Em abril, a taxa de desemprego ficou em 6,4% nas seis principais regiões metropolitanas do País, o menor patamar para o mês desde o início da série histórica, em março de 2002, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Enquanto a formalização do trabalho foi ampliada e a média salarial recuou, analistas avaliam que a política econômica do governo para conter a inflação surtiu poucos efeitos.
“O mercado de trabalho continua se constituindo numa fonte de sustentação do consumo, dificultando a tarefa do Banco Central de reduzir as pressões de demanda sobre a inflação”, afirmam os consultores da LCA. A participação de empregados com carteira assinada no setor privado voltou a atingir o máximo histórico na última leitura do IBGE, de 80,9%.
Mauro Schneider, da Banif Corretora, explica que parte da geração de empregos formais está ligada à migração de trabalhadores autonômos para o mercado formal. A geração efetiva de empregos tem crescido em ritmo próximo ao médio histórico “e isso também é relevante, dado o crescimento expressivo do emprego nos últimos anos”, diz Schneider.
Menor rendimento pode estar ligado à inflação
A queda de 1,7% do rendimento real dos salários na comparação com o mês anterior, que poderia sugerir o enfraquecimento do mercado de trabalho, para as equipes da LCA e do Banif, está mais ligada ao aumento da inflação no início do ano e à falta de um reajuste que a compensasse. “No segundo semestre, com os dissídios de categorias importantes e a proximidade do pleno emprego, a alta do rendimento deve ser retomada”, diz a LCA.
Em resumo, embora a melhora no consumo seja positiva para o trabalhador, é preocupante para o governo. “Em relação às perspectivas para o consumo, os números do mercado de trabalho continuam a ser muito encorajadores; em relação ao combate à inflação, os dados de abril reforçam o temor de que a desaceleração da economia esteja sendo muito modesta”, resume Schneider, do Banif.
O Barclays acrescenta que os níveis recordes de desemprego “podem ajudar a impulsionar a negociação do salário real e dar o tom para um crescimento robusto da demanda no segundo semestre de 2011”.
InfoMoney, 27 de maio de 2011