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Está surgindo uma nova ordem mundial – em que apenas um punhado de bancos terá as tão ambicionadas classificações de crédito máximas. Os bancos estão avaliando, com ansiedade, os efeitos que os rebaixamentos das classificações previstos para todo o setor – como os sinalizados pela Moody‘s em fevereiro – terão sobre seus custos de financiamento.
Os mercados, em grande medida, administraram razoavelmente bem as medidas tomadas na área de classificação sobre bancos de Espanha e Itália.

Apesar de preocupações mais amplas em torno da saúde do sistema financeiro espanhol, as ações do setor bancário se recuperaram no dia seguinte à decisão da Moody‘s de rebaixar 16 dos bancos do país. E, com medidas na área de classificação em bancos de outros países a serem anunciadas durante os próximos 30 dias, aproximadamente, alguns argumentam que, se os títulos dos governos e de seus bancos forem rebaixados ao mesmo tempo “qual é o problema?”. Mas outros advertem que a lenta infiltração dos efeitos dessa medida sobre as camadas inferiores do sistema financeiro não deve ser subestimada. Em última análise, avaliam, eles puxarão para cima os custos de financiamento.

Allegra Berman, codiretora de bolsas de títulos europeus do UBS, diz que, embora muitas pessoas tenham previsto que os bancos seguirão seus governos no rebaixamento, poucos previram corretamente o grau de severidade das consequências dessas medidas na área de classificação.

Alguns bancos e grupos como o BlackRock advertiram que poderá haver um impacto imediato sobre a capacidade dos fundos do mercado monetário de fornecer financiamento de curto prazo para os bancos, uma vez que alguns clientes determinam que as contrapartidas têm de ter uma classificação de crédito mínima.

Segundo a Fitch, alguns fundos europeus já distanciaram sua exposição das instituições financeiras, depois que medidas de impacto negativo para as classificações de curto prazo de títulos de bancos os terem deixado um conjunto muito menor de papéis nos quais estariam dispostos a investir.

Experiências passadas mostram que os bancos conseguem administrar um rebaixamento em suas classificações de curto prazo, embora possam perder acesso a alguns mercados de “commercial papers” (títulos com vencimento de 270 dias ou menos) e, assim, enfrentar custos de captação mais elevados, diz Vinod Vasan, diretor do grupo de instituições financeiras das bolsas de títulos europeus do Deutsche Bank.

Ele chama a atenção para os efeitos dos rebaixamentos sobre os custos de financiamento de mais longo prazo. Na medida em que um banco declina em termos de classificação, algumas instruções dadas pelos clientes aos investidores os proibirão de deter o papel daquele banco. Vasan diz que muitos investidores institucionais estão voltando aos clientes, como os fundos de pensão, para renegociar as instruções, nem sempre com sucesso. “A queda das faixas de classificação, por exemplo, de AA para A ou de A para BBB, tem um impacto muito significativo. Os bancos e seguradoras também compram ativos financeiros de bancos. Para esses investidores, quando um banco cai de posição nas classificações, enfrentará encargos de capital mais elevados, por isso é mais oneroso para eles deter esses instrumentos. “Um nível aqui ou ali não fará uma grande diferença, mas, se a classificação de um banco cair 3 ou 4 patamares, isso terá seu impacto”, diz ele.

Outro motivo de preocupação é a maneira pela qual os rebaixamentos de classificação atingem contratos de derivativos e transações financeiras estruturadas.

“Todos os bancos têm milhares de acordos de garantias com os clientes. Eles são ligeiramente diferentes entre si e têm de ter algum tipo de gatilho referente às classificações. Um rebaixamento significa que a vasta maioria dos bancos terá potencialmente de dar mais garantias”, diz Allegra.

Uma vez que esses contratos são juridicamente vinculantes, isso significa, do ponto de vista técnico, que os bancos terão dias ou possivelmente semanas para dar mais garantias, numa época em que as instituições já estão usando e aumentando os volumes de suas garantias para ter acesso aos recursos do Banco Central Europeu (BCE) ou a outras formas de financiamento garantido, diz ela.

“Os bancos de grande porte não deverão ter problemas com a concessão de garantias”, diz Alexander Batchvarov, estrategista financeiro internacional de papéis estruturados do Bank of America Merrill Lynch. “Mas os bancos de segunda linha poderão enfrentar dificuldades.”

Com um crescente volume de garantias comprometido em contratos de derivativos, Batchvarov diz que os rebaixamentos de bancos poderão potencialmente exacerbar os problemas de comprometimento de ativos para os bancos europeus.

Heiko Langer, do BNP Paribas, observa que o impacto de rebaixamentos sobre bônus cobertos, no melhor dos casos vai elevar os custos para os bancos e, no pior, poderá acelerar a deterioração da posição de liquidez e de financiamento dos bancos para um nível crítico.

Projeções sombrias à parte, os rebaixamentos de classificação poderão ser apenas um espetáculo paralelo no contexto das agruras da zona do euro como um todo.

“Em vista do fato de que muitos bancos, principalmente os de fora da zona do euro, estão atualmente mais bem capitalizados e mais bem financiados, bem como mais rigidamente regulamentados, as agências podem, novamente, estar desatualizadas ou simplesmente equivocadas, uma vez que alguns bancos já estão com classificação baixa demais e outros, com notas altas demais”, afirma Georg Grodzki, diretor de pesquisa de crédito do Legal & General.

“Depois de todas as falhas das agências, nos últimos anos, com valores mobiliários garantidos por ativos, com o espaço dos títulos dos bancos e dos papéis soberanos, será que os investidores deveriam mesmo ser obrigados a reagir quando as agências mudam seus parâmetros?”, questiona ele.

Fonte: Valor Econômico/ Mary Watkins – 25/05/2012

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