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O vencedor da eleição presidencial americana – até o fechamento desta edição, a contagem de votos ainda não havia sido concluída – enfrentará uma recuperação lenta da economia, que está sob o peso das incertezas fiscais e regulatórias e a desaceleração do crescimento global.
 
A economia dos Estados Unidos deu sinais de melhora nos últimos meses. O desemprego está abaixo de 8%, as ações estão em alta, o setor imobiliário está revivendo e os consumidores começam a aumentar os gastos com automóveis e outros itens de preço alto, após quatro anos pagando dívidas.
 
No entanto, o crescimento econômico global é modesto. Muitas economias europeias estão em recessão e atormentadas por turbulências financeiras. A China, a segunda maior economia do mundo, perdeu vigor, crescendo a uma taxa de 7,4% no terceiro trimestre, em comparação com 9,2% no ano passado.
 
O vencedor da disputada eleição entre Mitt Romney e Barack Obama tem pela frente um caminho longo e árduo.
 
A questão econômica mais premente depois da eleição é o chamado abismo fiscal, um total de US$ 500 bilhões em cortes de gastos e aumentos de impostos compulsórios que começarão a vigorar em janeiro, a menos que o Congresso e o presidente Barack Obama façam um acordo para adiar ou substituir essas medidas antes disso. A Casa Branca e os líderes do Congresso adiaram as negociações até depois da eleição, esperando para ver qual partido sairá com mais força.
 
“Muitas empresas estão segurando os gastos de capital, deixando em suspenso as contratações e o plano de negócios para 2013, tudo na dependência do que acontecerá com o abismo fiscal”, diz James Meil, economista-chefe da Eaton Corp., fabricante de máquinas industriais de Cleveland, no Estado americano de Ohio.
 
Executivos da Linear Technology Corp., fabricante de chips de Milpitas, na Califórnia, disse que os clientes estão deixando as encomendas em suspenso devido às incertezas sobre a Europa, além da política de Washington. O faturamento subiu 1,6% no trimestre encerrado em 30 de setembro em relação ao ano anterior, e o lucro líquido caiu 3%.
 
O diretor-presidente Lothar Maier diz que os negócios poderiam acelerar muito se algumas dessas incertezas fossem resolvidas. Por enquanto, disse ele, “não estamos construindo nenhuma fábrica nova, nem contratando muita gente nova na esperança de que isso aconteça”.
 
As chances de cooperação política em Washington são tão difíceis de avaliar como as perspectivas econômicas. Andrew Kohut, presidente do Centro de Pesquisas Pew, disse que os eleitores poderiam enviar uma mensagem aos políticos no sentido de que estes precisam cooperar e enfrentar as questões fiscais que já aparecem no horizonte. “Ou então pode haver uma situação em que cada lado vê um pouco de força na sua própria posição, e continua aferrado ao seu ponto de vista”, disse ele.
 
“O que estamos realmente dizendo é o seguinte: Será que vamos levar quatro ou cinco anos para sair desse buraco? Ou 10 ou 12 anos?”, diz Kenneth Rogoff, professor de economia e de política pública da Universidade de Harvard. “Nada vai nos fazer sair desta situação dentro de um ano ou dois. Isso seria realmente um milagre. Mas as boas medidas políticas podem fazer com que isso se realize mais rápido.”
 
Allen Sinai, economista-chefe da Decision Economics, vê a economia americana mergulhando de novo na recessão em 2013, se Washington não evitar o abismo fiscal. Se este for evitado, mas os parlamentares e o presidente não fizerem nada para reduzir o déficit federal no longo prazo, ele prevê que a economia vai se arrastar a uma taxa de crescimento de 2% a 2,5%, o que não trará uma boa redução no desemprego durante anos.
 
Mas se os responsáveis pelas políticas encontrarem um plano que reformule o código tributário de modo a dar apoio ao crescimento econômico e reduzir os déficits, disse Sinai, o aumento na confiança do consumidor acrescentará, segundo ele, até um ponto percentual à taxa de crescimento do país, e reduzirá o desemprego mais depressa.
 
A Casa Branca poderá se beneficiar de uma taxa de juros extraordinariamente baixa durante pelo menos mais alguns anos.
 
O Federal Reserve, o banco central americano, afirmou que espera manter as taxas de juros de curto prazo perto de zero até meados de 2015. O Fed está comprando grandes quantidades de hipotecas e títulos do Tesouro para segurar o juro de longo prazo. Ben Bernanke continuará como presidente do Fed até janeiro de 2014. Muitos amigos seus disseram que esperam que ele se demita quando seu mandato terminar.
 
Por enquanto, parece certo que o Fed está focado em promover crescimento econômico do país, especialmente em setores da economia sensíveis aos juros, tais como as vendas de imóveis e veículos. As compras de automóveis cresceram 8,9% no terceiro trimestre em relação a um ano antes, e a construção residencial aumentou 13,8%, segundo dados do Departamento de Comércio.
 
“Estamos vendo um mercado imobiliário que parece bastante saudável”, diz Joel Shine, diretor-presidente da Woodside Homes, construtora da costa oeste do país. Ele diz que espera construir este ano de 1.200 a 1.300 residências em mercados como Califórnia, Arizona, Nevada, Utah e Texas, e de 1.400 a 1.500 no próximo ano.
 
Uma estiagem nas novas construções desde a crise imobiliária significa que a quantidade de imóveis disponível no mercado está ficando mais apertada, disse Shine. Em muitos mercados havia residências suficientes para dar conta de cerca de dois meses de vendas, disse ele, em comparação com ofertas suficientes para cinco a sete meses em tempos normais.
 
O novo fôlego da construção residencial faz parte de uma recuperação mais ampla no setor da habitação que parece estar tomando forma. O índice Case-Shiller da Standard & Poor”s de preços de imóveis em 20 cidades estava 2% mais alto em agosto do que um ano antes.
 
O preço dos imóveis é importante para os consumidores, já que uma parte muito grande do patrimônio familiar está aplicada em imóveis. A estabilização no setor da habitação é um dos motivos pelos quais muitos economistas acreditam que a economia americana pode estar posicionada para alcançar mais crescimento se os legisladores não fizerem um fiasco ao lidar com os problemas fiscais iminentes.
 
Mas tal como muitos empresários, eles só acreditam vendo. Os analistas pesquisados pelo The Wall Street Journal em outubro estimam que a economia vai crescer a uma taxa de 2,3% em 2013. E preveem que o desemprego ficará acima de 7% até 2014.
 
Fonte: Valor Econômico/ The Wall Street Journal/ Damian Paletta/ Jon Hilsenrath – 07/11/2012

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