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O Banco Central (BC) avalia que, mantido o atual ritmo de produção, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria atingirá 86,5% em maio de 2010, perto de bater o recorde registrado em junho de 2008. Isto mostra que a economia brasileira está próxima de se recuperar inteiramente dos efeitos da crise financeira internacional, que atingiu fortemente o país em meados de setembro de 2008, mas sinaliza também que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode estar a ponto de promover uma nova rodada de aperto monetário para combater possíveis pressões inflacionárias.

O recado consta de um dos boxes do Relatório de Inflação (RI) divulgado na semana passada pelo BC. No texto, os técnicos da instituição analisam a evolução do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ao longo da crise. Eles afirmam que a produção industrial começou a se recuperar em abril de 2009 e acelerou a partir do terceiro trimestre do ano.

Considerando a taxa atual de expansão trimestral do Nuci – de 1,8 ponto percentual no trimestre concluído em novembro -, o indicador atingiria 86,5% em maio de 2010, um nível apenas 0,2 ponto percentual inferior ao recorde histórico – de 86,7%, alcançado em junho de 2008, três meses antes da fase aguda da crise mundial. Diante disso, o BC manda uma mensagem aos agentes econômicos ao afirmar que a política de juros levará esses dados em consideração daqui em diante.

“Nesse cenário, a condução da política monetária deverá passar a considerar não apenas as perspectivas de retomada efetiva dos investimentos na capacidade produtiva da indústria e os prazos de maturação destas inversões, quanto os efeitos defasados dos estímulos de política econômica adotados no período recente”, afirma o documento.

Em outras palavras, o BC está dizendo que a forte redução da taxa básica de juros (Selic) ao longo de 2009 – de 13,75% para 8,75% ao ano – ainda produzirá efeitos positivos sobre a demanda. Além disso, o texto deixa claro que o Copom não ficará de olho apenas na retomada dos investimentos, que, em última instância, aumentam a capacidade produtiva da economia e, portanto, elevam a oferta de bens e mercadorias, diminuindo as pressões inflacionárias.

Na ata da última reunião do Copom e no recente Relatório de Inflação, o BC desarmou expectativas de aumento da taxa Selic a curtíssimo prazo, mas sinalizou que poderá fazer isso nos meses seguintes. A leitura do Relatório de Inflação fez alguns analistas do mercado, como o economista-chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn, apostarem que um novo aperto monetário será iniciado em março ou abril. O relatório é o principal instrumento de comunicação do BC com o mercado. É por meio dele que administra expectativas.

No boxe “Evolução do Nuci ao Longo da Crise”, publicado no último relatório, os técnicos do BC mostram que os setores da indústria mais impactados foram os de bens de maior valor agregado ou destinados ao mercado externo. A turbulência afetou, principalmente, as indústrias de bens de capital (máquinas e equipamentos), de bens de consumo duráveis e intermediários. Os menos afetados foram os produtores de bens de consumo semi e não duráveis, em geral de menor valor agregado.

O setor de bens de capital foi o que mais sofreu com a crise. Em setembro de 2008, o Nuci desse segmento da indústria estava em 88%. Em maio de 2009, caiu a 73,4%, um recuo de 14,6 pontos percentuais, o maior de todos. Em novembro, chegou a 77,9%. O setor enfrentou a queda de Nuci mais longa e o que teve, até agora, a recuperação mais tímida (de 4,5 pontos em relação ao pior resultado na crise). Além disso, o Nuci está longe de voltar aos níveis do período pré-crise.

Os números mostram que, quando se observam os 14 gêneros industriais acompanhados pela FGV, apenas quatro já estão operando com o Nuci igual ou superior ao de setembro de 2008 – química, produtos farmacêuticos e veterinários, matérias plásticas e têxtil. Dois segmentos – o de vestuário, calçados e artigos de tecidos e o de papel e papelão – estão próximos de atingir a capacidade anterior. Os oito restantes, inclusive o de alimentos, ainda trabalham com elevada ociosidade.

Nessa categoria, os mais ociosos são os de metalurgia – que antes da crise operava com Nuci de 92% e, em novembro, ainda estava em 82,2% – e o de mecânica – 86,8%, face a 75,9%. A ociosidade indica que a indústria, ao operar ainda fora dos seus limites, não pressionará a inflação nos próximos meses, mas o BC detectou recentemente crescimento generalizado no uso da capacidade.

“O impacto da consolidação da retomada da atividade econômica sobre o nível de utilização da capacidade instalada na indústria de transformação pode ser observado a partir de abril, impulsionado, neste período, pelo desempenho das indústrias de construção e de bens intermediários”, diz o texto do BC. “Este movimento passou a se mostrar mais generalizado a partir do início do terceiro trimestre de 2009, quando os Nuci relativos às quatro categorias da indústria apresentaram aumentos consistentes com os desempenhos das respectivas indústrias.”

Fonte: Valor Econômico/Cristiano Romero – 30/12/09


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