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Novo patamar de juros no Brasil, desaceleração do crescimento econômico na China, risco de ruptura na zona do euro. As mudanças dramáticas na bases das economias global e doméstica já resultam em percepções diferentes. É o que sinaliza uma pesquisa realizada na primeira quinzena de setembro pelo Santander com seus principais clientes do mercado de renda variável – 40 investidores institucionais (representados por 90 pessoas), 21 investidores individuais e 60 empresas.
 
No levantamento, as principais constatações foram a maior aversão ao risco, a percepção de que as ações no Brasil já estão muito valorizadas e uma maior preocupação com o cenário internacional. Apenas 28,9% dos entrevistados responderam que planejam aumentar a exposição à renda variável no próximo mês. Um dos motivos é a percepção de que os papéis estão caros. Para praticamente a metade dos entrevistados, o “valuation” das empresas já está muito alto. Somente 6,5% dos clientes acreditam que as ações estão baratas, ao observarem o múltiplo P/L (relação entre o preço da ação e o lucro estimado para a empresa). Na comparação com a pesquisa do ano passado, esse resultado é a maior mudança na cabeça do investidor. Em 2011, a percepção foi invertida. Somente 8% responderam que as ações estavam caras. E mais da metade dos entrevistados havia classificado os papéis como baratos.
 
Os participantes da pesquisa indicaram que passariam a adotar uma postura de compra agressiva caso o P/L se estabelecesse na faixa de 8 vezes a 9 vezes. Isso significa que o indicador teria de cair, em média, 20% do nível em que se encontra hoje. Por outro lado, os entrevistados afirmaram que estariam mais dispostos a adotar uma postura agressiva de vender suas posições caso o Índice Bovespa (Ibovespa) atingisse um P/L de 12 vezes a 13 vezes no fim deste ano.
 
Para 48,9% dos investidores, as estimativas de lucros das empresas estão agressivas e deveriam ser revisadas para baixo. Uma parcela não muito menor (36,2%) discorda e considera as estimativas conservadoras e que, portanto, deveriam ser revisadas para cima.
 
“No ano passado, cerca de 61% dos entrevistados acreditavam que o lucro precisava ser revisado para baixo e somente 15,7% diziam que deveria ser revisado para cima”, afirma Marcelo Audi, diretor da corretora e estrategista de ações do Banco Santander. “O fato de mais pessoas considerarem que as estimativas de lucro devam ser revisadas para cima representa um indicador antecedente para o fim do ciclo de desaquecimento da economia. É típico”, diz Audi. Para o estrategista, a revisão das projeções dos lucros deve começar no início do ano que vem. Ou seja, a hora de comprar é agora. “Vejo a postura mais cautelosa do investidor somada ao fato de a revisão estar prestes a acontecer como uma oportunidade de compra”, afirma.
 
Apesar da postura mais cautelosa para o próximo mês e da percepção negativa quanto ao “valuation” das empresas, a maior parte dos investidores ouvidos pelo Santander acredita na alta do Ibovespa ainda neste ano. Cerca de 42,2% dos entrevistados afirmaram que o indicador encerrará o ano de 2012 entre 65 mil e 70 mil pontos. Outros 6,7% estão ainda mais otimistas. Acreditam que o Ibovespa irá superar a barreira dos 70 mil pontos em dezembro de 2012. Uma parcela muito pequena (2,2%) projeta uma desvalorização, prevendo que o índice encerrará o ano aos 45 mil pontos ou menos.
 
Segundo a pesquisa, as maiores preocupações dos investidores para os próximos 12 meses não são locais. O desempenho econômico chinês é uma preocupação para 25% dos entrevistados. E a possível ruptura do euro, para 24% dos participantes do levantamento. As dúvidas quanto ao controle da inflação brasileira e ao desempenho do PIB local aparecem em terceiro e quarto lugar, com 15,5% e 14,1%, respectivamente.
 
Quando a questão é qual setor proporcionará o melhor retorno em um prazo de 12 meses, a resposta não variou muito de 2011 para 2012. Para 19% dos entrevistados, o segmento de “bancos e serviços financeiros” oferece o melhor potencial. Vale ressaltar que a pesquisa foi feita antes da desvalorização dos papéis dos grandes bancos nesta semana, depois de o Bradesco ter anunciado o corte de 50% na taxa de juros do cartão de crédito.
 
Audi não sabe responder se a preferência por esse setor teria sido diferente caso a pesquisa tivesse sido feita nesta semana. “Ainda é cedo para saber o tamanho real da correção [no resultado das empresas do setor financeiro]. Diria que a reação do mercado vista nessa semana foi imediata e exagerada”, afirma.
 
Outro setor queridinho entre os clientes do Santander é o varejo. Para 14%, as companhias abertas ligadas ao comércio estão listadas como alto potencial de ganhos. A preferência dos clientes do Santander pelos setores financeiro e varejo demonstra um alinhamento à carteira recomendada pelo banco. A tese de investimentos da instituição está baseada no forte desempenho dos “cíclicos domésticos”, setores que não são afetados pela concorrência estrangeira e que dependem, basicamente, do consumidor brasileiro para melhorar seus resultados comerciais e operacionais. “Pela pesquisa, quatro dos cinco setores preferidos são do grupo “cíclicos domésticos”. Isso reforça a nossa tese de que o mercado vai migrar para esse segmento”, afirma Audi.
 
Fonte: Valor Econômico/ Karla Spotorno – 27/09/2012

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