O seu navegador está desatualizado!

Atualize o seu navegador para ter uma melhor experiência e visualização deste site. Atualize o seu navegador agora

×

A liquidez mundial está prestes a voltar a secar, à medida que o sistema bancário europeu se desalavanca, alertou o novo diretor do órgão mundial de supervisão do sistema bancário, que acrescentou que a economia real vai sofrer um impacto em breve.
“A liquidez global tem flutuado desenfreadamente nos últimos cinco anos e estamos à beira de outro corte de despesas”, disse Mike Carney, presidente do Banco do Canadá, no primeiro discurso importante desde que foi escolhido para presidir o Conselho de Estabilidade Financeira, o FSB, criado em 2009.
Carney, que foi escolhido para chefiar o conselho durante o encontro do G-20 na semana passada, disse que a volatilidade do mercado está aumentando e que a atividade está caindo em paralelo ao encolhimento da liquidez global. “O efeito na economia real vai ser sentido em breve”, disse ele no discurso, centrado na questão da liquidez mundial.
Também ontem, Jürgen Stark, um membro conservador da diretoria executiva do Banco Central Europeu, disse que a crise da dívida da zona do euro não põe em risco a moeda única, mas que os governos ainda têm “um longo caminho a percorrer” para estabilizar a região.
As decisões tomadas no encontro de cúpula da União Europeia no mês passado são “apenas um passo nesse caminho”, disse Stark. Ele também disse que a decisão surpresa do BCE de cortar os juros na semana passada foi baseada em dados novos, e que as expectativas de inflação continuam bem ancoradas.
Na reunião de 26 de outubro, os líderes da UE fizeram um acordo sobre novas medidas para acabar com a crise, incluindo um plano para recapitalizar os bancos da região, um corte de 50% no valor dos títulos da dívida grega e também o uso de alavancagem pelo fundo de resgate do bloco, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.
Em seu discurso, Carney reiterou a avaliação do Banco do Canadá, divulgada no mês passado, que prevê que a zona do euro vai passar por uma curta recessão. A autoridade monetária está monitorando de perto os desdobramentos e vai agir se necessário, disse Carney. Os bancos centrais também estão de prontidão para ativar medidas de liquidez doméstica se solicitadas, disse ele.
Carney disse que ações audaciosas do BCE e € 4 trilhões (US$ 5,51 trilhões) em capital desimpedido nos bancos europeus devem assegurar que não aconteça na Europa nada equivalente à quebra do Lehman Brothers. “Porém, medidas que evitam desastre não são necessariamente suficientes para promover recuperação”, afirmou ele.
Carney disse que a severidade da crise vai depender de como os bancos europeus vão se desalavancar. Eles são obrigados a aumentar a reserva de capital Nível 1 – uma medida central da saúde financeira de um banco – para 9% até junho de 2012, o que pode ser feito por meio de uma combinação de ganhos retidos, aumentos de capital e venda de ativos. Se apenas as vendas de ativos fossem usadas, até € 2,5 trilhões em vendas seriam necessárias nos próximos meses, disse Carney. Essas vendas provavelmente serão concentradas em negócios secundários, particularmente em mercados emergentes e dólares americanos, segundo ele.
Carney observou que o fluxo de capitais para os mercados emergentes diminuiu e, em alguns casos, inverteu-se nos últimos meses – e a antecipação dessa situação, juntamente com um apetite menor para o risco, pode alimentar essa dinâmica.
“Agora pode ser a hora de as autoridades asiáticas se valerem de reservas oficiais para compensar a retirada de liquidez privada”, disse ele.
Carney disse que as autoridades europeias poderiam reduzir o alastramento da desalavancagem fazendo com que seus bancos cumpram pelo menos parte das novas exigências através de capital privado, incluindo o chamado capital contingente, uma ideia defendida pelo Canadá. Carney disse que a situação atual “se encaixa perfeitamente” nesse instrumento à medida em que capital está sendo levantado para um “acontecimento extremo” – perdas com dívida soberana considerada de baixo risco – “cuja natureza pública não envolveria o risco de obrigar as autoridades de regulamentação a serem lenientes”.
