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A receita dos bancos brasileiros com cartões — que inclui tarifas como as de emissão e anuidade, ganhos relacionados à atividade de credenciamento, mas que exclui a cobrança de juros no crédito concedido pelos plásticos — avançou 15,1% no ano passado, para R$ 16,7 bilhões, segundo levantamento feito pela Austin Rating, a pedido do BRASIL ECONÔMICO, com base nos dados contábeis das três instituições privadas que já divulgaram balanço: Bradesco, Santander e Itaú.
 
O ritmo é menor do que o verificado entre 2010 e 2011, quando o tipo de receita cresceu 20,8%, para R$ 14,5 bilhões. A desaceleração foi provocada, de acordo com analistas, em parte pela pressão do governo sobre as tarifas cobradas dos clientes nos bancos públicos, que respingou nos privados pelo acirramento da concorrência, e devido à dificuldade que a atividade de cartões teve em avançar nos passos largos vistos até o ano anterior.
 
“A taxa de crescimento está se acomodando, mas as operações com cartões de crédito e débito ainda tem potencial de avanço pelo aumento da renda da população e o acesso a esse tipo de produto”, afirma Aloísio Lemos, analista do setor financeiro da Ágora Corretora. “À medida que o crescimento atinge certo nível, há um esgotamento do potencial, então as taxas daqui para frente devem ser menores”, diz Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating.
 
Outro motivo para a desaceleração desta receita no ano passado foi o corte das tarifas bancárias, que só não teve efeito maior na receita com os plásticos pelo aumento do volume de cartões emitidos nas instituições financeiras analisadas. “Também porque essas reduções não atingiram todos os segmentos de clientes”, destaca Lemos, da Ágora.
 
Para se ter uma ideia, em abril do ano passado, o Santander reduziu o juro para antecipação de recebíveis de cartões de crédito às empresas, que foi para algo entre 1,5% e 2% ao mês. As reduções estavam disponíveis, no entanto, apenas para as empresas cujos sócios mantinham a conta de pessoa física também no banco em um programa chamado de ‘atendimento unificado’. Nesse caso, o pacote de serviços também foi reduzido, na proporção de 50%.
 
Já em outubro do ano passado, seguindo o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, o Itaú praticou uma redução de tarifas que chegou a até 32,5%, que era o caso de fornecimento de segunda via de cartão de débito, serviço que passou a custar R$ 5,40. Já para fornecimento de segunda via de cartão poupança, a queda foi de 16,9%, para o mesmo valor.
 
“No banco público, o governo pressiona para que as tarifas caiam e isso acontece, e no privado isso ocorre pela concorrência, o que tem funcionado, mas aos poucos”, aponta Agostini. “Existe uma estrutura de custos que obriga o banco a não praticar uma redução de tarifas de uma vez, só enquanto vai ganhando eficiência no serviço”, diz o analista, justificando o efeito ainda moderado da pressão do governo na redução das tarifas dos bancos sobre a receita sobre serviços.
 
No caso do Santander, houve forte crescimento de 38,3% na receita com serviços de cartões em 2012, para R$ 3 bilhões, resultado do avanço da atividade de credenciamento lançada em 2010. No ano passado, o banco fechou dois acordos comerciais, um com a Sodexo, que permite que a partir deste ano os cartões passem pelas maquininhas do Santander e da GetNet; e outro com a Embratec, que atua no segmento de abastecimento e manutenção de frotas. Em dezembro de 2012, a adquirente tinha 416 mil estabelecimentos cadastrados e fatia de 4,5% do mercado.
 
No banco, a base de cartões de crédito avançou 17,5% em 12 meses até dezembro, para 14,6 milhões, enquanto a base de cartões de débito avançou 15,4% no ano, para 33,8 milhões de unidades. “Continuaremos crescendo a dois dígitos”, afirma Conrado Engel, vice-presidente de varejo do Santander.
 
Já o Itaú teve crescimento de 6,3% na receita com serviços de cartões no período, para R$ 7,9 bilhões, enquanto o Bradesco avançou 18,3%, para R$ 5,7 bilhões. “Salta aos olhos o crescimento menor do Itaú, talvez ele esteja em um momento de consolidação de operações e fazendo ajustes internos”, pondera Boanerges Ramos Freire, presidente da Boanerges & Cia. Consultoria em Varejo Financeiro. “Já o Bradesco teve crescimento no ritmo do mercado de cartões em geral”.
 
A atividade de cartões tem ganhado importância no que diz respeito à sua participação na receita com serviços em geral dos bancos — que inclui os ganhos advindos de outras operações como saques, uso de cheques etc. Nas três instituições analisadas, a receita com plásticos tem uma fatia de cerca de um terço e, de acordo com os analistas, isso tende a crescer diante do cenário de queda de juro, que afeta o resultado com tesouraria das instituições e as forças a buscar atividades mais rentáveis. “Há um desafio enorme para o sistema financeiro como um todo, em lidar com spreads mais baixos, serem mais eficientes, concederem crédito de forma mais cautelosa e assertiva e para reduzirem custos”, explica o presidente da consultoria.
 
No caso da atividade de cartões, os bancos estiveram nos últimos anos voltados para o público com uma renda maior, mas terão de explorar mais a baixa renda para segmentar sua base de clientes. “Este deve ser um movimento de médio e longo prazo, para atuar de maneira estruturada com a base da pirâmide social, o que só se conquista com produtos simples e de baixo custo”, diz Freire, para quem isso deve ser alcançado em uma combinação entre o celular e o cartão.
 
Fonte: Brasil Econômico / Flávia Furlan – 19.02.13

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