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O governo acredita que a expansão do crédito, a melhora da confiança dos empresários, a redução dos juros, a desvalorização do real, as medidas de estímulo à atividade econômica e a recuperação da agricultura vão acelerar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo semestre. Revelando otimismo que não se vê no mercado, Brasília aposta que as “travas” que impediram um crescimento mais rápido no primeiro semestre estão sendo removidas.
 
A baixa expansão do PIB no segundo trimestre – de apenas 0,4% sobre o trimestre anterior – já era esperada pelas autoridades. O IBC-Br, índice do Banco Central (BC) que tem grande correlação com o PIB apurado pelo IBGE, mostrou crescimento de apenas 0,38% entre abril e junho. Para o governo, agora o PIB vai acelerar.
 
Uma das “travas” apontadas por fontes oficiais é o endividamento das famílias. Uma das pesquisas utilizadas pela área econômica é a de endividamento e inadimplência do consumidor, conduzida pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Entre agosto e dezembro de 2011, segundo essa pesquisa, o percentual de famílias que informaram não ter condições de pagar suas dívidas caiu de 8,2% para 7,2%. O número de famílias endividadas também diminuiu no período. O problema é que, nos meses seguintes, os indicadores pioraram.
 
O que anima o governo é que, mais recentemente, os números melhoraram. De acordo com a CNC, em agosto, o percentual de famílias sem condições de honrar suas dívidas caiu para 7,1%. O total de endividadas subiu em relação a julho – de 57,6% para 59,8% -, mas está nos níveis do fim de 2011. Quando comparado ao mesmo mês do ano passado, o número de famílias com contas em atraso recuou, em agosto, de 24,4% para 21,3%.
 
“A redução dos spreads bancários e a manutenção do emprego [a taxa de desemprego continua na mínima histórica] num quadro em que a queda da produção não afetou o mercado de trabalho, e este sustenta o rendimento das famílias, indicam que o canal de crédito está pronto para sustentar o consumo”, argumenta um assessor.
 
Os números do crédito em julho, primeiro mês do trimestre em que o governo acredita que começará a retomada, foram fracos – crescimento de 0,7% em relação a junho e de 0,4% se considerado apenas o crédito do setor privado. Banqueiros e técnicos do governo consultados pelo Valor sustentam, todavia, que julho é um mês atípico para o crédito.
 
No caso das pessoas físicas, trata-se de um mês de férias escolares e sem efemérides, dois fatos que reduzem o movimento de compras. No caso das pessoas jurídicas, julho é um mês considerado morto porque é em agosto e setembro que as empresas começam a formar estoques para o Natal. Nesse período, diz o diretor de um banco, as companhias recorrem mais a capital de giro, por exemplo.
 
No caso dos agricultores, julho é um mês de quitação de dívidas da safra anterior. As liberações de crédito para a safra seguinte começam em agosto. O governo aposta na recuperação da agricultura como um dos fatores de aceleração do PIB neste e no próximo ano.
 
No primeiro trimestre, o setor agropecuário, prejudicado pela seca na região Sul, registrou crescimento negativo de 8,5%, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. No segundo trimestre, avançou 1,7%. A perspectiva, daqui em diante, é de aceleração, de acordo com expectativas do próprio mercado, levantadas pelo Boletim Focus, do Banco Central – crescimento de 2,73% no terceiro trimestre, de 2,88% no quarto e de 4,40% entre janeiro e março de 2013, sempre na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.
 
A equipe econômica aposta, também, que as “travas” que impediram a tomada de crédito pelas empresas na primeira metade do ano estão igualmente sendo removidas. Diferentemente das pessoas físicas, o problema nos primeiros meses do ano não foi de oferta, mas de demanda por empréstimos. Preocupadas com o cenário de turbulência nas economias europeias, as companhias evitaram pegar crédito.
 
“O estado de confiança das empresas estava abatido”, diz uma fonte oficial. “As empresas levaram um susto com a crise, com a queda do comércio mundial, que vem recuando desde a crise de 2008, crescendo abaixo do PIB mundial e que, no segundo trimestre de 2102, avançou apenas 0,3%”, explica esse assessor, referindo-se a dados do CPB, instituto independente de pesquisa da Holanda.
 
A crença do governo é a de que o pior momento do pessimismo das empresas brasileiras passou. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), da Fundação Getúlio Vargas, cresceu 1,4% em agosto, se comparado a julho, atingindo o maior nível (104,1 pontos) desde julho do ano passado, embora ainda esteja abaixo da média histórica (105,5 pontos). O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) também cresceu – de 83,7% para 84,0% entre julho e agosto.
 
Fonte: Valor Econômico/ Cristiano Romero – 03/09/2012

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