Carney disse que flutuações grandes e abruptas na liquidez global têm um enorme impacto sobre a estabilidade financeira e o crescimento econômico mundiais. Ele disse que o plano de reforma financeira do G-20, quando totalmente implementado, vai conseguir compensar a ausência dos agentes privados nos momentos de baixa da liquidez.
Mas o impacto das reformas será enfraquecido se as novas regras empurrarem os negócios para áreas não regulamentadas, como o chamado sistema bancário paralelo. Ele disse que a supervisão e a regulamentação reforçada desse sistema bancário “sombra” serão uma das prioridades do FSB nos próximos meses.
Já Stark, do BCE, alertou num discurso contra “soluções de curto prazo” e disse que “ações políticas decisivas” adicionais são necessárias para aumentar a competitividade e reduzir o endividamento na Europa.
O mais importante, diz ele, é que governos e bancos centrais não abandonem seus princípios. “As linhas vermelhas não devem ser cruzadas, caso contrário, os esforços para resolver a crise de hoje criarão a base para uma nova crise amanhã”, advertiu Stark. “Pouco se ganha se […] uma liquidez excessiva for oferecida como solução”para problemas estruturais, disse.
Os comentários de Stark foram feitos depois que alguns políticos europeus pediram que o BCE continue com as compras de títulos do governo e que comece a emprestar dinheiro ao Feef para ajudar a acabar com a crise da dívida.
Stark disse que o BCE vai continuar a implementar as suas medidas especiais para prover liquidez, tais como o atendimento integral dos pedidos de recursos pelos fundos de investimentos de curtíssimo prazo nos seus leilões semanais, “enquanto for necessário”. A situação no mercado monetário (de empréstimos de curtíssimo prazo) permanece “tensa” porque falta confiança mútua entre os bancos, disse ele.
Mas ele repetiu que as medidas especiais do BCE são “temporárias”, e advertiu contra manter a taxa de juros muito baixa e a liquidez muito alta por muito tempo. Tais medidas poderiam atrasar as reformas necessárias e estabelecer as bases para a próxima crise, disse ele.
A decisão do BCE de cortar a sua principal taxa de juros de 1,5% para 1,25% ao ano na semana passada foi baseada em “novas informações”, disse Stark. “O nosso mandato principal é claro e continua inalterado: a estabilidade de preços”, acrescentou.
O BCE surpreendeu os analistas ao cortar a taxa de juros na semana passada, apesar da inflação persistentemente alta. A autoridade monetária da zona do euro tinha aumentado a taxa em 0,25 ponto percentual por duas vezes, em abril e em julho, citando as pressões inflacionárias.
Stark afirmou que as expectativas de inflação permanecem “bem ancoradas” e que as análises econômica e monetária do BCE não dão nenhuma indicação de riscos inflacionários.
O Banco Central Europeu deve ser autorizado a continuar perseguindo o seu mandato “de forma independente e sem restrições”, acrescentou Stark. Ele disse ainda que as medidas de combate à crise usadas pelo BCE estão “plenamente de acordo” com a redução da inflação.
Enquanto isso, o uso que os bancos fazem dos instrumentos de depósito de curto prazo do Banco Central Europeu bateu um novo recorde para o ano na segunda-feira, pelo terceiro dia consecutivo, conforme dados divulgados pelo BCE ontem.
Os bancos deixaram € 298,6 bilhões nessas aplicações na segunda-feira, disse o BCE, ante € 288,4 bilhões na sexta. O número do início da semana é o maior desde 30 junho de 2010, quando os bancos tinham depositado € 310,4 bilhões nesse instrumento.
O montante de depósitos tem ficado em níveis elevados, em torno da marca de € 200 bilhões, desde o fim de outubro, indicando que os bancos preferem deixar o dinheiro parado no BCE, em vez de emprestá-lo a outras instituições financeiras. Os bancos têm medo de emprestar por que eles não sabem a extensão da exposição de suas contrapartes à dívida soberana de países mais fracos da zona do euro. Os bancos tomaram emprestado € 1,246 bilhão do BCE na segunda-feira, volume quase estável em relação aos € 1,242 bilhão de sexta-feira, segundo dados do banco.
(Colaborou Emese Bartha.)
Fonte: Valor Econômico – Nirmala Menon e Tom Fairless | The Wall Street Journal  – 09/11/2011

Sinais de aperto de crédito global à vista
A liquidez mundial está prestes a voltar a secar, à medida que o sistema bancário europeu se desalavanca, alertou o novo diretor do órgão mundial de supervisão do sistema bancário, que acrescentou que a economia real vai sofrer um impacto em breve.

