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O Banco Central (BC) reduziu consideravelmente a previsão do crescimento econômico deste ano e elevou a expectativa para a inflação no relatório trimestral ontem divulgado. A variação do Produto Interno Bruto (PIB) prevista para este ano é agora de apenas 1,6%, podada em quase um ponto percentual em comparação com os 2,5% esperados no relatório anterior e em quase dois pontos frente aos 3,5% defendidos no início do ano. O número é mesmo inferior aos 2% anunciados há algumas semanas em uma outra revisão feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
 
Para a inflação deste ano, a previsão do cenário de referência do Banco Central é agora a mesma do cenário de mercado, de 5,2%, meio ponto acima da expectativa anterior.
 
Os números apresentados pelo relatório trimestral de inflação do Banco Central sancionam as previsões mais pessimistas do mercado. Mantega chegou a chamar de “piada” a previsão de crescimento do PIB de 1,5% para este ano feita por uma instituição financeira estrangeira, inconformado com uma expansão inferior até mesmo aos 2,7% de 2011, apesar do caminhão de estímulos fiscais e monetários injetados na economia.
 
A partir de agora, o BC vai divulgar suas projeções para o PIB adotando uma prática de outros bancos centrais como o americano Federal Reserve (Fed), para melhorar a comunicação com o mercado.
 
O cenário traçado para 2013, embora melhor do que o deste ano, não é nada alvissareiro. Apesar de ter dito diversas vezes que os estímulos adotados pelo governo fariam a economia rodar no ritmo de 4% ao ano neste fim de ano, o BC trabalha com a expectativa de que o PIB vai crescer 3,3% nos quatro trimestres terminados em junho de 2013, o dobro do 1,2% registrado na mesma base de comparação neste ano.
 
Já a inflação, prevista convergindo para o centro da meta (4,5%) nos próximos meses, não chegará perto da mosca tão cedo. No cenário de referência do BC, a inflação manterá no primeiro trimestre de 2013 o patamar de 5,2% no qual fechou 2012, recuará ligeiramente no segundo para 5,1%, cederá no terceiro para 4,6% e voltará a subir no quarto trimestre para 4,9%. São números mais pessimistas do que os do cenário de mercado, que trabalha com 5,1% no primeiro trimestre, 5% no segundo, 4,5% no terceiro e 4,8% no quarto.
 
O relatório não é muito claro a respeito dos motivos pelos quais crescimento econômico e inflação se desviaram tanto das expectativas iniciais para este ano. Talvez porque os motivos sejam vários. Um deles pode ser o excesso de confiança de que o ano seria melhor e que a economia responderia mais rapidamente ao corte de juros, o que retardou as medidas de estímulo. Como registra o relatório, de junho a agosto, o governo federal lançou medidas de estímulo que resultaram em renúncia fiscal ao redor de R$ 18 bilhões, entre as quais a redução das alíquotas da Cide incidentes sobre a importação e comercialização de combustíveis e das alíquotas de IPI sobre produtos da linha branca, móveis, laminados, luminárias, papel de parede, construção civil e automóveis.
 
Depois disso vieram ainda a desoneração da folha de pagamento de vários setores, aumento do imposto de importação de cem produtos, redução do custo do crédito do BNDES, além dos programas de concessões de rodovias, ferrovias e diminuição do custo da energia elétrica. Algumas dessas medidas só terão impacto no próximo ano.
 
A indústria de transformação é um dos setores mais afetados – e também o que mais está sendo estimulado. Na previsão do Banco Central, o PIB industrial deve cair 0,1% neste ano, puxado pelo recuo de 2,2% da indústria de transformação, que fechou o primeiro semestre com retração de 2,9% no acumulado em 12 meses. A expectativa do BC é que o setor se recupere nos próximos meses e registre crescimento de 0,8% nos 12 meses acumulados em junho de 2013. Para o setor agrícola o BC prevê retração de 1,4% neste ano.
 
Certamente o governo também negligenciou a desaceleração internacional, em especial dos mercados emergentes, e o choque de oferta das commodities agrícolas, por causa da seca nos Estados Unidos, o que contagiou o Brasil pelas expectativas e o comércio exterior.
 
Mesmo mais otimistas, as previsões do BC para os próximos meses têm algumas incógnitas. A política fiscal, por exemplo, até por causa das desonerações, passou de “uma posição de neutralidade para ligeiramente expansionista”. Outro problema é o mercado de trabalho, em que as negociações salariais ainda atribuem “peso excessivo” à inflação passada, em detrimento da inflação futura.
 
Fonte: Valor Econômico – 28/09/2012

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