O Banco Central irá expandir o monitoramento do mercado de crédito ao ampliar a cobertura do Sistema de Informações de Crédito (SCR).
A partir do dia 30 de abril, a autoridade monetária irá obrigar as instituições financeiras a enviar informações sobre operações de crédito com valor maior do que R$ 1 mil. Hoje, o sistema abrange apenas transações com valor de mais de R$ 5 mil.
São dados como renda do tomador ou faturamento da empresa e se o pagamento do empréstimo está ou não em dia.
A expansão permitirá dobrar o número de operações registradas. Desde junho de 2005 o número de operações de crédito nesta faixa de valor passou de 55 milhões para 155 milhões, registrado em dezembro de 2011. O valor destas operações chegou a R$ 166 bilhões, e 93% são relacionadas a pessoas físicas.
Dessa forma, o Banco Central passará a monitorar 96% das operações de crédito realizadas no sistema financeiro. Antes, o sistema cobria 88%. “A ampliação irá impulsionar o crescimento sustentável do crédito, melhorar a avaliação do risco de crédito para financeiras e ajudar a reduzir o spread bancário”, disse na sexta o presidente do BC Alexandre Tombini.
Wemerson França. economista da consultoria LCA, não acredita que a ampliação do monitoramento do mercado pelo BC possa reduzir o spread. “Ele depende mais da taxa de inadimplência e medidas de cunho fiscal”, diz. “A expansão apenas deixa o sistema mais sólido. Os bancos já têm esse tipo de acompanhamento.”
Por outro lado, aponta França, o cenário macroeconômico exige um maior acompanhamento do Banco Central. “O comprometimento da renda familiar atingiu 22,3% em dezembro e está no topo da série histórica.”
Mariana Oliveira, economista da Tendências, aponta que, apesar do aumento do comprometimento da renda, a consultoria não vê preocupações com relação ao crédito no país. “Mas um aumento da inflação pode ser preocupante, pois pode corroer a renda real do tomador e ter impacto na capacidade da família de pagar suas dívidas.”
Na última década, o crédito teve expansão de 26% para 49% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Para analistas, ainda há espaço para crescimento.
Fonte: Brasil Econômico/ Marília Almeida – 26/03/2012