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O desemprego no Brasil fechou 2012 em sua mínima histórica, a renda das famílias mostrou crescimento acima da inflação e as taxas de juros de financiamentos estão em níveis historicamente baixos. Os ventos sopram a favor, mas a inadimplência rema contra. Estáveis em um patamar alto, os calotes custam a ceder mesmo diante de um cenário aparentemente favorável. A resistência, segundo analistas e banqueiros, tem relação com a bancarização e a força do endividamento das famílias, ligada à “ressaca” da expansão veloz do crédito na última década.
 
O desempenho dos bancos que já divulgaram seus resultados do quarto trimestre, Bradesco e Santander, é emblemático do desafio que as instituições ainda vão enfrentar neste ano. Ambos prometem melhoras até a segunda metade deste ano. O indicador do Banco Central (BC) também seguiu estável e fechou dezembro em 5,8%, acima da média histórica.
 
 
“Nem tudo na inadimplência está ligado ao emprego. O quanto você compromete da renda é um fator determinante”, afirma José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. De acordo com dados do BC, o percentual da renda mensal das famílias destinado ao pagamento de dívida financeira vem caindo desde julho, quando era 22,32% e fechou outubro em 21,5%, dado mais recente. Ainda assim, segue acima da média histórica.
 
Paralelamente, o endividamento das famílias, que relaciona as dívidas financeiras das famílias e a renda acumulada nos últimos 12 meses, ganhou tração em outubro, dado mais recente divulgado pelo BC. Naquele mês, o indicador estava em 44,5%, ante 42,4% de um ano antes.
 
Para alguns economistas, o crescimento do endividamento pode ser sinal de que economia com os juros menores está sendo direcionada para novos créditos. “Os estímulos do governo ao consumo impedem que as famílias fiquem menos endividadas”, afirma analista ligado a um banco, que preferiu não ser identificado. “É possível que parte da economia com juros vá para contratação de novas dívidas.”
 
O alto endividamento tem feito parte das explicações de banqueiros para justificar aos acionistas a resistência da inadimplência. Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, afirmou que os calotes ainda não caíram tanto quanto se imaginava graças ao processo de bancarização, que se deu via crédito. O diretor Luiz Carlos Angelotti estimou na teleconferência com analistas que a inadimplência no banco pode fechar o ano perto de 3,6%, ante 4,1% em dezembro de 2012. A instituição espera ampliar a carteira entre 13% e 17% neste ano, ante 11,5% em 2012.
 
Já Marcial Portela, presidente do Santander Brasil, disse que é elevado o endividamento das famílias brasileiras. O baixo crescimento do PIB em 2012 também deteriorou a capacidade de pagamento das empresas e contribuiu para o calote. O banco dividiu a melhora da inadimplência em duas etapas: a pessoa física já no primeiro semestre e a pessoa jurídica, no segundo. O plano do banco espanhol é crescer 15% no crédito.
 
A persistência da inadimplência ainda tem um componente matemático. Medida pela relação entre os empréstimos atrasados em mais de 90 dias e o saldo total de operações, a taxa costuma ter uma relação inversa com o crescimento do crédito. “Toda vez que o crédito desacelera, os empréstimos ruins vem à tona”, diz Breno Costa, da consultoria Go On.
 
O saldo de operações com recursos livres, que serve de base para cálculo da inadimplência, cresceu 13,7% no acumulado de 12 meses encerrado em dezembro de 2012. Em 2011, esse percentual era de 19,8%. Como os bancos ensaiam maior crescimento de suas carteiras neste ano, isso deve colaborar para o recuo dos atrasos.
 
O fator matemático também ajuda a explicar a diferença da inadimplência de bancos privados e públicos. Nas instituições públicas, o crédito segue crescendo, o que “dilui” o de pior qualidade e assim, a inadimplência cai.
 
Fonte: Valor Econômico / Felipe Marques – 01.02.13

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