O seu navegador está desatualizado!

Atualize o seu navegador para ter uma melhor experiência e visualização deste site. Atualize o seu navegador agora

×

 

Os estímulos do governo ao setor automotivo já surtiram efeito sobre os números do crédito para compra de veículos. Em junho, a média diária desses financiamentos a pessoas físicas cresceu 22,8% sobre maio, chegando a R$ 426 milhões. A expansão foi muito superior às concessões apuradas pelo Banco Central (BC) para o conjunto de modalidades de crédito, cuja média por dia útil subiu 6% no geral e 6,4% para as famílias.
 
A média diária concedida para compra de carros não superava R$ 400 milhões desde dezembro de 2011, quando foi de R$ 429 milhões. As medidas de estímulo foram anunciadas pelo Ministério da Fazenda em maio e incluíram redução do Imposto sobre Produtos Industriais (IPI) sobre automóveis. O BC também adotou incentivo liberando parte do compulsório dos bancos sobre depósitos a prazo para financiamento de veículos. Até abril de 2013, essa liberação pode chegar a R$ 18 bilhões.
 
Ao longo de junho, os novos financiamentos na modalidade somaram R$ 8,515 bilhões. Isso representou crescimento de 11,7% sobre maio, num mês em que o volume acumulado de concessões apurado pelo BC para todas as categorias caiu 3,7%. Esse dado de concessão desconsidera aplicações obrigatórias dos bancos. Leva em conta apenas o chamado credito referencial, o mesmo universo considerado pelo BC para medir juros e inadimplência e que inclui quase todo o crédito com recursos livres dos bancos.
 
Sob o ponto de vista do estoque, os financiamentos de veículos aumentaram 2,1%, atingindo R$ 182,16 bilhões em junho, ante alta de 0,2% em maio. Também nesse caso a variação foi mais pronunciada tanto na comparação com a da carteira total do sistema financeiro (1,5%) quanto na comparação com o saldo das operações referenciais de crédito (1,8%).
 
Já o comportamento da inadimplência foi semelhante nas diversas modalidades do crédito referencial. As operações com pagamentos em atraso há mais de 90 dias recuaram de 6,1% para 6% do saldo total de veículos de maio para junho. No conjunto das operações, a inadimplência caiu 0,1 ponto percentual, saindo de 5,9% (dado revisado pelo BC) para 5,8%.
 
Em entrevista ao “Financial Times”, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que o aumento da inadimplência bancária no país é um tema que ficou no passado e que a autoridade já endereçou essa questão ao exigir mais capital dos bancos para operações de longo prazo. “Eu tomei a expansão do crédito como uma questão central da minha administração. Agora, nós estamos num ritmo mais saudável.”
 
Tanto a inadimplência geral quanto a do crédito para compra de automóveis tinham batido recorde em maio. Uma diferença importante é que, no caso dos veículos, a queda da taxa, mesmo modesta, foi a primeira desde dezembro de 2010, quando o percentual estava em 2,5%. É cedo, porém, para dizer se houve inversão de tendência, o que também se aplica ao dado mais geral de inadimplência.
 
No conjunto, a inadimplência recuou tanto no segmento de pessoas físicas (de 7,9% para 7,8%) quanto nas operações com empresas (4,1% para 4%). Na pessoa física, a redução foi puxada pelo financiamento de veículos. Nas demais modalidades, o BC não detectou recuo. A inadimplência do crédito pessoal ficou estável em 5,7%. A do cheque especial e a de aquisição de outros bens subiu, respectivamente, 0,3 e 0,2 ponto percentual, para 11,6% e 14,1%. No caso das empresas, a inadimplência registrou baixa mais perceptível no “hot money” (de 4,8% para 3,1%).
 
Em junho, o crédito para veículos também ficou mais barato. Enquanto a taxa média de juros para pessoas físicas saiu de 38,8% para 36,5% ao ano, a taxa da modalidade baixou de 23,4% para 20,7% ao ano. O juro médio apurado pelo BC para pessoas físicas em junho é o mais baixo da série, iniciada em junho de 1994. A taxa para empresas, embora não tenha caído ao seu nível mais baixo, também recuou, de 25% para 23,8% ao ano.
 
Ao divulgar os números, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse que dados preliminares de julho indicam, no entanto, aumento de 1,3 ponto percentual na taxa média das operações com pessoas físicas, para 37,8% ao ano. Já o juro médio para as empresas deve cair, pois a prévia dos 11 primeiros dias de julho indica queda de 0,4 ponto percentual, a 23,4% ao ano. Os dados preliminares indicam ainda queda da média diária de concessões. Após subir 6% de maio para junho, a média caiu 7,6% na comparação dos 11 primeiros dias úteis de julho com igual período de junho.
 
A prévia indica redução mais acentuada da média para pessoas físicas (-10,2%) do que para empresas (-5,5%). Na medição de junho ante maio, houve aumento de 6,4% e 5,6%, respectivamente. Maciel ponderou, no entanto, que essa queda é sazonal. “Se o número fosse dessazonalizado, provavelmente teríamos crescimento e não queda da média diária”, disse.
 
O total de operações do sistema financeiro cresceu 1,5% em junho, ligeiramente inferior a maio, quando houve expansão de 1,7%. No acumulado do primeiro semestre, a variação foi de 6,8%, levando a carteira do sistema a encerrar o período em R$ 2,167 trilhões.
 
Os números, disse Maciel, “estão em linha” com a projeção do BC para o ano, que antecipa expansão de 15% em 2012, ante 19% em 2010. Medido em 12 meses até junho, o crescimento das operações de crédito foi de 17,9%, o que significa desaceleração ante o período encerrado em maio (18,3%). O aumento em junho, embora mais modesto que o de maio, foi suficiente para fazer com que o estoque de crédito seguisse crescendo como proporção do PIB, chegando a 50,6%, ante 50,1% registrados no fim do mês anterior. O fraco desempenho do PIB certamente ajudou a elevar essa relação. A elevação no mês foi novamente puxada pelos bancos públicos.
 
Fonte: Valor Econômico/ Mônica Izaguirre/ Murilo Rodrigues Alves – 27/07/2012

Outras notícias

Investimento cresce o triplo do consumo no 4º tri de 2009

Leia mais

Novas regras de capital desafiam os bancos

Leia mais

Atuações do BC sugerem conforto com dólar atual

Leia mais