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O Relatório de Inflação divulgado ontem sugere que o Banco Central (BC) acelerou a redução da taxa básica de juros ao constatar que, do contrário, a inflação de 2012 cairia desnecessariamente abaixo do centro da meta (4,5%). Segundo projeção apresentada no documento, mesmo com o novo e menor patamar da Selic, hoje em 9,75% ao ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiria 4,4%.

No início do mês, o Comitê de Política Monetária do BC reduziu a Selic em 0,75 ponto percentual, corte mais acentuado que os quatro cortes anteriores, todos de 0,5 ponto. O fato de a inflação projetada ainda estar abaixo do centro da meta, num cenário de juros constantes no atual patamar, reforça as expectativas de que a Selic será novamente reduzida na reunião de abril, para 9% ao ano.

Por outro lado, as projeções de inflação para 2013 pioraram. No relatório de dezembro, cujo cenário de referência levava em conta juros constantes em 11% ao ano, a inflação do IPCA no próximo ano estava projetada em 4,7%. A projeção divulgada ontem, com base em cenário de juros constantes em 9,75% ao ano, indica que o índice subirá 5,2%. Se por um lado evita que a inflação caia abaixo da meta em 2012, de outro, os recentes cortes da Selic tendem a fazer com que a inflação volte a subir em 2013. Isso explica a preocupação do Copom em sinalizar, na sua última ata, que a Selic se estabilizará em 9% ao ano e que, portanto, o atual ciclo de afrouxamento monetário, iniciado em agosto de 2011, está perto do fim. Tal sinalização foi reiterada no relatório de ontem, que também atribui elevada probabilidade de a Selic se estabilizar em patamar ligeiramente superior ao mínimo histórico (8,75%).

O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, admitiu que o aumento da inflação projetada para 2013, no cenário de referência, deve-se principalmente à mudança do parâmetro relativo à taxa básica de juros. Em outras palavras, admitiu que os cortes feitos após o relatório de dezembro tendem a elevar a inflação num horizonte de tempo mais longo, pois os efeitos da política monetária são defasados.

Ele ponderou, no entanto, que as decisões do Copom consideram fatores não capturados pelos modelos matemáticos que geram tais projeções. A inflação projetada a partir deles é só um dos elementos, destacou. Por causa fatores associados ao cenário externo, o Copom espera para 2013, por exemplo, inflação inferior à projetada, disse o diretor, sem revelar qual seria esse patamar.

No cenário de mercado, que já contempla juros de 9% ao ano a partir da próxima reunião do comitê, a inflação do IPCA fica em 4,5% em 2012. Isso sugere espaço para que o corte esperado se confirme. Os parâmetros de mercado também levam a um cenário em que o IPCA se acelera em 2013 e sobe 5,3%, o mesmo índice que estava previsto no relatório anterior.

Essa aceleração, porém, não se sustentará, segundo os números do relatório. Em ambos os cenários, as projeções indicam que a inflação acumulada pelo IPCA em 12 meses recuará logo no início de 2014, fechando o primeiro trimestre daquele ano em patamar inferior ao de dezembro de 2013. No cenário de mercado, a inflação em 12 meses fecha março de 2014 em 5,3%, e no de referência, em 5,1%.

Questionado sobre a inflação de 2013, Carlos Hamilton Araújo negou que os recentes cortes da Selic tenham como objetivo preservar o nível de atividade econômica. Disse que o foco da política monetária foi, é e continuará sendo a inflação.

A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano foi mantida em 3,5%, expansão consistente com a meta de inflação e inferior à do Ministério da Fazenda (4,5%). A autoridade monetária também manteve a previsão de que a recuperação será liderada pela indústria.

O diretor do BC disse que o ritmo da atividade econômica será mais acelerado no segundo semestre. A demanda interna será sustentada, entre outros fatores, pela continuidade da ampliação do crédito. Mas esse crescimento, projetado em 15%, será moderado, a ponto de permitir uma redução do endividamento relativo das famílias, segundo o diretor. No fim de janeiro, segundo o relatório, a dívida das pessoas físicas no sistema financeiro representava 42,66% da renda acumulada em 12 meses. O comprometimento da renda mensal com prestações de dívidas, por sua vez, estava em 22,18%. Também contribuirá para aumentar o ritmo da atividade o vigor do mercado de trabalho, refletido em baixas taxas de desemprego.

Já o cenário econômico global segue com perspectiva de baixo crescimento por período de tempo prolongado, diz o relatório, segundo o qual em diversas economias maduras o ambiente já é recessivo. O BC avalia que a percepção mais positiva em relação à atividade dos Estados Unidos para o curto prazo é amenizada por outros riscos, como por exemplo, a recente alta nos preços do petróleo. “Uma eventual escalada do preço do petróleo pode colocar em risco a recuperação da economia americana”, diz o diretor. Quanto à zona do euro, o relatório reafirma que ainda não há uma solução definitiva para a crise financeira e fiscal. O quadro internacional ainda piorou em decorrência da moderação do ritmo da atividade de economias emergentes, apesar da resiliência da demanda doméstica. O BC diz que, em casos específicos, as recentes mudanças no padrão de crescimento das economias emergentes se apresenta como de caráter permanente.

Por outro lado, a desaceleração econômica global foi responsável pelo declínio da inflação mundial no fim de 2011. Contribuiu para isso a desvalorização das commodities, para as quais o cenário central do Copom contempla “dinâmica relativamente benigna”.

Fonte: Valor Econômico/Mônica Izaguirre e Murilo Rodrigues Alves – 30/03/2012

 
 

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