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As intervenções erráticas do Banco Central no mercado de câmbio sinalizam um certo conforto do governo com o dólar nos atuais níveis. Essa é a avaliação de economistas que consideram que o cenário de menor entrada de recursos não dá argumentos para uma intervenção mais firme que ameaçaria levar a moeda americana a níveis que poderiam pressionar a inflação.

O BC comprou dólares à vista nas três primeiras sessões de março, ausentou-se por sete pregões, voltando a fazer compras só no dia 15. A partir daí, novamente ficou fora do mercado, retomando as atuações nos dias 20, 23, 27, 28 e 30. De acordo com o último dado disponível, as aquisições totalizaram US$ 1,896 bilhão em março até o dia 23. Para se ter uma ideia da desaceleração, em março de 2011 o BC tinha comprado um total de US$ 8,443 bilhões.

No mês passado, as atuações da autoridade monetária se concentraram na última semana, e ainda assim não foram diárias. O BC fez ainda uma única operação de rolagem de contratos de swap cambial reverso, que equivale a uma compra de moeda americana no segmento futuro.

Esse comportamento difere da estratégia de compras diárias de moeda adotada pela autoridade monetária a partir maio de 2009 – quando o dólar engatou um movimento de baixa ante o real – e que durou até agosto do ano passado, quando o agravamento da crise de dívida europeia deflagrou uma onda global de aversão a risco que fez a moeda americana disparar 12,18% no acumulado de 2011.

O BC comprou em 2009 o equivalente a US$ 24,038 bilhões em aquisições no mercado à vista. Em 2010, elevou esse montante a US$ 41,417 bilhões e, no ano passado, a US$ 47,908 bilhões.

Apenas nos três primeiros meses de 2011, a autoridade monetária comprou nesse segmento US$ 24,499 bilhões. Neste ano, até o dia 23, as aquisições totalizaram apenas US$ 2,738 bilhões.

“A gente tem que lembrar que o fluxo foi, até 2011, muito mais intenso que agora. Havia um motivo para a presença mais forte do BC no mercado. Este ano, o fluxo está menor, e o BC entende que não há necessidade de atuar todo dia”, afirmou o estrategista-chefe do WestLB do Brasil, Luciano Rostagno.

De acordo com dados do BC, no acumulado do ano até 23 de março, o Brasil registra fluxo cambial líquido positivo de US$ 18,303 bilhões, abaixo dos US$ 33,450 bilhões do mesmo período de 2011.

A presidente Dilma Rousseff tem criticado duramente a oferta extra de estímulos das nações desenvolvidas e classificou a enxurrada de liquidez decorrente dessas políticas de “tsunami monetário”.

A fragilidade na recuperação econômica levou a zona do euro e o Japão a embarcarem em uma nova rodada de estímulos econômicos. Esses recursos acabam migrando para países com juros mais altos, como o Brasil, valorizando o real e prejudicando ainda mais a indústria, que patinou ao longo do ano passado e limitou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011.

Atento a esse cenário, o governo apertou o cerco contra a apreciação do real, ampliando em duas ocasiões o prazo de incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre empréstimos externos no início de março. Ao mesmo tempo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vem reiterando que uma apreciação excessiva do real não será tolerada e que o governo tem todas as ferramentas para evitar isso.

Como resultado, o dólar saiu de R$ 1,717 no início de fevereiro para R$ 1,826 no fechamento de março, contabilizando um salto de 6,35% no período.

Parte dessa valorização, no entanto, também foi alimentada pelo cenário internacional, com o dólar ganhando força em todo o mundo após uma série de dados melhores que o esperado sobre a economia americana esfriarem expectativas de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) anuncie mais estímulos monetários. Vale lembrar que a alta de 6,16% do dólar ante o real em março – a maior desde novembro – colocou a moeda brasileira em destaque mundial de baixa considerando uma cesta com divisas emergentes e desenvolvidas. Isso comprova, portanto, que a ação do governo tem tido um peso importante na formação do preço da moeda americana no Brasil.

Na visão do economista da Tendências Consultoria Bruno Lavieri, o BC tem evitado “pesar a mão” também para não impor riscos de a moeda americana subir demais, o que complicaria os esforços do governo de conter a inflação.

“As recomendações mudaram, dado que o fluxo está menor, mas um dólar acima de R$ 1,90 continua sendo ruim por causa da inflação. Aparentemente, o governo quer manter o dólar na banda entre R$ 1,70 e R$ 1,90”, afirmou.

No ano passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou exatamente em 6,5%, teto da meta definida pelo governo, que tem centro em 4,5% e tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Em fevereiro, o IPCA subiu 0,45%, acumulando em 12 meses alta de 5,85%.

Fonte: Valor Econômico/ José de Castro – 03/04/2012

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