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A tática do governo Dilma Rousseff de divulgar seguidamente medidas de estímulo à atividade econômica e ao consumo tem sido vista com bons olhos pelos representantes do setor produtivo. Para eles, apesar de pontuais e provisórias, essas decisões são benéficas e contribuem tanto para o crescimento do país quanto para que o Brasil atravesse com menos turbulências a crise que ganha força no cenário global. Falta, porém, prestar mais atenção às questões estruturais ou, ao menos, ampliar a lista de segmentos beneficiados.

“A melhor medida até agora foi essa mudança do IOF (Impostro sobre Operações Financeiras), que, pela primeira vez, trata de algo que é para todos”, elogia Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Ele lembra, no entanto, que a taxa de 1,5% adotada a partir de agora para a tarifa nada mais é do que o retorno do imposto ao seu patamar inicial. “Claro que há uma renúncia fiscal nessa decisão, mas é importante esclarecer que o governo já se beneficiou do aumento da arrecadação até agora.”

Mas, se a decisão do IOF é positiva, Amato não avalia com o mesmo otimismo um novo impulso às vendas de automóveis trazido pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializa dos (IPI) para veículos zero quilômetro. “A inadimplência começou a crescer a partir de 2010 em razão de uma medida exatamente igual. Há um aumento momentâneo de demanda que depois pode se refletir na capacidade de pagamento”.

Amato destaca que, mais do que essas medidas pontuais, o Brasil vive um momento em que é preciso mobilizar todas as forças, não só do governo, “para vencer a guerra comercial que estamos vivendo”. “Só que isso requer um plano elaborado. Foi porque um dia se sonhou que o Brasil poderia fabricar avião que a Embraer nasceu”, compara.

Nesse aspecto, é unânime o discurso de que a indústria nacional requer mais do que esses pequenos incentivos para voltar a crescer. “O governo tem que se concentrar em recuperar a competitividade do Brasil”, reforça Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

E essa tão esperada recuperação da competitividade requer uma política industrial forte, acrescenta Renato da Fonseca, gerente executivo de pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “É nisso que as grandes economias têm apostado desde que aumentou a concorrência chinesa no mundo. O Brasil começou tarde, mas ainda podemos alterar esse cenário”, diz Fonseca. E a receita que ele dá para isso não é desconhecida: investimento em infraestrutura, revisões nas questões tributárias e trabalhistas, somadas a um imprescindível processo de aprimoramento educacional.

“É preciso reconhecer o esforço do governo. Mas a dificuldade de recuperação da indústria não será resolvida apenas com o estímulo à demanda”, afirma Fonseca. Os dados da CNI apontam que, de 2001 a 2011, houve valorização de 28% do real ante o dólar, enquanto a produtividade cresceu 4,1% e o custo do trabalho caiu 13%. “O resultado disso é que o setor quase já não conta mais com as operações no exterior.” Ainda assim, ele explica que, se não fosse o cenário atual, o câmbio não teria apresentado um efeito tão devastador sobre o desempenho industrial.

“A indústria brasileira é muito maior do que os automóveis e a linha branca. Por que não apoiar também a área de tecidos, por exemplo?”, questiona Rogério Amato. De família de industriais, ele lamenta constatar que toda a trajetória do setor no Brasil tem sido reduzida a lembranças. “É uma pena ver a possibilidade de toda a história da indústria nacional virar pó”.

Fonte: Brasil Econômico/ Cláudia Bredarioli – 23/05/2012

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