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Enquanto a crise da dívida soberana da Europa ganha força e a outrora impensável possibilidade de um rompimento da união cambial do continente se torna uma possibilidade real, o próprio euro continua surpreendentemente resistente, especialmente em relação ao dólar. Com poucas exceções, o euro foi negociado acima de US$ 1,3 nos últimos dois anos.

Fico imaginando os motivos de a indecisão dos líderes europeus não implicar em um preço mais alto para a moeda única. Isso é um assunto de especial importância para mim, uma vez que pretendo me mudar para Berlim, onde poderei considerar a possibilidade de comprar um apartamento – se eu puder ter certeza de que meu investimento não perderá grande parte de seu valor por causa da valorização do dólar.

Portanto, espero consultar alguns especialistas para descobrir o que está acontecendo. O ponto principal: não se trata tanto da força do euro, e sim da fraqueza do dólar, e nenhum dos dois é particularmente atraente quando comparado a moedas como o franco suíço, o dólar australiano e o iene japonês. O mercado dólar-euro é “uma batalha de moedas infames”, me disse Neil Mellor, um estrategista de câmbio do Bank of New York Mellon, em Londres.

Como o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, não dá sinais de aperto na política monetária, não há muitos incentivos para os operadores comprarem dólares. “O Fed está adotando uma política de aviltamento da moeda e eu não acredito que isso vai mudar no curto prazo”, disse Mellor.

Faz sentido, mas ainda é preocupante para alguém que esteja considerando uma grande compra em euros. Assim, decidi procurar uma segunda opinião. Sara Yates, do Barclays, não discordou do desempenho do euro em relação a moedas baseadas nas commodities como os dólares australiano e canadense. Mas ela observou que alguns motivos estão levando os operadores de câmbio a dar um grande apoio ao euro nos últimos dois anos.

As manchetes terríveis de jornais sobre a zona do euro são muitas, mas Yates acredita que está havendo um número suficiente de boas notícias para evitar o colapso da moeda. Apesar da hesitação e dos poucos negócios através do continente, os líderes europeus conseguiram montar um plano de socorro para a Grécia, e o Banco Central Europeu (BCE) animou os bancos comerciais com € 1 trilhão em empréstimos com prazo de três anos. “Há outros problemas, mas de certa forma a área do euro está agora melhor protegida contra um colapso do que há dois anos”, diz Yates.

A moeda provavelmente também está recebendo um apoio substancial da China e do Oriente Médio. A maioria dos países ainda mantêm suas reservas cambiais em dólares, mas há poucas dúvidas de que muitos gostariam de diversificar suas posições. É difícil encontrar números que mostrem o que os bancos centrais estão tramando, mas está bem claro que quando o euro começar a cair, bancos de todas as partes do mundo começarão a comprar.

Com o aumento dos preços do petróleo, países do Oriente Médio se viram com bastante dinheiro em caixa e “precisam diversificar parte dos dólares que recebem com suas vendas de petróleo”, diz Chris Walker, um estrategista de câmbio do UBS em Londres.

Nick Bennenbroek, diretor de estratégia de câmbio do Wells Fargo em Nova York, observa que parte da resistência demonstrada pelo euro este ano se deve ao fato de que grande parte do sentimento negativo já estava computado na taxa euro-dólar no fim de 2011. Mesmo assim, ele e outros estrategistas de câmbio com quem falei preveem um maior enfraquecimento do euro diante do dólar nos próximos seis a 12 meses, para algo entre US$ 1,2 e US$ 1,25 (54 operadores de câmbio e estrategistas consultados pela Bloomberg preveem que o euro será negociado a US$ 1,3, no quarto trimestre).

“Os investidores ainda estão preocupados com os fundamentos de longo prazo do euro”, diz Bennenbroek. “Veremos um crescimento lento ou até mesmo uma recessão na Europa, o que levará a um enfraquecimento do euro ao longo do tempo.”

E se o euro se desintegrar? Nenhuma das pessoas com quem conversei descarta isso. Richard Franulovich, um estrategista do Westpac Banking em Nova York, diz que o “cenário básico” seria a Grécia sair da zona do euro num prazo de 12 a 18 meses.

“Em algum momento a população vai achar que ficará melhor fora do euro”, afirma. E depois disso? “Se a Grécia sair, poderemos ver facilmente o BCE deixar de lado todo o seu conservadorismo e passar a garantir todos os bônus em euros para manter os outros países fracos dentro da união monetária.”

Franulovich afirma que o oposto também poderá acontecer, com o BCE podendo dizer que será melhor permitir que as outras economias fracas também sigam seus próprios rumos. “Se houver um desmanche do euro, poderá haver uma cadeia incalculável de eventos”, diz ele. Prever o que poderá acontecer “é como tentar desfazer uma omelete e tentar colocá-la de volta no ovo”.

Talvez seja melhor, por enquanto, eu deixar de lado a ideia de comprar um apartamento.

Fonte: Valor Econômico/ Bloomberg BusinessWeek/ David Rocks – 30/04/2012

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