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Preteridos pelos investidores em tempos de crise internacional, os bancos pequenos e médios começam a se voltar para alternativas de captação no mercado local. Uma das que mais vem crescendo são as Letras Financeiras, que registraram em um ano um explosivo aumento de 115%, para R$ 209 bilhões.
 
Sergio Lulia Jacob, vice-presidente de finanças do ABC Brasil, informa que o banco vem utilizando cada vez mais o instrumento. O ABC Brasil tem R$ 713,9 milhões desses papéis, o equivalente a 5,9% da captação total do banco. No ano passado, essa participação era de 0,6%.
 
No entanto, as emissões foram restritas, endereçadas a um grupo específico de investidores. “Ainda não há uma demanda padronizada em relação a prazos e remuneração para se fazer uma emissão pública, mas esse é o caminho natural para esse mercado”, afirmou.
 
O Daycoval também vem registrando emissão crescente de Letras Financeiras. “Em algum momento, este instrumento vai pegar. Ele tem prazo mínimo de dois anos, negociável para investidores qualificados”, diz Ricardo Gelbaum, diretor de RI do Daycoval. Gelbaum cita que a taxa de juros decrescente, o aumento do risco e a conversão de recursos em dólar para reais tornaram o preço da captação externa inviável. “Priorizamos a captação local, que está mais acessível.”
 
O economista João Augusto, da consultoria Lopes Filho, lembra que existe a oferta do instrumento cresceu também após a retirada do seu compulsório, que o tornou atrativo para os bancos.
 
A situação para os bancos brasileiros médios piorou após escândalos como o do Panamericano e Cruzeiro do Sul. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), no primeiro semestre do ano apenas três players acessaram o mercado internacional para emissão de bônus, dois deles ligados ao poder público, o estadual Banrisul e o federal Banco do Nordeste. A exceção foi o BMG, que realizou uma emissão de US$ 150 milhões em março.
 
No mesmo período do ano passado, cinco desses bancos realizaram emissões. A queda no volume das captações, que passaram de R$ 1,3 bilhão para R$ 950 milhões, foi de 26,93%, queda maior do que a registrada entre os grandes bancos, entre os quais o volume de emissões já é sete vezes maior.
 
Alexandre Ponzi, superintendente de relações com investidores do Banrisul, diz que o banco não pretendia realizar a emissão de títulos de US$ 500 milhões este ano.
 
“Aproveitamos não uma janela, mas uma ‘fresta’ do mercado, com o objetivo de buscar recursos externos com prazos maiores, mirando novas exigências de Basileia III. Porém, houve uma flexibilização das regras pelo Banco Central. Estávamos no meio do processo, e resolvemos continuar”. Foi a primeira emissão em renda fixa do banco. “Conseguimos criar benchmark para futuras idas ao mercado externo.”
 
Aloisio Lemos, analista de bancos da corretora Àgora, explica que as opções de funding se restringiram. “Os investidores ficaram mais seletivos”, aponta. A liquidez dos bonds diminuiu, e as taxas aumentaram. “É um fator que influencia todas as captações, mas os bancos de menor porte sofrem mais”, diz Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Ratings. “Estes bancos têm urgência em captar”, completa Augusto.
 
Augusto aponta que o custo de captação para os bancos menores está em torno de 110% do CDI, quando, há dois anos, era de 105%. Para os grandes bancos, o custo médio é de 100% do CDI. Como opções, instrumentos como os CDBs atendem necessidades de capital de giro. A lacuna, analisa Lemos, está em operações no varejo, que pedem funding de longo prazo.
 
Como forma de reduzir o custo de captação do segmento, a última medida do governo foi reduzir o custo de emissão dos Depósitos a Prazo com Garantia Especial, o chamado DPGE.
 
Estes títulos são garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) mediante o pagamento de uma taxa equivalente a 1% do valor da emissão. Mas, como agora as instituições financeiras podem emitir com lastro, o custo da captação caiu para 0,3%.
 
Para Rodrigues, a medida é bem-vinda, mas são necessárias outras. “Os bancos temem ter como garantia carteiras de crédito em duplicidade, como aconteceu anteriormente. Seria mais ágil criar um FIDC com estas carteiras”.
 
Ele cita que o provável aquecimento da economia no segundo semestre tende a evidenciar as dificuldades de captação de bancos menores. “Boa parte deles pode apresentar prejuízos no segundo trimestre e precisar de capitalização, conta.
 
“O cenário local atende nossas necessidades. Mas em uma economia, mais aquecida teremos que buscar alternativas”, conclui Gelbaum.
 
Fonte: Brasil Econômico/ Marília Almeida/ Ana Paula Ribeiro – 01/08/2012

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