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Da história recente do País, os brasileiros não esquecem a inflação, que chegou a dois dígitos e corroeu, dia após dia, o poder de compra das famílias. Após anos de estabilidade, que veio com o real, novas altas de preços em 2010 preocuparam os consumidores, embora não tenham atingido nem de perto o cenário de hiperinflação dos anos 1980. Do outro lado do mundo, os japoneses vivem em um cenário distinto, de deflação. E, depois de mais de dois anos com quedas generalizadas de preços, o Japão registrou em abril uma inflação de 0,6%.

No Brasil, de acordo com dados recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação no País chegou a 0,7% em maio. Enquanto uma alta nesse nível chega a preocupar alguns brasileiros, a elevação no país asiático foi motivo de comemoração ao estilo japonês, um pouco contida. Isso porque esse indicador ainda não mostra que a economia do país esteja voltando a se aquecer. E a recessão na qual o Japão entrou ainda persiste. Enxergar a inflação em uma perspectiva positiva para os brasileiros pode parecer não fazer sentido algum. Mas faz.

Especialistas ouvidos pelo InfoMoney afirmam que tanto a deflação como a inflação trazem prejuízos à economia, dependendo do nível em que estiverem. Tudo vai depender do país e dos cenários no qual ele está envolvido. “As duas são danosas”, afirma o economista da FGV (Fundação Getulio Vargas), André Braz. “Uma deflação que ocorre esporadicamente em grupos que têm fortes pesos na inflação pode ser benéfica. Mas, se esse efeito de queda for generalizado e por muito tempo, ele é tão ruim quanto a inflação, pois mostra indícios de recessão”, afirma Braz.

Poder de compra
Enquanto a inflação diminui a capacidade de compra dos consumidores, a deflação faz com que elas tendem a consumir menos, porque sabem que amanhã o dinheiro delas valerá mais. Para o economista da Tendências Consultoria, Thiago Curado, a deflação é pior que a inflação. “Porque ela leva a um processo de estagnação. Aquecer a economia é mais difícil que desaquecer”, acredita.

Ele explica que países que sofrem de deflação constante trabalham com taxa de juros próxima a zero. “Eles estão no máximo da liquidez. O que dá para fazer nesses casos? Nada. Em deflação há pouco espaço para a política monetária atuar”, afirma Curado. Esse caso é o do Japão. “Eles têm uma poupança elevada, mas não investimentos, porque as empresas querem investir onde o seu produto será consumido”.

Já em casos de inflação, em que normalmente as taxas estão altas, desaquecer a economia, em termos simples, é recuar os juros. É o caso do Brasil. “Todo país que visa crescimento tem que conviver com um nível de inflação”, acredita Braz. “O que não pode é deixar esse índice crescer e ultrapassar um limite”, atesta.

Aquecendo e desaquecendo a economia
Braz explica que a deflação ocorre quando a economia começa a desaquecer, fazendo com que as empresas diminuam o ritmo de produção e o quadro de funcionários. Sem emprego, as famílias passam a consumir menos e, como a oferta cai, os preços caem, sucessivamente. Já a inflação é gerada por alguns fatores como oferta ou demanda. “No caso do Brasil, a inflação é de demanda”, afirma Curado.

Ele explica que, com o aumento da renda e a oferta de crédito, as famílias tendem a querer consumir mais. Esse consumo desenfreado e outros fatores externos geram um aumento de preços. “Essa inflação é bem diferente daquela da década de 80, porque, naquela época, a inflação era por expectativa, que é bem mais difícil de ser quebrada, porque é gerada pelas expectativas das pessoas de quanto custará o dinheiro delas no futuro”, explica Curado.

Para o economista da FGV, tanto em caso de inflação como de deflação, é preciso avaliar cada cenário cuidadosamente. Ao contrário de Curado, Braz acredita que desaquecer é tarefa tão difícil quanto aquecer a economia. “Existe uma série de medidas que devem ser adotadas, dependendo de cada cenário. O que não dá é ficar olhando só para dentro do próprio País”.

InfoMoney, 27 de maio de 2011

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