As perdas futuras esperadas para os bancos espanhóis poderão alcançar cerca de € 200 bilhões, conforme estimativas do Banco Barclays, de Londres, enquanto o governo examina a criação de um “bad bank” para absorver ativos tóxicos do setor.
A expectativa é de que a inadimplência baterá o pico de 13% no segundo semestre do ano que vem. As perdas dos bancos vão aumentar em todas as carteiras, com prejuízos no setor imobiliário representando a maior parte da perda.
Segundo o Barclays, a atividade econômica e os preços de imóveis continuarão a cair na Espanha, e isso implicará aumento do calote nas carteiras de crédito imobiliário, dos atuais 20% para 35% do estoque.
Os preços de imóveis no país poderão declinar adicionalmente entre 20% e 25%, totalizando queda de até 40%. Com isso, o banco britânico estima que a recuperação de financiamentos no setor imobiliário será de apenas 35% na média.
O governo espanhol luta para frear especulações de que precisará de um pacote de socorro internacional para resgatar os bancos do país.
O Barclays nota que a Espanha está solvente, mas que se os investidores estrangeiros continuarem a cortar sua exposição no país, o jeito será o governo de Mariano Rajoy buscar mesmo ajuda externa, diz o Barclays.
Para analistas, está claro que um decreto de saneamento dos bancos, que exigiu € 50 bilhões de recapitalização, não é suficiente para colocar os ativos imobiliários a preços de mercado.
Nesse cenário, ainda com incertezas substanciais no mercado, o Barclays calcula que o custo fiscal da recapitalização bancária exigirá € 57 bilhões de adicionais.
Os bancos já reservaram € 110 bilhões em provisões, sobrando € 88 bilhões de perdas não cobertas. Barclays estima que, se a situação econômica espanhola deteriorar ainda mais, as perdas futuras dos bancos podem subir para € 266 bilhões.
Fonte: Valor Econômico/ Assis Moreira – 08/05/2012