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O diretor-geral do Banco Internacional de Compensações (BIS), Jaime Caruana, sugeriu ontem que os países emergentes com rápido crescimento do crédito acelerem a capitalização dos bancos e moderem o ritmo dos financiamentos para evitar futuras crises.

 
Em seu informe anual, o banco dos bancos centrais mostrou que o Brasil está na zona de risco: expansão do crédito num ritmo muito mais rápido que o PIB nos últimos três anos, “efervescência” que duplicou os preços de imóveis nas grandes cidades e endividamento na direção de níveis recordes.
 
Em entrevista a dois jornais brasileiros, Caruana esquivou-se de falar de países específicos. Mas afirmou: “As lições que aprendemos todos na crise, e em crises anteriores, é que o rápido crescimento do crédito tem que ser vigiado com muito cuidado, para não se acumular riscos excessivos mais adiante, quando se materializam num maior custo em termos de menor crescimento”.
 
A avaliação sobre o sistema financeiro da América Latina “e de outros é de que demonstraram estar melhor preparados do que os países avançados”. Quanto aos desafios, Caruana estima que estão relacionados com os desequilíbrios que podem surgir nessas economias, em parte por seus próprios êxitos. Um deles é o rápido crescimento do crédito. O segundo é como administrar a volatilidade dos fluxos de capitais que entram nessas economias.
 
Ele notou que as condições financeiras nos países desenvolvidos influem as condições financeiras no resto do mundo, e nos emergentes se transmitem, por exemplo, por meio das taxas de câmbio. “Quando os países desenvolvidos têm baixa taxa de juros e existe política de não permitir a valorização da moeda, isso leva a que as políticas monetárias dos emergentes também sigam uma política relativamente relaxada, e aí se trata que tipo de medida por em marcha.”
 
Para o diretor-geral do BIS, é conveniente os emergentes fazerem duas coisas para evitar contágios: moderar o crescimento do crédito, “coisa que não é fácil”; e aumentar a resistência do sistema financeiro.
 
Indagado se na situação de um país com excesso de crédito seria necessário acelerar a implementação do colchão de capital contracíclico, disse: “De forma geral, a resposta é sim. Convém acelerar, na medida em que o crescimento de crédito seja elevado. Mas também há que ver a situação de cada país, não se pode fazer generalizações”.
 
A capitalização pode vir também de forma que “simplesmente consiga aumentar capital mais rapidamente”. Ele chama a atenção para a importância de quantidade, mas também qualidade do capital dos bancos. Em alguns países desenvolvidos em crise, “a qualidade do capital dos bancos era fraca”.
 
Ele defende igualmente medidas macroprudenciais como “algum limite entre a equação crédito/valor dos imóveis, que podem mitigar essa situação”.
 
No caso do colchão contracíclico, para frear riscos com créditos excessivos no mercado, o Brasil começará a implementá-lo em 2014. Como o Valor revelou, levando em conta pesquisas do BIS, conclui-se que a situação brasileira atual exigiria dos bancos capital adicional máximo de 2,5% ponderado pelo risco, por causa do “credit gap” registrado no país, ou seja, a diferença entre a proporção crédito/PIB e sua tendência de longo prazo.
 
“As muitas reformas feitas em Basileia 3 apontam pela criação de maior colchão de capital que, por uma parte, pode ajudar marginalmente a conter o rápido crescimento do crédito, mas sobretudo ajudará quando surgir um período de baixa do crescimento, e o crédito pode desacelerar bruscamente, como vimos. E nesse caso ter acumulado resistência antes [com os colchões] ajudará a conter o impacto na economia”, afirmou Caruana.
 
Os emergentes são na prática aconselhados a evitar os erros que afetam hoje duramente os desenvolvidos. “Os bancos se endividaram acima do que seus sistemas de riscos permitiam controlar. Foram excessivamente otimistas. Em geral, padrões de crescimento que foram aceitos estavam baseados em excessiva expansão do crédito”, afirmou.
 
Fonte: Valor Econômico/ Assis Moreira – 26/06/2012

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