O seu navegador está desatualizado!

Atualize o seu navegador para ter uma melhor experiência e visualização deste site. Atualize o seu navegador agora

×

 

 

Tudo bem os gestores de fundos conclamarem seus clientes a investir em bônus de mercados emergentes. Mas será que existem bônus suficientes para atender a essa demanda?
 
Tudo bem os gestores de fundos conclamarem seus clientes a investir em bônus de mercados emergentes. Mas será que existem bônus suficientes para atender a essa demanda?
 
O entusiasmo com o qual os administradores de fundos mundiais recomendam os títulos dos mercados emergentes como alternativa a investimentos em renda fixa de menor rentabilidade no mundo desenvolvido está causando estranheza entre alguns especialistas. Há temores de que alguns países em desenvolvimento possam estar incapacitados de absorver um enorme fluxo de dinheiro sem sofrer uma bolha de investimentos de consequências potencialmente desastrosas.
 
Mas essas preocupações não estão impedindo os gestores de fundos de se esforçarem arduamente para abrir uma nova fronteira no mundo em desenvolvimento.
 
Em recente mesa redonda sobre estratégia de investimentos, a BlackRock disse que investidores institucionais americanos, como fundos de pensão, estavam ouvindo rotineiramente que deveriam duplicar sua exposição a títulos dos mercados emergentes, a partir da atual média de 4%, para 8% de suas carteiras. A BlackRock vai além, recomendando uma exposição de 10% a esses papéis.
 
As taxas de juros extremamente baixas vigentes nos Estados Unidos e na Europa atraíram muitos investidores para os bônus de mercados emergentes, de maior rendimento, nos últimos anos. O sólido crescimento econômico desses países, diferentemente do observado nas economias desenvolvidas, às voltas com dificuldades, contribuiu para convencer os fundos de pensão de que os riscos historicamente associados aos mercados emergentes diminuíram.
 
Mas, se todos eles seguirem o conselho da BlackRock de canalizar mais dinheiro para essas aplicações, poderá fluir para os bônus dos mercados emergentes um adicional de US$ 3 trilhões nos próximos anos, o equivalente a US$ 485 bilhões por ponto percentual de aumento de exposição da carteira, segundo cálculos da BlackRock.
 
O valor corresponde a cerca de três vezes o montante total de bônus vendidos por empresas e governos soberanos de emergentes em 2012, ou US$ 1,1 trilhão, segundo dados da assessoria em investimentos Dealogic. E esse foi um ano recorde para o setor.
 
Vale notar que o total de títulos soberanos e corporativos de mercados emergentes em circulação é de apenas US$ 4,9 trilhões, segundo o Bank of America Merrill Lynch.
 
“Recebo frequentemente telefonemas dos nossos clientes de fundos de hedge me pedindo para ajudá-los a encontrar cada vez mais ativos de mercados emergentes para comprar. Mas achar boas opções não está ficando mais fácil. Na verdade, está ficando mais difícil”, diz Alberto Bernal, diretor de pesquisa e estratégia da Bulltick Capital Markets, especializada em investimentos na América Latina.
 
Os mercados de bônus domésticos passaram por considerável ampliação em países como México, Brasil, Turquia e África do Sul, mas sua magnitude ainda é pequena se comparada à de mercados mais maduros. Por isso, muitos operadores e gestores de bônus relutam em se desfazer dos títulos quando efetivamente conseguem adquiri-los. Os preços foram pressionados para cima.
 
A demanda por bônus negociados internacionalmente é ainda maior. Desde 2010, os governos de Mongólia, Belarus, Zâmbia, Geórgia, Bolívia, Tanzânia, Paraguai, Angola, Nigéria, Albânia, Montenegro, Jordânia e, mais recentemente, Honduras conseguiram atrair investidores mundiais para emissões de bônus pela primeira vez. Até mesmo Papua-Nova Guiné e Ruanda planejam estrear em breve na venda de bônus internacionais.
 
“A gente percebe que há algo de errado quando vê um grupo muito grande de investidores tentando agressivamente comprar bônus emitidos por empresas com demonstrações de resultados muito fracas, ou vendidos por um país como a Bolívia com rendimentos inferiores a 5%”, diz Bernal.
 
Analistas advertem também para o fato de que os títulos dos mercados emergentes não tendem a ser uma aposta unilateral, uma vez que as idiossincrasias das economias locais, das ações governamentais e outros riscos podem submeter os rendimentos e os preços à volatilidade.
 
Enquanto os retornos sobre os bônus dos mercados emergentes ficaram acima de 10% nos últimos doze meses, por exemplo, o desempenho desses papéis no acumulado deste ano é inferior, em parte devido à recente alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, segundo o Índice Mundial Diversificado EMBI, do J.P. Morgan.
 
“Expectativas desencontradas de oferta e demanda nos mercados emergentes não são a única dificuldade que os investidores poderão ter de enfrentar este ano. Poderá haver também um descompasso das expectativas das pessoas com relação aos retornos desses bônus”, diz Marcelo Assalin, diretor de títulos soberanos de mercados emergentes da gestora ING Investment Management.
 
A outra questão é se os governos e empresas dos mercados emergentes precisam realmente de todo esse dinheiro adicional. Um dos que pensam que sim é Doug Peterson, principal executivo da agência de classificação de risco Standard & Poor”s, que disse em recente teleconferência com investidores na McGraw-Hill: “Os países dos mercados emergentes estão desenvolvendo culturas de crédito a fim de custear escolas, estradas, energia e hospitais, aos quais nossas classificações facilitam o acesso de mais investidores”.
 
Mas Alan Ruskin, diretor mundial de estratégia cambial do Deutsche Bank, diz que já começaram a piscar sinais de alerta em Hong Kong, Coreia do Sul, Brasil, China, Tailândia, Malásia e Hungria, onde o crescimento do crédito parece não ter-se traduzido num sólido crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o que sugere que o dinheiro está sendo canalizado para fins pouco produtivos.
 
“Um surto de crescimento do crédito pode ser um dos lados da inflação de ativos e, em sua pior forma, de uma bolha de ativos”, diz Ruskin. “Surtos de crescimento do crédito tendem a acabar em colapso do crédito.”
 
Fonte: Valor Econômico / Vivianne Rodrigues / Stephen Foley / Financial Times – 01.04.13

Outras notícias

Economia dá primeiros sinais de recuperação

Leia mais

Banco estuda medidas de fomento a crédito longo

Leia mais

Para bancos, as novas regras são positivas

Leia mais