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As linhas de crédito para o comércio exterior, em grande parte abastecidas por bancos internacionais com moedas estrangeiras, estão ficando mais caras e a disponibilidade, diminuindo. O movimento tem evoluído ao longo da segunda metade deste ano. Os financiamentos com prazo superior a um ano começaram a dar sinais de menor disponibilidade há cerca de três semanas, segundo Fernando Freiberger, responsável pelo “corporate banking” do HSBC. Em setembro, o impacto era sentido só nas linhas acima de três anos.

O custo das linhas de comércio exterior para os bancos, que têm juro atrelado à Libor, também está mais salgado – subiu, nas últimas três semanas, de um a dois pontos percentuais. Quanto maior o prazo, maior o aumento. Uma linha com prazo de seis meses, por exemplo, que antes de setembro saía a Libor mais 1,2% ao ano, agora é repassada para o banco local a Libor mais 2,1%.

A ação coordenada de bancos centrais para injetar liquidez em dólares no sistema bancário mundial na virada de novembro para dezembro, no entanto, trouxe algum alívio. “Da semana retrasada para cá, a taxa voltou 0,5 ponto percentual”, diz Ures Folchini, tesoureiro do WestLB.

As empresas não sentiram ainda tanto a pressão da menor disponibilidade de crédito no cenário mundial porque a situação de caixa de muitas está favorável. “Elas fizeram o dever de casa e alongaram suas dívidas”, explica Freiberger, do HSBC. “Quando começaram a sentir sinais de desaceleração da economia e de agravamento da crise da Europa, se voltaram para dentro, geriram melhor os custos e postergaram investimentos.”

Carlito Dayam, diretor do Daycoval, banco especializado na oferta de crédito a empresas de médio porte, vê até agora mais impacto no preço do que no volume de recursos. “Os bancos estrangeiros menores, que dão linha para os grandes, esses têm sofrido um pouco e têm diminuído a oferta”, pondera. Mesmo assim, o repique não estaria sendo suficiente para barrar o acesso das empresas a financiamentos para o comércio exterior. “A companhia brasileira pode arcar com isso”, diz Dayam.

Na avaliação de Sérgio Lulia Jacob, vice-presidente do ABC Brasil, a alta de custo estaria atrelada a uma redução mais forte da oferta de crédito em relação à demanda por parte dos bancos instalados no Brasil. “Há uma cautela maior por parte de quem concede as linhas porque está havendo uma desaceleração na economia e isso atinge as empresas”, afirma.

De setembro para outubro, a média diária de concessão de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) caiu quase pela metade, de R$ 412,9 milhões para R$ 272,4 milhões, segundo dados do Banco Central (BC).

O panorama atual está longe de ser otimista, porém um quadro de ruptura como o que se seguiu à quebra do Lehman Brothers está praticamente descartado. Algumas instituições financeiras apostam, inclusive, em uma retomada de condições e fluxo dessas linhas no início de 2012. Até lá, os problemas emergenciais da Europa estariam razoavelmente equacionados, e o apetite por emergentes seria retomado.

Rogério Calderón, diretor de controladoria do Itaú Unibanco, diz observar alguma deterioração das linhas externas para o Brasil nas últimas semanas, com aumento de custos e redução de disponibilidade. Entretanto, ele espera uma retomada logo no começo de 2012. “O recente ‘upgrade‘ do Brasil, juntamente com a melhor percepção sobre a América Latina, têm o potencial de atrair recursos de investidores que anteriormente não investiam no país”, destaca.

Na opinião de Dayam, do Daycoval, os bancos estrangeiros estão mais otimistas com os bancos brasileiros do que as próprias instituições financeiras domésticas. “Os bancos lá fora que têm liquidez não vão querer se arriscar nos mercados deles”, diz.

Mas, se nem o encarecimento das linhas externas, nem a leve redução de disponibilidade parecem afetar de forma drástica o crédito corporativo no Brasil, o ambiente mais avesso para emissões no mercado de capitais internacional já começa a estimular grandes empresas a buscarem, aqui, linhas bancárias tradicionais. “Aumentou a demanda das grandes empresas por capital de giro”, afirma Dayam. “Achávamos que no último trimestre o ritmo [dos empréstimos] iria diminuir um pouco, mas estamos vendo que até o ano que vem não vai ser aquela coisa horrorosa.”

O Bradesco também já sente uma demanda maior por crédito por parte dos clientes que antes se abasteciam com linhas estrangeiras. “A oferta não está caindo, mas muitas empresas estão esbarrando em problemas de limite de crédito, que está no teto”, afirma Domingos Figueiredo de Abreu, diretor vice-presidente do Bradesco.

“Não vejo demanda maior significativa nem na margem, mas uma ou outra empresa fazendo esse movimento”, diz Freiberger, do HSBC. Calderón, do Itaú, avalia que ainda é cedo para afirmar que a liberação de linhas pelos bancos no mercado doméstico seja necessária “à medida que a percepção do risco brasileiro pelos investidores internacionais tem melhorado muito nos últimos anos”.

Fonte: Valor Econômico/Aline Lima e Carolina Mandl – 13/12/2011

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