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Os investidores que entraram na onda de compras de títulos de empresas podem descobrir que abandoná-los vai ser uma tarefa difícil, após mudanças na regulação terem tornado mais complicado vender os papéis. A tendência de alta no mercado de bônus empresariais vista desde o verão americano levou o retorno dos investidores para o maior nível em três anos, mas à medida que os preços começam a se estabilizar, crescem os receios de que se a maré virar, a queda poderá ser acentuada.
 
“Há uma crescente preocupação, agora, de que se tivermos fluxos de saída dos fundos de bônus, os mercados terão capacidade limitada de absorvê-lo”, disse Chris Huggins, administrador de carteiras na GLG Partners.
 
Antes da crise, os “dealers” na Europa e nos Estados Unidos detinham grandes volumes de bônus de empresas e, portanto, eram capazes de atuar como formadores de mercado, impulsionando a liquidez no secundário.
 
Depois da crise, no entanto, os intermediários diminuíram essa atuação de forma pronunciada, uma vez que a adoção de exigências de capital mais rigorosas do acordo da Basileia 3 tornou mais caro manter títulos em carteira, e a lei Volcker, ainda pendente, dificultou que os bancos americanos façam operações com seus próprios recursos.
 
Nos EUA, o volume de bônus empresariais com prazo superior a um ano em mãos de “dealers” caiu para o menor nível em dez anos, de US$ 37 bilhões, em comparação aos US$ 95 bilhões, em 2011, e US$ 230 bilhões, no pico, antes da crise financeira, de acordo com dados do Federal Reserve de Nova York.
 
Paralelamente, o volume semanal de negociação nos EUA recuou do pico de US$ 266 bilhões, em 2007, para uma média de US$ 90 bilhões neste ano. Isso apesar de o tamanho do mercado ter aumentado de US$ 2,5 trilhões para US$ 3,7 trilhões, segundo a Dealogic. O mercado mundial de títulos empresariais quase dobrou desde 2008, passando de US$ 5 trilhões para US$ 9,2 trilhões.
 
Esse cenário disparou o alerta dos grandes investidores. Em maio, para resolver a falta de liquidez, grandes gestores nos EUA convocaram os principais bancos de Wall Street para uma reunião de emergência, alertando para a volatilidade e o possível impacto na economia real caso o preço dos bônus caia muito e as empresas tenham dificuldade para captar.
 
“A diminuição do capital no sistema dos formadores de mercado amplia o risco de volatilidade”, afirmou Paul Watters, analista da S&P. “E em um mercado de bônus mais fragilizado como o europeu, de altos juros, isso reforça a tendência de que o mercado fique paralisado periodicamente.”
 
Em um mercado sólido, baixos volumes significam que os custos de operação para compradores e vendedores serão maiores. Em momentos de estresse, contudo, podem resultar em grandes perdas para investidores que precisam vender quando os “dealers” não estão lá para “formar” os mercados. “É quando os spreads aumentam e tudo está à venda que vemos a liquidez sofrer”, disse Jay Mueller, que administra carteiras na Wells Capital.
 
Há cada vez mais discussões entre os investidores sobre o problema de liquidez, em meio ao crescente receio de que a onda de alta iniciada no verão possa ter começado a perder força.
 
Na BlackRock, um importante ETF (fundo de índice) composto por bônus de empresas, por exemplo, teve um fluxo diário recorde de resgates neste mês, enquanto os preços no secundário caíram em relação a seus patamares recordes.
 
Nas últimas semanas, o rendimento dos títulos “junk” com classificações mais altas chegou a subir 17 pontos-base, para 5,4%, de acordo com o índice mundial de bônus empresariais do Barclays. No mês anterior, o rendimento havia recuado 25 pontos-base. O rendimento varia de forma inversa aos preços. Os bônus de maior risco normalmente são os mais voláteis e com menos liquidez.
 
Alguns analistas apontam o atual número de acordos com poucas cláusulas, na Europa e EUA como sinal de um mercado sem solidez. Outro é o retorno das notas conhecidas como PIK, que ficaram populares em 2007 e cujos juros são pagos no vencimento.
 
A operadora de serviços a cabo Com Hem lançou neste mês a primeira emissão de notas PIK da Europa em 2012. A Annington negocia o que deverá ser a maior emissão do ano de papéis desse tipo.
 
Tudo isso se segue a três meses de aumento nos preços dos bônus, depois de os bancos centrais na Europa e EUA terem levado os investidores a comprar os papéis, possibilitando que as empresas captassem pagando o menor juro médio da história, de 3,3%, de acordo com o índice mundial de bônus empresariais do Barclays.
 
“Achamos que [já] tivemos a maior parte da alta de curto prazo no mercado”, afirmou Charlie Kerr, que administra o fundo de bônus Newscape Strategic, que considera “cada vez mais espúrios” alguns dos acordos realizados no mercado. “Sob tais condições, preferimos estar fora do mercado, vendo quando entrar, a estar presos no mercado e desejando estar fora.”
 
Alguns analistas se perguntam se os investidores com apetite por altos rendimentos têm levado em conta o possível risco de liquidez. Com a lei Volcker ainda sendo preparada, existe o risco de que o papel dos “dealers” como formadores de mercado continue encolhendo.
 
Fonte: Valor Econômico/ Financial Times/ Michael Stothard/ Michael MacKenzie – 28/11/2012

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