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O enfraquecimento sazonal da demanda por crédito pela pessoa física de início de ano, longe de ser uma referência para 2010, já mostrou tendência de inflexão desde a virada de fevereiro para março. Segundo instituições financeiras consultadas, algumas carteiras têm crescido a um ritmo acima das expectativas. Foi assim com o crédito imobiliário, no Bradesco, ou o Crédito Direto ao Consumidor (CDC), na Losango. No Banco do Brasil, o limite de crédito pré-aprovado à pessoa física foi elevado em R$ 8,2 bilhões para atender uma procura que voltou ao nível pré-crise. 

Mesmo as linhas fadadas a perder relevância no sistema, como o empréstimo pessoal e o CDC, usado para financiar bens diversos, têm apresentado dinamismo. No primeiro caso, as instituições têm reinventado o tradicional empréstimo sem destinação específica e já é possível encontrar prazos de até 50 meses, caso do Santander. No CDC, são os acordos com as redes de varejo que têm alimentado um produto que, progressivamente, vem sendo substituído pelos cartões de crédito híbridos. 

“Começamos 2010 acima dos nossos planos, não há nenhum sinal de que o consumidor tenha se retraído, pelo contrário”, diz Hilgo Gonçalves, executivo-chefe da Losango. Segundo o executivo, os desembolsos tiveram incremento de 10% em janeiro em relação ao mesmo período de 2009, passando a 20% em fevereiro e março na mesma base de comparação. Entre CDC e cartões, o braço de consumo do HSBC no Brasil tem R$ 4,5 bilhões orçados para este ano para financiar o cliente dos 23 mil lojistas parceiros. 

Com os bancos direcionando esforços para o crédito imobiliário, há todo um mercado que se movimenta junto, como o de eletroeletrônicos, móveis e materiais de construção. 

Enquanto no varejo massificado os prazos se estendem, em geral, a 24 meses, dependendo da capacidade do lojista de dividir o seu fluxo de recebimento, no recém-lançado CDC Premium, destinado às classes A e B, as parcelas podem chegar a 36 meses. Nessa linha, usada para financiar a aquisição de móveis planejados, tratamentos dentários, viagens e reformas residenciais, a financeira pretende direcionar R$ 400 milhões. Outro segmento que deve puxar os negócios é o de materiais para construção, com crescimento estimado de 25%.

Com a nova década iniciada sob os holofotes da Copa do Mundo e da Olimpíada, a expectativa é de que os investimentos nas áreas de logística, rodovias, aeroportos e turismo façam a roda da economia girar com mais vigor já a partir de 2010. Essa combinação traz consequências sobre o emprego, a renda e a confiança do consumidor, que passa a ter maior propensão a tomar crédito e financiar as suas compras, aponta o diretor do departamento de empréstimos e financiamentos do Bradesco, Nilton Pelegrino. “Algumas carteiras surpreenderam, com crescimento maior do que em outros anos.” O crédito imobiliário apresentou volume recorde em fevereiro, mês com apenas 17 dias úteis, superando janeiro, mês cheio, e os desembolsos observados em fevereiros anteriores. 

Com esse comportamento, Pelegrino considera que a produção mensal, de mil contratos, com tíquete médio entre R$ 150 mil e R$ 200 mil, pode dobrar em pouco tempo, com a expansão da carteira no ano chegando a 30% em 2010. “Este é um cliente que acaba ficando com o banco por pelo menos 30 anos, não há instrumento de fidelização melhor.” O crédito pessoal e o cheque especial também mostraram robustez, com crescimento de 25%, a R$ 20 bilhões, em comparação a janeiro, ritmo que tende a se repetir nos próximos meses.

Ao cruzar suas estatísticas de bom histórico de crédito com o perfil com maior propensão ao consumo, o Banco do Brasil atualizou a sua base de cadastro positivo e adicionou R$ 8,2 bilhões em limites. “O mercado está bem aquecido e estamos preparados para atender essa demanda”, diz o diretor de crédito, Walter Malieni. Progressivamente, o banco vem ampliando os prazos – no crédito pessoal já há linhas de 48 meses e no consignado de 60 – e trazendo para sua carteira o perfil de baixa renda. Dos 1,4 milhão de correntistas que tiveram a oferta de crédito ampliada, 72,9% têm renda de até quatro salários mínimos. 

No Banco Santander, o batizado “crédito super simples”, destinado ao varejo de alta renda, o prazo chega a 50 parcelas. A cada R$ 1 mil emprestados, o cliente paga R$ 50,00 por mês. Trata-se de uma linha que tem sido endereçada a gastos programados, como viagens ou aquisição de bens de maior valor agregado, como um “home theater” , uma TV de LCD ou até um carro usado, diz o superintendente-executivo de empréstimo pessoa física, Eduardo Castro. “Normalmente, as lojas não financiam num prazo tão longo.”

Mesmo na linha convencional de crédito pessoal, os prazos foram ampliados de 36 vezes para até 48 vezes há cerca de um mês. “A partir do momento que percebemos a maior estabilidade econômica e recuperação do nível de emprego, voltamos aos prazos praticados no período pré-crise.”

Como janeiro e fevereiro são meses em que o orçamento fica mais apertado em função das compras financiada no fim do ano e despesas como IPVA, IPTU e material escolar, o que se observa agora em março é a substituição do cheque especial pelas operações de empréstimo pessoal, diz Castro.

“Ao dividir em três anos, a parcela mensal compromete muito menos a renda.” No Santander, tal migração está automatizada e o cliente parcela o saldo tomado no cheque especial, com taxa de 9%, por metade desse custo. 

Fonte: Valor Econômico/Adriana Cotias – 22/03/10

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