“A liquidez global tem flutuado desenfreadamente nos últimos cinco anos e estamos à beira de outro corte de despesas”, disse Mike Carney, presidente do Banco do Canadá, no primeiro discurso importante desde que foi escolhido para presidir o Conselho de Estabilidade Financeira, o FSB, criado em 2009.

Carney, que foi escolhido para chefiar o conselho durante o encontro do G-20 na semana passada, disse que a volatilidade do mercado está aumentando e que a atividade está caindo em paralelo ao encolhimento da liquidez global. “O efeito na economia real vai ser sentido em breve”, disse ele no discurso, centrado na questão da liquidez mundial.

Também ontem, Jürgen Stark, um membro conservador da diretoria executiva do Banco Central Europeu, disse que a crise da dívida da zona do euro não põe em risco a moeda única, mas que os governos ainda têm “um longo caminho a percorrer” para estabilizar a região.

As decisões tomadas no encontro de cúpula da União Europeia no mês passado são “apenas um passo nesse caminho”, disse Stark. Ele também disse que a decisão surpresa do BCE de cortar os juros na semana passada foi baseada em dados novos, e que as expectativas de inflação continuam bem ancoradas.

Na reunião de 26 de outubro, os líderes da UE fizeram um acordo sobre novas medidas para acabar com a crise, incluindo um plano para recapitalizar os bancos da região, um corte de 50% no valor dos títulos da dívida grega e também o uso de alavancagem pelo fundo de resgate do bloco, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.

Em seu discurso, Carney reiterou a avaliação do Banco do Canadá, divulgada no mês passado, que prevê que a zona do euro vai passar por uma curta recessão. A autoridade monetária está monitorando de perto os desdobramentos e vai agir se necessário, disse Carney. Os bancos centrais também estão de prontidão para ativar medidas de liquidez doméstica se solicitadas, disse ele.

Carney disse que ações audaciosas do BCE e € 4 trilhões (US$ 5,51 trilhões) em capital desimpedido nos bancos europeus devem assegurar que não aconteça na Europa nada equivalente à quebra do Lehman Brothers. “Porém, medidas que evitam desastre não são necessariamente suficientes para promover recuperação”, afirmou ele.

Carney disse que a severidade da crise vai depender de como os bancos europeus vão se desalavancar. Eles são obrigados a aumentar a reserva de capital Nível 1 – uma medida central da saúde financeira de um banco – para 9% até junho de 2012, o que pode ser feito por meio de uma combinação de ganhos retidos, aumentos de capital e venda de ativos. Se apenas as vendas de ativos fossem usadas, até € 2,5 trilhões em vendas seriam necessárias nos próximos meses, disse Carney. Essas vendas provavelmente serão concentradas em negócios secundários, particularmente em mercados emergentes e dólares americanos, segundo ele.

Carney observou que o fluxo de capitais para os mercados emergentes diminuiu e, em alguns casos, inverteu-se nos últimos meses – e a antecipação dessa situação, juntamente com um apetite menor para o risco, pode alimentar essa dinâmica.

“Agora pode ser a hora de as autoridades asiáticas se valerem de reservas oficiais para compensar a retirada de liquidez privada”, disse ele.

Carney disse que as autoridades europeias poderiam reduzir o alastramento da desalavancagem fazendo com que seus bancos cumpram pelo menos parte das novas exigências através de capital privado, incluindo o chamado capital contingente, uma ideia defendida pelo Canadá. Carney disse que a situação atual “se encaixa perfeitamente” nesse instrumento à medida em que capital está sendo levantado para um “acontecimento extremo” – perdas com dívida soberana considerada de baixo risco – “cuja natureza pública não envolveria o risco de obrigar as autoridades de regulamentação a serem lenientes”.

Carney disse que flutuações grandes e abruptas na liquidez global têm um enorme impacto sobre a estabilidade financeira e o crescimento econômico mundiais. Ele disse que o plano de reforma financeira do G-20, quando totalmente implementado, vai conseguir compensar a ausência dos agentes privados nos momentos de baixa da liquidez.

