uma margem pequena de lucro. E as montadoras estão segurando os preços há dois anos”, afirma o economista. Diante disso, elas lançam mão de alternativas para atrair os consumidores, ainda ávidos por consumo.

Para quem planeja comprar o primeiro carro, essas medidas estão dando certo. Levantamento feito pela MSantos mostrou que, em abril, dos 1.085 entrevistados, visitantes de feirões realizados em São Paulo, 47,3% estavam comprando o primeiro carro. Em março de 2010, em plena euforia da renda e do crédito, esse percentual era maior, de 53,7%.

Apesar das ações do mercado e da alta demanda, os estoques ainda estão cheios, acima de 40 dias – a média de mercado é 28 dias. A concorrência chinesa também pode piorar a situação e anular as medidas adotadas pelas concessionárias. “Os concorrentes chineses vão começar a incomodar, porque eles têm preço e volume”, afirma Fontes.

Queda do consumo
Mesmo com a demanda ainda elevada, a tendência, para o economista, é de queda do consumo, tendo em vista as restrições de crédito e aumento de juros. “Uma hora cai, porque o País não tem condições de suportar um consumo desse nível”, diz Fontes.

Há quem diga que o Brasil pode enfrentar uma bolha no futuro, diante de tamanho consumo. Nesta semana, o articulista do Financial Times, Moisés Naim, alertou para isso. Segundo ele, não existem dúvidas a respeito de que a economia brasileira está superaquecida e a caminho de uma bolha.

No artigo, Naim afirma que o Brasil é um dos países mais caros do mundo e que a moeda forte, consumo e crédito, aliados a bons níveis de empregabilidade e otimismo dos investidores estrangeiros, devem ser vistos com cautela pelo governo. Para Naim, é preciso que ele adote medidas para desaquecer a economia, ainda que elas sejam impopulares.

InfoMoney, 03 de junho de 2011

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