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Os dados mais recentes sobre a atividade brasileira levaram diferentes consultorias a prever um crescimento zero ou até negativo no terceiro trimestre deste ano na comparação com o segundo, feito o ajuste sazonal. O cenário de desaceleração mais intensa que a vista pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, é ancorado na queda de 0,5% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em agosto, divulgada ontem, associada aos dados de queda do varejo em agosto e às previsões de uma retração da produção industrial em setembro. Para vários analistas, é mais provável que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça em torno de 3% – e não mais 3,5%.

O economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, diz que o terceiro trimestre será o pior do ano. Ele esperava uma alta de 0,1% no PIB do terceiro trimestre na comparação com o segundo, na série com ajuste sazonal. “Agora, cresceu a chance de uma queda de 0,1%.” A recuperação do varejo em setembro precisa ter sido muito forte para evitar um desempenho fraco da atividade no terceiro trimestre, diz ele. Em agosto, as vendas no varejo ampliado (que incluem veículos e material de construção) caíram 2,3% sobre julho, feito o ajuste sazonal.

A LCA Consultores também trabalha com a possibilidade de uma retração no terceiro trimestre. As chances de isso acontecer aumentaram para 50% após a divulgação do IBC-Br, diz Bráulio Borges, economista-chefe da consultoria. Ao lado desse índice, os indicadores antecedentes de setembro também sinalizam perda de fôlego maior da atividade neste terceiro trimestre, sustenta o analista, citando expedição de papelão ondulado e produção de veículos.

Os dados setoriais apontam queda de 9,7% na produção de automóveis de 3,2% na expedição de papelão ondulado em relação a agosto nas contas do banco Barclays, que por isso calcula uma produção industrial de 1% a 1,5% menor em setembro.

Confirmado o PIB negativo ou próximo de zero, a desaceleração da economia terá sido muito expressiva. No primeiro trimestre, a economia cresceu 1,2% sobre o fim de 2010 e no segundo, a alta foi de 0,8% sobre o primeiro, descontando os fatores sazonais. Será também a primeira queda desde o primeiro trimestre de 2009.

Velho diz que cresceu a possibilidade de um PIB de 3% neste ano, abaixo da sua estimativa atual de 3,2%. “Se o IBC-Br crescer 0,35% ao mês em média até dezembro, a expansão será de 3% no ano.”

O economista Constantin Jancsó, do HSBC, também diz que aumentou a possibilidade de um PIB próximo de zero ou negativo no próximo trimestre. Com isso a sua projeção de uma alta de 0,6% em relação ao segundo tem viés de baixa. Para o ano, diz ele, parece mais provável um PIB perto de 3% do que de 3,5% – a sua previsão atual. “A indústria tem ido mal, com problemas de competitividade. Não é exagero falar em recessão industrial.”

O economista Guilherme Loureiro, do Barclays Capital, ainda não trabalha com PIB negativo no terceiro trimestre, mas diz que não descarta a possibilidade. Ele reduziu de 0,9% para 0,2% a sua estimativa para o PIB no terceiro trimestre. Para o ano, sua revisão foi de 3,7% para 3,4%. Loureiro explica que projeta uma alta de 0,9% do PIB no quarto trimestre por ver um mercado de trabalho ainda forte.

O recuo do IBC-Br em agosto já estava conta do economista Fabio Ramos, da Quest Investimentos, que reduziu sua projeção de PIB do terceiro trimestre para zero há três semanas. “A produção industrial está mais fraca, o varejo desacelerando, os dados correntes fracos e o PIB é a consequência disso.” Ramos trabalha com crescimento econômico de 3% em 2011 e acredita que em breve as expectativas coletadas pelo Boletim Focus para o PIB vão começar a se descolar da projeção oficial do BC, de 3,5%.

O IBC-Br de agosto sugere queda mesmo nas projeções de economistas que contam com crescimento um pouco mais forte no terceiro trimestre e no ano. É o caso de Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, que deve revisar para baixo em breve suas estimativas de 0,7% para o terceiro trimestre e 3,5% para 2011. “O PIB do terceiro trimestre deve ficar em torno de 0,5%”, antecipa. A projeção mais otimista de Alessandra leva em conta que as vendas do varejo, que recuaram 0,4% em agosto frente ao mês anterior na série dessazonalizada, deve se recuperar em setembro, fazendo com que o IBC-Br do mês passado volte a ficar positivo.

Também divulgado ontem, o PIB mensal do Itaú Unibanco (PIBIU) recuou em agosto 0,6% em relação a julho, feito o ajuste sazonal. Com os resultados do PIBIU e do IBC-Br e os sinais de que a indústria recuou em setembro, o economista Aurélio Bicalho, do Itaú Unibanco, reduziu a sua previsão no terceiro trimestre de 0,6% para 0,3%. “Os indicadores apontam para uma variação ligeiramente acima de zero, mas aumentaram as chances de estabilidade ou um número negativo.” Por enquanto, a projeção para o PIB de 2011 foi mantida – há duas semanas, tinha sido revisada de 3,6% para 3,2%. Para o quarto trimestre, Bicalho espera alguma recuperação do PIB, acreditando em crescimento de 0,5% a 0,6% em relação ao terceiro, na série livre de influências sazonais.

Fonte: Valor Econômico/Sergio Lamucci e Arícia Martins – 14/10/2011

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