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A Suíça bateu novo recorde de acumulação de reservas internacionais com 406,5 bilhões de francos (US$ 420 bilhões) no fim de julho, 71% a mais do que em abril, com bilionárias intervenções do banco central para evitar a valorização excessiva da moeda helvética. Somente nos últimos três meses, o BC suíço foi forçado a gastar 165 bilhões de francos suíços na compra de euros. Essa ação para enfraquecer sua moeda faz agora a Suíça ser chamada de “a China da Europa”” na área cambial e suas consequências começam a inquietar outros bancos centrais.
 
Com a crise global, o franco suíço passou a ser refúgio mais atrativo para investidores estrangeiros. Em setembro de 2011, a valorização da moeda helvética obrigou o BC a fixar teto mínimo de 1,20 franco por euro, depois de a moeda única europeia ter caído para 1,04 franco e causado desespero nos exportadores locais.
 
Desde maio, o mercado passou a desafiar a promessa do BC de manter esse teto a qualquer custo. Pressionada, a autoridade monetária teve de acelerar a compra de dezenas de bilhões de euros. Em julho, o BC acumulou cerca de € 40 bilhões, quase o valor total das reservas internacionais em setembro de 2008, que eram de 50 bilhões de francos.
 
A parte do euro nas reservas internacionais do BC suíço pulou para 60% ante 51% no fim de março. A fatia em dólar americano diminuiu 6 pontos, para 22%, comparado a 80% do total das reservas em 1997. A parte de libras esterlinas e iene japonês diminuiu, enquanto a de outras divisas, como dólar australiano ou moedas escandinavas, passou a 4%. A Suíça tornou-se em julho o quinto maior detentor global de reservas, depois da China, Japão, Arábia Saudita e Rússia, superando Taiwan.
 
Essa ativa política cambial, para enfraquecer sua moeda, faz o mercado qualificar o país de “China da Europa””, ilustrando a inquietação com o impacto sobre outras moedas e reativação mais incisiva da chamada guerra cambial.
 
Se na primeira etapa o BC compra euros, na segunda volta ao mercado para vender parte desses euros e trocá-los por outras moedas para reequilibrar sua balança externa. O BC suíço tornou-se um ator central no mercado internacional de divisas, contribuindo para a valorização do dólar australiano, que teve alta de 10% em dois meses, por exemplo. A coroa sueca também acabou batendo recorde de alta ante o euro.
 
A expectativa é que as intervenções no mercado prossigam, já que uma solução definitiva para a crise da zona do euro parece remota. E os industriais suíços, que exportam sobretudo para a zona do euro, continuam desesperados, reclamando que o franco se mantém valorizado em cerca de 15% em relação ao euro.
 
O que pode diminuir é o ritmo das aquisições de euros, avalia Kit Juckes, do banco Société Générale. Investidores estão correndo mais em busca de moedas escandinavas para guardar seu dinheiro fora da zona do euro. “O BC suíço pode estar vencendo a batalha, e não vejo razões para se comprar franco suíço””, diz ele.
 
Em todo caso, as reações políticas na Suíça à dimensão da alta das reservas diminuíram recentemente, depois que o BC anunciou lucro de 6,4 bilhões de francos no primeiro semestre, comparado a perdas de 10 bilhões de francos no primeiro semestre do ano passado.
 
A Suíça continua debatendo se deve criar um fundo soberano para reciclar suas gigantescas reservas internacionais. Alguns deputados sugeriram a criação de um fundo soberano de 200 bilhões de francos para comprar ações de companhias europeias ou investir em commodities, ao invés de comprar títulos soberanos quase sem rendimento.
 
Jean-Pierre Roth, ex-presidente do BC suíço, rejeita essa “falsa boa ideia””. Nota que quando a situação se normalizar, e para evitar uma crise inflacionária, o BC precisará revender as moedas adquiridas durante a crise. E só pode fazer isso se dispuser delas livremente. E alerta que tentar comprar “joias da economia europeia”” tem um caráter político explosivo. Muitos parceiros comerciais já não conseguem engolir a política cambial helvética, e ver adquiridas suas indústrias seria “uma verdadeira provocação””.
 
Quanto a um novo controle de capital, para frear a entrada de recursos externos, é uma opção de último recurso que Caeser Lack, do UBS, não exclui.
 
Fonte: Valor Econômico/ Assis Moreira – 08/08/2012

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