Mas o impacto das reformas será enfraquecido se as novas regras empurrarem os negócios para áreas não regulamentadas, como o chamado sistema bancário paralelo. Ele disse que a supervisão e a regulamentação reforçada desse sistema bancário “sombra” serão uma das prioridades do FSB nos próximos meses.

Já Stark, do BCE, alertou num discurso contra “soluções de curto prazo” e disse que “ações políticas decisivas” adicionais são necessárias para aumentar a competitividade e reduzir o endividamento na Europa.

O mais importante, diz ele, é que governos e bancos centrais não abandonem seus princípios. “As linhas vermelhas não devem ser cruzadas, caso contrário, os esforços para resolver a crise de hoje criarão a base para uma nova crise amanhã”, advertiu Stark. “Pouco se ganha se […] uma liquidez excessiva for oferecida como solução”para problemas estruturais, disse.

Os comentários de Stark foram feitos depois que alguns políticos europeus pediram que o BCE continue com as compras de títulos do governo e que comece a emprestar dinheiro ao Feef para ajudar a acabar com a crise da dívida.

Stark disse que o BCE vai continuar a implementar as suas medidas especiais para prover liquidez, tais como o atendimento integral dos pedidos de recursos pelos fundos de investimentos de curtíssimo prazo nos seus leilões semanais, “enquanto for necessário”. A situação no mercado monetário (de empréstimos de curtíssimo prazo) permanece “tensa” porque falta confiança mútua entre os bancos, disse ele.

Mas ele repetiu que as medidas especiais do BCE são “temporárias”, e advertiu contra manter a taxa de juros muito baixa e a liquidez muito alta por muito tempo. Tais medidas poderiam atrasar as reformas necessárias e estabelecer as bases para a próxima crise, disse ele.

A decisão do BCE de cortar a sua principal taxa de juros de 1,5% para 1,25% ao ano na semana passada foi baseada em “novas informações”, disse Stark. “O nosso mandato principal é claro e continua inalterado: a estabilidade de preços”, acrescentou.

O BCE surpreendeu os analistas ao cortar a taxa de juros na semana passada, apesar da inflação persistentemente alta. A autoridade monetária da zona do euro tinha aumentado a taxa em 0,25 ponto percentual por duas vezes, em abril e em julho, citando as pressões inflacionárias.

Stark afirmou que as expectativas de inflação permanecem “bem ancoradas” e que as análises econômica e monetária do BCE não dão nenhuma indicação de riscos inflacionários.

O Banco Central Europeu deve ser autorizado a continuar perseguindo o seu mandato “de forma independente e sem restrições”, acrescentou Stark. Ele disse ainda que as medidas de combate à crise usadas pelo BCE estão “plenamente de acordo” com a redução da inflação.

Enquanto isso, o uso que os bancos fazem dos instrumentos de depósito de curto prazo do Banco Central Europeu bateu um novo recorde para o ano na segunda-feira, pelo terceiro dia consecutivo, conforme dados divulgados pelo BCE ontem.

Os bancos deixaram € 298,6 bilhões nessas aplicações na segunda-feira, disse o BCE, ante € 288,4 bilhões na sexta. O número do início da semana é o maior desde 30 junho de 2010, quando os bancos tinham depositado € 310,4 bilhões nesse instrumento.

O montante de depósitos tem ficado em níveis elevados, em torno da marca de € 200 bilhões, desde o fim de outubro, indicando que os bancos preferem deixar o dinheiro parado no BCE, em vez de emprestá-lo a outras instituições financeiras. Os bancos têm medo de emprestar por que eles não sabem a extensão da exposição de suas contrapartes à dívida soberana de países mais fracos da zona do euro. Os bancos tomaram emprestado € 1,246 bilhão do BCE na segunda-feira, volume quase estável em relação aos € 1,242 bilhão de sexta-feira, segundo dados do banco.
(Colaborou Emese Bartha.)
Fonte: Valor Econômico – Nirmala Menon e Tom Fairless | The Wall Street Journal  – 09/11/2011

Outras notícias

Crédito às empresas deve acelerar a partir do último trimestre, diz Serasa

Leia mais

BC já enxerga inflação no centro da meta em 2012

Leia mais

Classe média responderá por mais de 44% do consumo em 2011

Leia mais