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Três meses e meio antes do início do cronograma internacional adotado pelo Banco Central, janeiro de 2013, o debate sobre a implementação de das regras do acordo de Basileia III permanece no mercado financeiro e preocupa as instituições financeiras, principalmente as de médio porte, que podem ser as mais impactadas, segundo analistas.
 
Com base no cálculo do patrimônio de referência (PR) de junho de 2001, de R$ 455 bilhões, a aplicação integral das regras causaria um impacto de R$ 200 bilhões, o que representa cerca de 7,5% do Índice de Basileia médio atual, entre 16% e 17%. A afirmação é de Milto Bardini, vice-presidente do Bicbanco, ao ser questionado por um analista em reunião da Apimec-SP. “Alguém se ateve a imaginar o quanto significa 7,5% de Basileia neste país? R$ 2,3 trilhões em empréstimos, ou seja, mais do que o total de empréstimo existentes.”
 
Bardini citou os números, sem mencionar a fonte, mas apaziguou ao dizer que a entidade reguladora (Banco Central) tem mais informações do que o mercado e será cautelosa e gradual na aplicação das medidas. “Não estamos à mercê de decisões abruptas, que causem impactos na economia que acabem resultando no que acabo de citar.”
 
Sobre os impactos e decisões que estão sendo tomados no Bicbanco, o vice-presidente manteve o discurso de normalidade. “Nós também estamos atentos e já fizemos nossa parte. A Basileia III está atingida quatro vezes no curto prazo e uma vez no longo prazo.”
 
Em resposta ao DCI, o Banco Central afirmou que não fornece valores do impacto da aplicação da Basileia III, mas que é realizada de forma gradual.
 
A Basileia III segue padrões internacionais do Comitê de Supervisão Bancária de Basileia e tem como objetivo aprimorar a capacidade dos bancos de absorver perdas originais de crises do próprio sistema financeiro ou de outros setores da economia.
 
O cronograma, colocado em audiência pública pelo BC em fevereiro deste ano, começa em 1° de janeiro de 2013 e termina em 1° de janeiro de 2019. No mundo, o patrimônio de referência é de 8%, no Brasil chega a 11% e com a Basileia III será de 10,5% a 13% na soma do requerimento mínimo mais adicional.
 
Lúcio Anacleto, sócio da área de gestão de riscos financeiros da KPMG no Brasil, detalhou, em síntese, que o pacote direciona três grandes assuntos para instituições financeiras: qualidade e quantidade de capital; gestão de do risco de liquidez e alavancagem dos ativos acima do capital.
 
Apesar da justificativa apresentada pelo vice-presidente do Bicbanco, em linha com o discurso do órgão regulador, Anacleto afirmou que o maior impacto será nos bancos médios. “O órgão regulador diz que em seis anos o impacto é reduzido. Porém, os grandes impactados são os bancos médios, com certa limitação da qualidade e quantidade de capital.”
 
A justificativa, do ponto de vista do especialista da KPMG, está no custo do capital com histórico baixo de rentabilidade. “quando eles (bancos médios) competem com os maiores, a rentabilidade é mais baixa, porque não tem estrutura de capital com captação com taxa interessante”, pontuou Anacleto.
 
O especialista não mencionou as instituições afetadas, mas disse que bancos com matriz estrangeira forte, como o holandês Rabobank e o Fidis, do Grupo Fiat, serão os menos afetados.
 
Outra mudança no cálculo do patrimônio de referência com o Basileia III virá na exclusão da base dos créditos fiscais e tributários, o que terá consequências nos grandes bancos públicos, pois são alavancados nessa carteira. “Ao comparar com nível internacional, com o padrão europeu, é bom, mas não é realidade. Hoje é um pouco ilusório com os créditos fiscais e tributários e quando comparado com lá fora pode cair bastante.”
 
Segundo Anacleto, o acordo não está fechado, pois novas discussões ocorrem. “Nos próximos meses a questão será o risco de liquidez, que é grande motivador dos problemas europeus. Virão mais coisas seguramente, como novos indicadores para gestão, com tendência à padronização.”
 
Analistas e investidores presentes na Apimec-SP do Bicbanco também questionaram a rentabilidade do banco nos últimos trimestres e a diversificação dos produtos para além do crédito no middle-market, ou empresas com faturamento anual de R$ 50 milhões a R$ 500 milhões.
 
Milton Bardini manteve o discurso de retomada em 2013. “faremos o possível para crescer, mas volume não é predominante, porque o ambiente [riscos] tem que ser aceitável.”
 
Ao fim do segundo trimestre de 2012, o Bicbanco reportou lucro líquido de R$ 26,4 milhões, queda de 60,54% contra 2011. O total de ativos chegou a R$ 17,781 bilhões e o índice de Basileia a 17,1%. Já a carteira de crédito atingiu R$ 12,103 bilhões, com caixa livre de R$ 3,149 bilhões.
 
Fonte: DCI/ Marcelle Gutierrez – 12/09/2012

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