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O mercado financeiro parece ter aceitado melhor que a maioria dos economistas essa nova postura do Banco Central, mais tolerante com a inflação e menos preocupado em calibrar as expectativas dos agentes econômicos.

Isso pôde ser medido, ontem, com a reação no mercado de juros futuros, que caíram de forma generalizada, tanto nos contratos de vencimento mais imediato quanto nos de prazo mais longo. “O movimento dos juros futuros não indica uma catástrofe”, afirmou um operador.

“Essa história de perda de credibilidade do Banco Central é teoria de economista. Quem bota dinheiro em jogo, que é o mercado, não perdeu a confiança, ou não estaria apostando em queda do juro lá na frente”, diz um banqueiro que, na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), apostava em corte da taxa Selic – embora em intensidade menor, de 0,25 ponto percentual.

Esse mesmo banqueiro acreditava que o juro mais longo subiria ontem, diante das fortes críticas ao BC. Mas o que se viu ontem foi forte entrada de investidores estrangeiros, sustentando a queda do juro. “O estrangeiro está olhando o cenário e acreditando em juro real na faixa de 2% a 3%, como em outros países. Ou seja, taxa nominal de 8% a 9% e inflação de 6%, algo semelhante ao que se passa na Turquia”, opina o mesmo banqueiro.

Mas há quem diga o movimento do juro pode ser atribuído mais a questões técnicas do que a convicções. Profissionais observam que, mesmo com o corte da Selic, o juro pago pelo país ainda é muito alto. E, se o BC dá início a um ciclo de alívio monetário, então a hora é de aproveitar a taxa ainda mais alta. “O investidor estrangeiro, que é quem aplica principalmente nos contratos de longo prazo, não quer saber se o BC está errado ou não, ele quer saber se tem espaço para arbitragem”, diz um operador.

Se nos juros a reação foi moderada, o mesmo não aconteceu com o mercado de títulos públicos. As NTN-B, papéis públicos atrelados ao IPCA, o índice da meta de inflação, mostram elevação na expectativa de alta dos preços. A NTN-B com vencimento em 2013 passou a embutir em sua remuneração uma taxa de inflação de 6,13%, que é 0,47 ponto acima da taxa negociada na véspera. Já a inflação do título com vencimento em 2014 disparou de 5,71% para 6,01%.

O movimento desses títulos, de certa forma, ratifica a leitura dos economistas, que também começaram a refazer as contas sobre o rumo da inflação. Entre esses especialistas, o principal argumento utilizado é de que a demanda interna ainda está aquecida em determinados setores, como o de serviços, e o corte de juros vai “alimentar” esses segmentos.

O economista Thiago Curado, da Tendências Consultoria, diz que ao fazer a redução de 50 pontos base na taxa básica de juros, “o BC se comprometeu com uma inflação mais alta lá na frente”. Segundo Curado, o corte feito “na marra” terá impacto principalmente na inflação dos serviços, que gira na casa dos 9% em 12 meses e deve fechar em 8,4% em 2011. A previsão de uma elevação de 7% para os mesmos preços em 2012, diz ele, deve ser revisada para cima após a decisão inesperada de ontem. “A demanda interna ainda está muito aquecida, acima da capacidade de oferta. Há ganhos reais de renda e o desemprego está baixo”, observa.

A MB Associados segue a mesma linha de raciocínio e elevou a previsão do IPCA de 2012 de 5,3% para 5,7%. Para 2011, a expectativa foi mantida em 6,5%, segundo Sérgio Vale, economista-chefe da MB.

(Colaboraram Sergio Lamucci e Arícia Martins)

Fonte: Valor Econômico/Lucinda Pinto, Fernando Travaglini e Vanessa Adachi – 02/09/2011

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